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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

25
Set12

A POSTA QUE NINGUÉM VAI ESPERAR SENTADO

shark

Uma das motivações que me levaram a entrevistar o Dr. Mário Frota tempos atrás foi a de ser fácil adivinhar o quanto se multiplicariam, num contexto de crise, os desleixos e os abusos até por parte de empresas e de marcas insuspeitas (por construirem uma reputação baseada na alegada qualidade dos seus produtos ou serviços).

Curiosamente, vejo desenhar-se no horizonte comigo a protagonista, contracenando com uma dessas empresas com um ar publicitário muito chique mas sem produtos com qualidade e resistência a condizer, um filme típico dos que movem o meu ilustre entrevistado e a Associação que em boa hora criou.

 

Por enquanto é só um mau pressentimento, mas se for caso disso logo vos darei conta de mais um produto a evitar. E porquê.

20
Ago12

A POSTA NUMA FICÇÃO BUÉ DE UTÓPICA

shark

Como não me canso de referir, sou um apreciador de Ficção Científica desde tenra idade (na Idade da Pedra, mais coisa menos coisa). Gosto de perceber aquilo que preenche as expectativas dos visionários (na maioria dos casos, a FC aborda os amanhãs que disparam canhões de plasma e recorrem a transporte público de moléculas), como a ingenuidade da famosa série Espaço 1999 que previa uma colónia na Lua e afinal treze anos depois resta-nos a euforia de um laboratório com rodas na superfície marciana.

 

Os marcianos foram, de resto, os primeiros vizinhos imaginários predilectos dos autores de FC e o estereótipo mais duradouro de um ET ainda é a criatura pequena e cinzenta, com bracinhos e perninhas e uns olhos a lembrarem em simultâneo os de um ursinho de peluche e os de um tubarão bebé.

Marte assumiu, no lugar do nosso satélite natural (um rochedo seco e esburacado que nem foi preciso visitar para o descartar como habitação viável mesmo para os marcianos), o papel de palco para as primeiras conjecturas acerca da existência de vida noutro calhau que não o terceiro a contar de um sol que nem é dos mais impressionantes que hoje sabemos existirem por todo o lado que a vista telescópica alcança quando perscrutamos o céu.

 

Porém, o conceito de to bouldly go where no man as gone before (um plágio descarado dos Descobrimentos portugas) acabou por alargar o espaço abrangido pela imaginação dos criadores de FC e os marcianos tornaram-se desinteressantes perante as criaturas vagamente humanóides mas sempre calmeironas e a popular mistura homem/réptil sempre tão bem sucedida na inspiração de terror que a corrente mais pessimista, a do ET mau como facadas, com os instintos expansionistas de uma Rússia ou de uma China e armamento absolutamente devastador que ameaçavam com uma acção de despejo hostil os inquilinos desta esfera azul carregados de problemas de consciência pelo seu comportamento belicista.

De repente, a vida para lá da Terra adquiriu o colorido próprio da variedade possível em tanto Universo para explorar e os seres alienígenas pareciam provir de uma espécie de ilhas Galápagos da imaginação. Tivemos até um táxi nova-iorquino que se transformava (sim, um Transformer…) num ET de lata cheio de armamento para nos defender de outros veículos automóvel mutantes.

 

A agressividade dos extraterrestres da FC, num crescendo que acompanhava o passo dos receios que a Guerra Fria instigava nos autores, inspirou muitas versões de holocaustos possíveis com origem mais externa do que a Cortina de Ferro mas a perda de popularidade do Super-Homem e dos presidentes americanos a braços com os seus múltiplos vietnames foram confiando a cidadãos comuns a tarefa da defesa do planeta, sempre coadjuvados pelos marines que permitiam as continências aos heróis civis (sempre muito cinematográficas) e a exaltação do poderio militar que, com um arsenal diabólico de armas nucleares, passou a poder derrotar todo o tipo de invasor e respectiva tecnologia (como clássicos da estopada como o Independence Day tão bem ilustram) e ainda lavou mais branco a imagem nuclear com a eficácia atómica na luta contra a queda de meteoros do tamanho do Texas (que é maior que Hiroxima e Nagasaki juntas), no disparatado pseudo épico Armaggedon.

