Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

28
Abr14

Ucrânia, Europa - A nova tragédia eslava do Velho (in)Continente

shark

Se um dia, e o tempo passa a correr, na vizinha Espanha se instalasse (de novo) um poder fascista ou apenas expansionista que entendesse cobiçar o território português?

E se esse poder dispusesse de um arsenal nuclear e aproveitasse um momento conturbado, como por exemplo a destituição forçada de um governo daqueles que os povos são incentivados a derrubarem, para somar a Olivença mais umas generosas fatias aquém fronteira recorrendo para isso a violentos soldados mascarados?

E se da chamada comunidade internacional pouco mais viesse do que o apoio moral, sanções em pequena escala, devidamente balizado pelo peso castelhano em diversas economias de aliados potenciais e ficássemos, na prática, entregues a nós mesmos e com o poder em parte confiado a extremistas?

 

A caldeirada acima parece tão ficcionada como pareceria poucos anos atrás a qualquer cidadão ucraniano aquilo que está a acontecer no seu país, num tão Velho Continente que já se revela quase senil.

O exemplo da Ucrânia, olhado com relativa indiferença pelos restantes europeus (ainda que a nível institucional assim não pareça), é o mais recente exemplo do quanto a História nem sempre vira páginas de um mesmo capítulo. As surpresas, os aparentes impossíveis, explodem nos rostos incrédulos dos eternos optimistas (um clássico) como fruto dos contorcionismos a que mesmo numa democracia normal o poder se presta ou apenas como consequência de um desastre natural de maior dimensão.

É num instante que se esboroam os laços entre vizinhos, a estabilidade, a paz que julgamos sempre eterna e depois é o que se vê.

 

A montanha russa

 

Agora é a Ucrânia o epicentro de mais um tornado de acontecimentos que resultam em mudanças que produzem alterações radicais e, em última análise, destroem os equilíbrios precários entre nações ou entre regiões e instalam um inferno na vida de pessoas como nós.

A relevância dos enquadramentos históricos, das justificações de circunstância e de todas as patranhas que adornam este tipo de intervenções externas nos destinos de outrem (sim, as dos nossos aliados americanos cabem neste pacote) é quase nenhuma.

Importante é o facto de um povo europeu estar refém do espectro de uma guerra civil que seria o prelúdio de uma invasão anunciada por quem tenta dividir para reinar. Uma população deste mesmo continente que um dia quis domesticar o mundo inteiro, com a vida em risco, com o futuro comprometido, com a pátria por um fio.

 

A roleta ucraniana

 

É esse o aspecto que me parece sobrepor-se aos demais. Nenhum argumento cola para branquear a hostilidade russa ou a hipocrisia da UE e do grande polícia mundial que, oportunista, entendeu meter o bedelho onde nem a própria aliança a que pertencemos deveria ter intervido sem absoluta certeza dos passos a dar a seguir. No meio de um novo braço de ferro ao bom velho estilo da guerra que também se serve fria está mais uma nação a caminho de se ver tão devastada como quaisquer outras apanhadas no centro do furacão que se formou sem ninguém o prever.

É a população da Ucrânia quem sairá a perder, na ressaca do que julgava ser uma bonita revolução em defesa de um modo de vida que parece agradar à maioria mas foi votado diferente nas urnas que elegeram o presidente que entenderam depor.

 

E é esse para mim o único assunto que importa, o único interesse que urge salvaguardar.

Se o banho de sangue acontecer, a União Europeia que ladra alto em euros mas, pela debilidade da sua coordenação e mesmo da sua comunhão de interesses, não morde sem a anuência ou mesmo a intervenção do poderio militar norte-americano poderá tentar lavar as mãos como Pilatos mas nunca formatar a consciência colectiva que registará desta trapalhada, como a História, apenas mais um episódio triste na novela do seu processo de inevitável desagregação.

3 comentários

Comentar post

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2004
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Já lá estão?

Berço de Ouro

BERÇO DE OURO