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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

09
Out13

Em silêncio

shark

Palavras disparadas como rajadas de metralhadora. Palavras libertadas como se já estivessem curadas da demência de quem as deixou à solta lá fora, atiradas como pedras cuspidas por um calhau qualquer.

Palavras desperdiçadas como fogueiras ateadas minutos antes de um temporal.

 

Mesmo sendo todas boas, há palavras que fazem mal. 

15
Jan11

O MEIO OU O FACTO?

shark

Num tempo em que a Comunicação Social, ou uma sua importante fatia, perde credibilidade aos olhos de cada vez mais pessoas e na internet fenómenos como a blogosfera e as redes sociais se impõem aos poucos como fonte de informação alternativa coloca-se de forma cada vez mais premente uma questão que está longe de ser respondida behond any reasonable doubt: a credibilidade depende do suporte, do meio através do qual a informação é veiculada, ou antes do seu teor?

 

Parece pacífico, não é? De caras, a maioria de nós aponta para o suporte. Se passa nos jornais, na rádio ou na televisão é verdade com (quase) toda a certeza, mesmo que seja mentira. E se a informação nasce num blogue é provavelmente (quase certo) que deve ser mentira ou exagero, ainda que corresponda na íntegra à verdade dos factos, sobretudo se contrariar a versão oficial divulgada pelos media tradicionais.

Contudo, quando pensamos um pouco acerca do assunto as coisas não parecem tão claras como no impulso apriorístico...

 

Em causa está o rigor informativo. Ou seja, o reconhecimento generalizado da credibilidade de determinado suporte. E se antes da internet a questão era mais ou menos ponto assente e às pessoas bastava lograr a distinção entre bom e mau Jornalismo, a comparação fácil entre o Jornal do Incrível e um semanário como o Expresso, agora surgem em cena novas fontes de informação cada vez mais percepcionadas pelas pessoas como, pelo menos em parte, válidas enquanto opção a uma Comunicação Social sob diversas suspeitas, nomeadamente a do estatuto de refém dos profissionais relativamente aos colossos corporativos que dominam o seu mercado de trabalho, algo de que um amador independente não padece quando se propõe informar.

 

Bom senso ou senso comum?

 

E é aqui que se levanta a tal questão complicada: faz sentido tomarmos por garantida uma informação errada só porque é divulgada por um Órgão de Comunicação Social e duvidarmos de forma sistemática de uma verdade que provenha de um blogue ou no Twitter?

Não faz assim tanto, quando colocamos a coisa neste prisma, mesmo tendo em conta o perigo inerente à rédea solta de qualquer cidadão que bloga (e falo do perigo da desinformação como do perigo da informação “desaconselhável” - o Wikileaks, pois... - na sua influência determinante até para a estabilidade de regimes políticos e da própria organização social e da reacção das populações perante os factos que descredibilizam alguns poderes), por contraponto com a responsabilidade (teórica) de um jornalista acreditado ao serviço de uma publicação qualquer.

Mas depois recordamos o calibre de alguns estagiários capazes de picarem notícias na net sem sequer divulgarem a respectiva origem e reparamos que não são poucos os jornalistas a sério que recorrem a meios como a blogosfera e as redes sociais para fugirem a uma liberdade condicional (condicionada) de expressão que a simples necessidade de manutenção de um posto de trabalho pode implicar.

É aqui que se baralham as contas e o futuro se escreve com contornos menos definidos do que daria jeito aos vários poderes, sempre pragmáticos, no que respeita a quem irá vencer esta guerra de audiências em matéria informativa.

 

O problema é que às debilidades de uma internet que no Ocidente não se aceita controlada para lá do plano da responsabilidade civil, da sujeição aos mesmos princípios que regem as relações entre pessoas e instituições no mundo analógico e que, por exemplo, proíbem e condenam a difamação e a calúnia, tal como não se imagina filtrada seja de que forma for em termos de acreditação dos seus protagonistas (a tal história de uma blogosfera séria e de alguma forma reconhecida em termos institucionais e de uma outra só para “brincar”), correspondem as evidências de uma progressiva perda de isenção e até de rigor por parte de quem até hoje deteve o monopólio da informação em massa.