 

Mas nem só na quantidade e variedade dos seres de outro mundo ou nas motivações dos maus da fita a FC sofreu mutações. Outra alteração significativa dos tempos mais recentes foi a entrada em cena do pontapé na boca alienígena dado no feminino.

As heroínas capazes de enfrentarem monstros a sós mas com a mesma eficácia da melhor unidade militar vieram para ficar com a Sigourney Weaver à prova de aliens e já reúnem, em simultâneo, a capacidade de despejarem balas de metralhadora em seres de aspecto aracnídeo (mas com ares de serem construídos em peças de lego) com a inteligência superior à dos companheiros de luta masculinos.

É o caso de uma moça, Samantha Carter, que protagoniza um dos membros do SG-1, uma unidade militar terrestre que combate as tais peças de lego mais uns mistos de homem com réptil (uma tentação) e ainda arranja soluções para ET’s feitos de nevoeiro numa popular série do canal MOV que muitas horas já me consumiu.

A Sam é oficial da força aérea, preparada para o corpo a corpo contra os invasores das estrelas ou para o téte a téte cerebral com uma máquina xpto com uma válvula fundida que só a brilhante cientista guerreira consegue consertar.

E tem a vantagem (certamente alienígena, embora a série não esclareça) de ser casta e pura e nunca ceder aos impulsos machos do seu trio de parceiros no combate ao crime de quererem reduzir-nos a pó em cada novo episódio.

 

Mas o desafio mais sério colocado aos espectadores de Stargate SG-1 está em aceitar um McGyver (Richard Dean Anderson) mais entradote e que substitui os explosivos feitos com pastilha elástica pelos outros mais a sério e até é homem para destruir hordas de extraterrestres armados com coisas que disparam raios de luz equipado apenas com armas de fogo convencionais mas montes de certeiras e mais eficazes do que as fisgas improvisadas pelo jovem herói agora cinquentão que funciona como uma espécie de Francisco Louçã do grupo, ao ponto de abandonar de forma voluntária as cenas de acção nos últimos episódios da série, por manifesta incapacidade do público para vislumbrar a energia e a irreverência da juventude naquele olhar martirizado e no discurso desajustado, como é normal nos guiões de ficção cujos protagonistas e respectiva intervenção se arrastam por tempo demais.

31
Jul12

A POSTA NUM MÁRIO MUITO ENCRESPADO MAS SEMPRE DE PEQUENA VAGA

shark

Utilizar este extraordinário veículo de comunicação para difamar pessoas é algo de tão errado que nem se justifica tentar explicar porquê.

Porém, a liberdade de opinião permite-nos de forma legal destilar qualquer embirração pessoal, sobretudo quando a pessoa em causa personifica muito do que de errado encontramos em áreas sensíveis para qualquer país.

 

Um dos pilares da Democracia mais corroídos pelos males que nos afectam é a Comunicação Social, nomeadamente pela concentração em grandes grupos (o caso Murdoch deixa-nos conversados), pela falta de critério na selecção de prioridades noticiosas e, de uma forma geral, pelo desrespeito crescente que o Jornalismo fomenta com uma notória e progressiva perda de qualidade e, acima de tudo, de isenção.

É nesta última que encaixo o meu ódio de estimação, passe o exagero, por um indivíduo inenarrável que dá pelo nome de Mário Crespo.

 

Um jornalista deve ser objectivo, rigoroso, imparcial. Deve também saber o seu lugar quando no exercício da função, o da pessoa que noticia e não o centro das atenções. E deve ainda, quando exerce num meio de CS como a televisão, possuir uma boa imagem televisiva (tal como se evita locutores de rádio com problemas de dicção, não por discriminação mas por ser lógico e razoável).

O Mário Crespo falha em toda a linha.

