A oposição de esquerda ao actual Executivo voltou a revelar enorme ingratidão e falta de sentido de Estado ao interpretar mal as declarações de Sua Excelência o Primeiro Ministro acerca dos inúmeros benefícios de que podem usufruir os desempregados deste país.
De resto, a esquerdalha (que só emporcalha as ideias geniais deste Governo Maravilha) vê-se mesmo que só sabe ser do contra e que se deixa mover pela dor de cotovelo por não ter na mão o controlo das rédeas deste puro-sangue selvagem que é Portugal e que nas visões pessimistas da oposição de esquerda não passará de uma pileca.
Já nem bato no ceguinho do consenso político que este constante desmancha-prazeirismo comuno-bloquista amarrota nas pontas, estragando de alguma forma o arranjinho para alemão ver. Avanço logo para o tratado de coerência implícito nas palavras do nosso jovem timoneiro, pois ninguém pode fazer de conta que não vê o empenho do PM e de toda a sua equipa em engrossar as fileiras da sua revolucionária versão do que afinal devem ser as novas oportunidades à maneira.
E é disso que se trata, pela boca de quem nos governa: o desemprego é uma janela de oportunidade ao alcance de todos (mas da qual, com enorme espírito de sacrifício e devoção à causa pública, os nossos generosos e abnegados governantes até abdicam).
Senão vejamos: o desemprego é um dos raros ofícios em contra-ciclo com a crise, pois aumentam as vagas para desempregados enquanto nas restantes ocupações diminuem. Além disso, o desempregado médio adquire uma panóplia imensa de conhecimentos e de experiências que lhe melhoram significativamente o desempenho pessoal. Com a vantagem, até ver, de ser uma função remunerada ao longo da vida inteira (de um exemplar adulto da ordem Ephemeropetra).
Por outro lado, um desempregado livra-se de despesas tão significativas como as quotas para o sindicato ou a comparticipação no seguro de saúde da empresa.
A poupança, ao fim de algum tempo no exercício da função, pode mesmo alargar-se a domínios tão amplos como à prestação do crédito à habitação (que não podia ser mais económica pois para os desempregados cedo ou tarde, com a intervenção da banca nesse particular, acaba por ficar de borla), ou mesmo à indumentária: depois de desempregada qualquer pessoa pode trajar informal e utilizar a roupa a partir daí disponível para partilhar o prazer de uma refeição com as traças, um piquenique no roupeiro que aproxima imenso a pessoa da natureza.
Agências de desemprego – o franshising do futuro
Os bafejados por esse estatuto tão em voga adquirem formação intensa em matérias importantes e com imensas saídas profissionais (a expressão não é a mais feliz neste contexto, eu sei...) como, por exemplo, a gestão financeira do caos. O desempregado é um técnico superior de gestão no vermelho, uma especialidade que irá abrir as portas ao desemprego em muitas empresas privadas e mesmo no sector público pelo excesso de oferta para a posição.
À experiência adquirida ao longo do tempo (que Sua Excelência o Primeiro Ministro tudo fará para prolongar) alia-se o bom aspecto de quem abraça uma existência saudável e ao ar livre (o ambiente é muito arejado sob o tabuleiro da maioria das pontes), bem como o traquejo para contornar desafios estimulantes e fora do alcance de quem prefira passar ao lado de uma grande carreira que só o desemprego proporciona.
Sua Excelência o Primeiro Ministro abriu com as suas declarações as portas a uma forma diferente de entender o desemprego, eliminando o estigma pelo efeito da proliferação pois até um gajo com emprego percebe que os estigmas aplicam-se sobretudo a realidades pequenas ou a grupos minoritários.
É essa a verdade que a oposição de esquerda não quer reconhecer nas sábias palavras de um homem que tudo tem feito para melhorar a imagem da Nação, nomeadamente junto dos credores, e até nesse esforço transmite o bom exemplo a seguir pelos nossos briosos desempregados, pobrezinhos mas honrados, que não devem alimentar o malparado a bem da saúde financeira de quem afinal faz girar o mundo com o dinamismo de uma russa (agora não me lembro se é uma montanha, uma roleta ou uma imigrante eslava em busca de um desemprego único no mundo como é, a partir de agora, o desemprego lusitano que, ponham os olhos nisto, é tão respeitado que o Governo fez questão de equiparar quando cortou em perfeita igualdade nos subsídios de férias como nos de desemprego.
E só agora, seus ingratos, se percebe o verdadeiro alcance de pérolas como o apoio tácito do PM à emigração por parte dos nossos jovens, visando criar uma maior quota de vagas disponíveis para futuros desempregados e, ainda antes do final da Legislatura, ultrapassar os próprios espanhóis na percentagem de felizardas e de felizardos com uma vida tão nova e a estrear como o apartamento ou o veículo penhorados para lhes garantir um ponto de partida perfeito, um início a partir do zero absoluto que assegura o crescimento a partir do primeiro cêntimo (ou escudo) de esmola!