 

E é nesse crescente equilíbrio de forças que residem as maiores ameaças e interrogações, embora, paradoxalmente, se vislumbrem aí também as melhores oportunidades para um dos pilares mais sólidos de qualquer democracia como gostamos de a entender, a liberdade de expressão responsável (mas sem espartilhos de conveniência) que nos compete defender.

06
Dez10

A POSTA QUE FOI BOM PARA TI TAMBÉM

shark

Uma amiga arranjava o espaço, eu e um parceiro tratávamos da instalação eléctrica. Bola de espelhos, sequencial, psicadélicas, sirene e, last but not least, uma lâmpada de luz negra que foi um achado pessoal.

Era isso mais o som, sempre um problema, e as mães das amigas, ossos duros de roer.

Mas depois de instalada a festa no espaço, uma sala vazia antes e depois de horas bem vividas, tudo ganhava magia e em pouco tempo, mesmo sem abusar da cerveja, o grupo adolescente isolava-se do resto do mundo num tempo que era só nosso e onde (quase) tudo podia acontecer e ninguém permitia que acontecesse mal algum.


O respeito impunha-se pela amizade que nascia e crescia sem abalos de monta, mesmo os mais atrevidos lá fora adoptavam a prudência como conselheira e avançavam com pezinhos de lã, às vezes resultava e outras vezes ficavam a ver a sorte dos outros quando abriam os olhos a meio de um slow. Sem invejas ou ciumes, os sentimentos de posse não faziam sentido num tempo em que acordávamos acelerados com medo que o dia não bastasse para tudo quanto nos apetecia viver e vivíamos a correr, em busca do pretexto seguinte para aprendermos a ser crescidos, primeiro uns beijos na boca, depois as mãos à solta pelas peles ansiosas de sensações, mas ainda imunes a todos os estragos que depois descobrimos isso acabaria por implicar.

E depois a vida a impor outros caminhos, outros interesses que prenunciavam o surgimento das obrigações inerentes a quem já podia tirar a carta de condução. E depois a vida a tornar menos simples as emoções, a complicar quase tudo aquilo que nos parecia eterno ao som dos Ramones ou das sequências intermináveis de música para dançarmos encostados, para ficarmos emparelhados com a nossa aposta para a ocasião.

Às vezes sim e outras vezes não. Mas sem embaraços ou arrependimentos, sem tristezas ou mais do que ligeiras desilusões, equívocos que sorvíamos por entre o brilho especial de um olhar que não queria afinal dizer atracção mas apenas a vontade de prender a atenção de alguém, de conversar as coisas já feitas e as muitas mais que havia por fazer.

Sem outro sentimento que não aquela proximidade que nos arrastava cidade fora ou mesmo aos arredores para sermos meninas e meninos na fronteira que delimitava uma época de transição, à procura dos nossos limites, de glórias, de anseios, de desejo, de carinho, de sinais que desmentissem o medo de que a borbulha nascida com a manhã não nos tornasse ainda mais feios e desinteressantes do que nos sentíamos quando o corpo parecia desorientado, sem saber como crescer, e os pelos pioneiros da barba tão temida quanto ansiada brotavam na cara como outros cobriam aos poucos as zonas mais privadas que aquele tempo abria ao nosso apelo explorador a surgir.

O sexo apetecido e (a promessa d)o amor a seguir, na bebedeira da emoção.

 

Às vezes sim e outras vezes não.

18
Fev09

A POSTA NA GENTE MELHOR DO QUE EU SOU

shark

Se existe algo nas pessoas que me surpreende pela positiva é a sua capacidade para o perdão. São pessoas generosas, corajosas, as que conseguem fazer prevalecer os sentimentos positivos que nutrem por alguém. Mesmo quando a ofensa, o desleixo ou a pura indiferença lhes revela a diferença entre o seu sentir e o das pessoas que as desiludem avançam para a tentativa de reconciliação.