Não é objectivo porque altera o eixo de gravidade da notícia em função do seu critério pessoal, enfatizando aquilo que entende relevante e não o que de facto é. Não é rigoroso porque investigação, confirmação de idoneidade das fontes ou da veracidade dos factos noticiados são tarefas que nem deve lembrar-se como se executam, ficando portanto à mercê do rigor de terceiros. Não é imparcial, de todo, e não esconde a hostilidade para com tudo o que mexe à esquerda da sua própria corrente ideológica que insiste em impor como barómetro da verdade que o Mário Crespo anseia anunciar como uma boa nova, a sua e por isso a mais acertada.

 

O Mário Crespo é um fulano com quem facilmente se embirra, nem que seja pela diferença de tratamento que sua alteza aplica aos entrevistados em função da sua simpatia pessoal ou da reverência tantas vezes excessiva mas sempre traída pelos apartes típicos de quem agarra o posto pela antiguidade e se acha montes de importante, um opinion maker de polichinelo a perder-se numa função que o impede de brilhar à altura da convicção firme que a postura alardeia.

É um fenómeno inexplicável da televisão em Portugal, uma espécie de Artur Albarran mas sem o carisma e o look necessários para ser apresentador de sucesso em programas de terceira categoria.

O Mário Crespo, e deixei de forma intencional para o fim este item da minha embirração pessoal com o individuo em causa, é feio e tem expressões faciais que acentuam essa sua característica, pelo que só mesmo o talento poderia justificar-lhe a carreira televisiva e esse eu nunca consegui distinguir por entre as doses maciças de lapsos, de excessos, de incorrecções e de lugares-comuns que brotam daquela figura quase sinistra.

 

Mas de todos os defeitos que lhe possa encontrar para poder sustentar a minha falta de apreço pela pessoa, vou sempre destacar o que ele representa de negativo num contexto em que o país precisa mais do que nunca de profissionais sérios, independentes e mais interessados nos factos dos outros do que no mal disfarçado esforço de promoção pessoal, em busca de uma notoriedade e de um estatuto que, no caso em apreço, nem mesmo a exposição mediática que muitos dispensávamos conseguirá algum dia granjear.

 

13
Jun12

A POSTA QUE JÁ ENJOA

shark

Como estamos a lidar com uma estatística muito favorável para um prognóstico, uma hipótese em duas, é de prever que em milhares de cretinos com bichos adivinhos, sejam polvos, vacas ou pardais de telhado, haja centenas que poderão reclamar o acerto no resultado do Portugal-Dinamarca.

Aliás, ainda com base na mesma garantia de apenas ter que acertar numa de duas alternativas, até haverá dezenas a poderem invocar o estatuto de vidente para o seu papagaio por ter comido primeiro a bolacha pintada com a bandeira do vencedor do Portugal-Holanda.

E mais, se logo à partida forem mesmo milhares os cretinos com bichos alegadamente adivinhos até pode, é mais difícil, mas pode haver um animal capaz de transcender qualquer ser humano nesse dom tão em voga nos dias que correm sem cromos como o Zandinga para substituírem os bichos dos macacos amestrados pela sede de projecção e escolher a guloseima certa até ao jogo final.

 

Claro que não faltarão municípios interessados em ver surgir no seu concelho uma galinha visionária ou mesmo um porco ciclista, pois já toda a gente percebeu que os holofotes dos quinze minutos de fama apontam de imediato para onde os milagres possam acontecer, de preferência em directo e em exclusivo mas nunca de surpresa para poderem afinar agulhas com um patrocinador.

É no fundo o síndrome do emplastro, com a vantagem de o bicho poder servir de pretexto para a gula do dono pelas câmaras, que sempre se revela quando a ocasião justifica e nada mais à mão do que um Europeu de futebol quando ainda está fresca a memória dos tentáculos saudosos do pioneiro alemão deste folclore dos segundos planos.

De repente lá começam os noticiários mais os programas desportivos habituais mais os programas desportivos especiais na sua busca incessante do bruxo genuíno, torcendo para que não seja uma barata, uma cascavel ou mesmo um crocodilo. Até um urso de peluche serviria, se o vento o inclinasse para o lado da bandeira da selecção vencedora.

 

Esta faceta pitoresca do entusiasmo futeboleiro não é diferente de muitos outros estratagemas a que o anónimo sem jeito nenhum seja para o que for recorre para chamar a si a atenção imbecil dos caça-palermas que trabalham nos media, tanto pode ser barricar-se num apartamento de Chelas gritando que tem uma bomba quase a ferver no interior do micro-ondas como aproveitar o sucesso da filha pimba num programa televisivo inenarrável mas muito popular entre as massas devoradoras de tudo quanto acontece nas capas das revistas ou nos ecrãs (e cada vez mais nos monitores).

De cada vez que acontece algum evento capaz de congregar multidões ou de encaixar num espaço do tempo mediático as referências de que toda a gente quer estar a par, lá teremos centenas ou milhares de cidadãos convictos do seu direito ou mesmo do seu mérito para justificar nem que seja metade do rosto apanhado na borda da fotografia a um famoso qualquer.

 

Naturalmente, os cidadãos anónimos e sem jeito para seja o que for terão que disputar com outros cidadãos, igualmente anónimos mas com um talento especial qualquer, a atenção de quem forja famas e fabrica fortunas. É aí que entra a bicharada, como poderia entrar a tia acamada há muitos anos em coma profundo e que de repente acorda e alguém se lembra de ligar para uma televisão ou um jornal. São testas de ferro perfeitos para os seus porta-voz de circunstância que assim recolhem os louros da atenção sem os espinhos da necessidade de produzir, de fazer ou de dizer algo de suficientemente relevante para se transformar num momento de grande informação.

Já toda a gente sabe que não precisa de esforçar-se mais do que o necessário para se encaixar no critério de selecção dos chouriços com que se enchem páginas de publicações ou minutos de emissão, apenas pela esperteza de estar associado a uma figura de uma moda suficientemente duradoura ou apenas oportuna.

 

É no oportunismo que está o segredo desta receita magnífica para confeccionar enchidos que contrabalancem os horrores do quotidiano ou vão ocupando o espaço deixado vazio pela ausência de factos ou de pessoas dignas de o ocuparem ou apenas pela negligência grosseira daqueles a quem essa tarefa deveria competir. Mas preferem percorrer o país em busca do ornitorrinco capaz de adivinhar o resultado de um jogo decisivo de futebol.

E eu, o camelo do espectador, fico pelo menos a saber que a situação do país, a crise marada, não é assim tão desesperada porque afinal, seja na Amareleja ou nos arredores de Vila Real, existe um português capaz de ser dono de um bicho capaz de adivinhar pela simples consulta do menu o final de uma história tão mal jogada que até parece que o Cristiano Ronaldo vai nu.

17
Abr12

A POSTA QUE NO MÍNIMO FAÇO UMAS CÁBULAS

shark

Era um casal desavindo e um dia discutiram e o marido atirou a matar, porque lhe acertou no pescoço, mas falhou a intenção e acabou numa prisão por oito anos que já cumpriu.

A pena dela pelo desacerto na escolha de companheiro foi outro tipo de prisão, uma cadeira de rodas, mas para a vida inteira.

 

Agora ela, a vítima, encontra-se completamente à mercê do agressor e de um seu eventual milagre da regeneração ética e da reinserção social que, surpresa, nunca pagou a indemnização estipulada pelo tribunal.

Agora ela, a vítima, anda a recolher donativos para uma cadeira de rodas eléctrica enquanto o advogado residente do programa explica como ela poderia e deveria reclamar isto mais aquilo a que tem direito pela Justiça, logo a seguir à explicação detalhada da impotência do sistema para proteger as vítimas sem existirem indícios claros da ameaça.

Ou seja, sem acontecer o pior.

 

E então ela, a vítima, ali esteve, num programa da manhã da RTP1, a tentar o trampolim mediático para a generosidade de sofá, obrigada a assistir à aprendizagem dos outros, ingénuos, acerca da vulnerabilidade absoluta a que o Estado, a Justiça, nós todos, condenamos quem tenha a desdita de vestir a pele do agredido e não a do agressor.