Não é fácil, nunca é fácil engolir o orgulho. O mesmo acontece com os desgostos que nos dão.

No mundo (social) em que vivemos, aquele que andamos todos a construir (?), a progressiva fragilidade dos laços entre as pessoas acaba por constituir o golpe de misericórdia nas hipóteses de dar a volta às situações desagradáveis.

E por isso se torna refrescante perceber que ainda existem pessoas assim.

 

Há quem as apelide de lorpas, de fracas, de dependentes ou de masoquistas. Chegam mesmo a ser pintadas como gente sem dignidade, sem coluna vertebral, submissas pela dependência de uma emoção ou apenas de uma qualquer ambição ou desejo que incida nas pessoas que as confrontam com verdadeiros insultos, agressões psicológicas (ou físicas até) que só o perdão consegue afastar do caminho futuro de qualquer tipo de ligação submetida a tais enxovalhos.

É injusto olhar assim quem revela a firmeza de carácter necessária para contornar os efeitos negativos com uma atitude conciliatória, com a segunda oportunidade que todos deveríamos merecer.

 

Quem me acompanha sabe que nunca escondi o meu desconforto pela falta de perdão que por norma é aplicada aos meus momentos menos bons. No mundo virtual somo exemplos de como passo de bestial a besta num ápice e nenhuma iniciativa da minha parte consegue lograr mais do que um acrescento de desprezo junto das pessoas de quem tentei reaproximar-me depois de, por minha culpa ou não, se ter verificado um desatino qualquer.

É frustrante, essa constatação porque acaba por me provar que palavras são palavras e emoções sérias só se podem entender nessa perspectiva quando enfrentam algum tipo de provação. É essa a prova dos nove para a solidez e o cariz genuíno dos sentimentos que qualquer um/a pode apregoar.

Isso torna-me particularmente sensível aos gestos de que outras pessoas são capazes, mesmo quando se deparam com factos bem mais complicados do que aqueles que posso invocar como sustento para os desabafos que, de resto, cada vez menos me permito aqui.

 

Dar os flancos é a expressão mais adequada para aplicar a quem ousa insistir em quem magoa e nem se digna pedir desculpa ou mesmo a recorrer a atenuantes (que sempre se conseguem providenciar), mesmo depois de evidenciada a culpa no cartório. É essa a prova de coragem (ou de desespero, nalguns casos) que distingo na força de quem se presta à insistência, por vezes sem olhar sequer aos danos colaterais que podem sobrevir quando quem nos é próximo não partilha da mesma generosidade na opinião.

Quem veste a pele da bonomia arrisca de imediato a crítica feroz dos que vêem as coisas numa óptica unilateral, somada às reacções extremadas que daí possam advir.

 

É mais um preço a pagar por essas pessoas que admiro mas jamais conseguirei imitar, como a vida me tem provado vezes sem conta. 

13
Abr08

ESCOLHAS FÁCEIS

shark

Quando somos crianças acreditamos que o tempo não passa e vida jamais se esgotará, uma noção que se vai perdendo ao longo dos anos enquanto aprendemos na morte dos outros a inevitabilidade do envelhecimento e do fim.

A vida só nos deixa percebê-la como uma espécie de funil da passagem do tempo quando atingimos a idade em que a parte mais estreita finalmente se revela e cada dia se valoriza de forma exponencial, como se obedecesse à lei da oferta e da procura num mercado qualquer.

 

É nessa altura que optamos: ou nos deixamos sufocar pelo aperto, cada vez mais paralisados, ou surfamos a descida deslizando na crista de uma onda baril.

 

03
Abr08

REENCONTROS

shark

De repente chegou o calor.

E com ele regressou o momento de revistar os bolsos dos casacos de inverno antes de os transferir para a morada de verão das traças e de, ao longo dessa tarefa cíclica, reencontrar todas as pequenas coisas dadas como perdidas naqueles dias em que tudo parecia correr mal.

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