 

A mim calhou ver a coisa assim de raspão.

E recuso-me a interiorizar essa lição.

01
Abr12

TV AMNÉSIA

shark

A memória colectiva pode revelar-se curta em muitos aspectos, à semelhança do que acontece na reacção comum dos indívíduos que a compõem, sobretudo quando o assunto é unanimemente repulsivo ou apenas algo embaraçoso.

O embaraço até pode ser ligeiro, ah e tal isso já foi há muito tempo e as coisas eram diferentes nessa altura e coiso, mas nota-se o desconforto com que todos encaramos as piruetas que a vida acaba por a todos nos obrigar. Nem que seja pelo efeito do progresso, como é o caso da mudança radical de atitude perante o custo a suportar pelo acesso às emissões de televisão.

 

É preciso já ter virado muitos frangos para lembrar esses dias, tantos que haverá quem até questione a verdade dos factos como eu e muitos outros os vivemos. Todavia, no meu mundo de classe média-baixa existiam mais terrores para lá da pide e da miséria que grassava em bairros da lata que se encontravam ao virar da esquina, na periferia e até no perímetro da capital.

Um desses terrores, ainda mais profundo do que o dos traficantes de droga que a ofereciam em rebuçados para conquistarem novos mercados, era o das alegadas brigadas de detecção de televisores sem a taxa em dia.

Essas brigadas que nós, putos de então, temíamos por tabela eram unidades móveis que se dizia estarem equipadas com sofisticados aparelhos que apanhavam umas ondas quaisquer emitidas pelos televisores em funcionamento.

E o povo acreditava tanto nos equipamentos xpto como na capacidade de manter registos de todos os lares com a taxa em dia numa altura em que os computadores em Portugal só faziam parte das séries de ficção científica.

 

A verdade dos factos, a tal que pode perturbar os mais sensíveis à incoerência que a passagem do tempo tantas vezes nos impõe, é que bastava o boato de que andava nas redondezas um carro suspeito com uma antena mirabolante (parte do tal detector ultrasónico de corrida) e a malta por taxar, a esmagadora maioria, corria às salas de estar e jantar para desligarem a televisão, em pânico não sei se pela dimensão da multa se pelo estigma do prevaricador.

O povo temia ainda mais a fama de incumpridor, susceptível de evocar algum tipo de rebeldia, do que a martelada de uma coima que para justificar tanta miúfa deveria ser ainda mais astronómica do que a viatura marciana com a antena parecida com um radar.

 

A parte chata de reavivar estas lembranças do jurássico é a da malta que nesses dias fugia aos inspectores da taxa poder ser a mesma que hoje acolhe de forma voluntária os delegados comerciais dos diferentes operadores na guerra da televisão por cabo para escolher a tarifa mais adequada às suas necessidades de consumo televisivo pago em nada suaves prestações mensais e que, mesmo com juros e correcção monetária, fariam corar de vergonha os que não conseguiram convencer os telespectadores a pagarem uma quantia quase simbólica para sustentarem o serviço público.

 

E de caminho sempre tínhamos ajudado a pagar as tais sofisticadas máquinas imaginárias com faro televisivo que hoje dariam um jeitão aos nabos que instalaram o pandemónio no controlo de audiências...

01
Ago11

A POSTA NUMA SÉRIE DE TRÊS

shark

Se há coisa que o quotidiano marado a fervilhar de gente meia tola traz de novo aos apreciadores da Ficção Científica como eu é a maior facilidade de adaptação aos ambientes alienígenas.

Por isso mesmo acompanho três séries de FC com o dedo do McGiver (Richard Dean Anderson, um cromo porreiro) que protagoniza a primeira (Stargate SG1) e faz uma perninha aqui e além nas outras duas (Stargate Atlantis e Stargate Universe) sem estranhar qualquer bizarria extraterrestre.

 

Um dos aspectos mais apelativos desta trilogia é o requinte na concepção dos inimigos que os terráqueos enfrentam em qualquer dos três cenários.

O tal stargate que dá nome às séries é um dispositivo que permite viajar entre planetas sem necessidade de meio de transporte, a malta entra no que parece água no interior de um anel de pedra ou de metal e segundos depois sai por um outro anel situado num planeta e até numa galáxia distante. E é aí que dão de caras com os maus, sempre refinados filhos da mãe com poderes xpto. Eu passo a resumir, só para vocês apanharem a essência da coisa.

 

Temos o primeiro dos inimigos, uma criatura parecida com uma serpente mas com umas pernitas que lhe permitem introduzir-se nos hospedeiros, os humanos espalhados pelo universo por antigos habitantes com ligações egípcias (até as naves deles são pequenas pirâmides), e transformarem-nos numa espécie de escravos de um mauzão pior do que os outros.

Como se isto fosse ameaça menor para um planeta tão pacato como a Terra, a esses maus sucedem-se uns evangelizadores à bruta que tratam os humanos como os espanhóis trataram os Aztecas quando não aceitam a sua fé. Esses evangelizadores possuem, como é óbvio, poderes imensos e controlam as cabeças fracas da malta sem precisarem de se enfiarem no seu interior.

E ainda temos no SG1 os replicadores que, como o nome indica, multiplicam-se como coelhos. Só que são máquinas, parecem enormes aranhas de metal e isso causa enorme transtorno aos heróis da série: o McGiver, mas numa versão mais metralhadora e menos pastilha elástica chamado Jack O´Neill, um antropólogo e linguista que com tanto tiroteio se transforma aos poucos num fuzileiro com mestrado (Dr. Daniel Jackson), uma cientista que até é oficial da Força Aérea e por isso é tão boa na porrada como na inteligência brilhante e até é loura (Samantha Carter) e, para completar o quarteto de bons mais a boa, temos um dissidente do inimigo original (dos tais com réptil embutido) que fala pouco mas é grande como dois e dá um jeitão quando há sarilhos nos tascos interplanetários que eles vão conhecendo ao longo dos seus passeios pelos anéis.

 

Já a Stargate Atlantis reúne um lote diferente de heróis e desenrola-se a partir de uma colónia de exploradores que são enviados pelo tal anel mágico, só com bilhete de ida, para a cidade perdida da mitologia terrestre.

Os inimigos nessa série são igualmente muito maus. Trata-se de uma espécie mutante, uns insectos que de tanto se alimentarem de humanos acabam por ficar parecidos com eles, a falarem inglês e tudo. O problema é que continuam a alimentar-se de humanos e fazem-no de uma maneira que não lembra ao escaravelho: espetam as unharras no peito das pessoas e sugam-lhes anos de vida até a vítima ultrapassar o prazo de validade.

Ainda por cima os melgas dos maus possuem capacidade de se auto regenerarem e mais facilmente morreriam com uma boa borrifadela de baygon naqueles focinhos do que a tiro.

Mas pronto, a equipa da Atlântida lá vai dando a volta aos bichos das mais variadas formas.

 

Finalmente temos outro grupo de terráqueos, o da Stargate Universe, que se vêem a bordo de uma nave espacial com piloto automático sem poderem regressar à Terra.

As peripécias deste grupo nómada vão acontecendo quando param nos planetas para esticarem as pernitas enquanto a nave dos Antigos (os antigos habitantes da Atlântida) não parte para outra estrela (onde se abastece de combustível, assim numa visão futura dos carregadores dos carros eléctricos que andam a ser instalados em Portugal) ou para outro planeta com anel (o tal stargate) instalado.

Os maus, neste caso, tanto podem ser humanos desviados do bom caminho por alguma necessidade ou ambição como podem ser naves de guerra não tripuladas e programadas para destruírem toda a tecnologia diferente da sua, remanescentes da aniquilação total de duas facções em disputa.

 

Para mais pormenores, é procurarem na Zon o canal MOV ao final da tarde e assistirem a um episódio de qualquer das três séries, todas elas giras de acompanhar e sem nada de suficientemente estranho nos comportamentos da malta e mesmo dos maus para o telespectador comum se sentir desajustado.

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