A posta na excelência camuflada
Sempre que algo no país funciona menos bem, a tendência corrente é para culpar "os portugueses" no seu todo, numa espécie de atestado de incompetência generalizado em matéria de capacidade e de desempenho.
Contudo, sempre que nos é exigido o melhor damos ainda mais. Basta acreditarmos no objectivo e respeitarmos a liderança. Os resultados obtidos no processo de vacinação a partir da entrada em cena do Contra Almirante Gouveia e Melo ilustram isso mesmo, na perfeição.
Os dias da bagunça ameaçaram tornar-se no maior aliado dos negacionistas, dos anti vacinas que, dessa forma, puderam descredibilizar as vacinas e ainda acrescentar a desconfiança em todo o processo e nos respectivos responsáveis. Era mais um exemplo da tal alegada incapacidade tuga para se organizar, para se disciplinar, para conceber e aplicar métodos eficazes seja no que for.
O desempenho das nossas gentes no estrangeiro é reconhecido como notável, sob qualquer perspectiva e desde a execução de funções de limpeza, passando pela arte e pelo desporto, até ao mais alto nível académico. Louvam-se os méritos portugueses em todos os cargos de responsabilidade pelo quais passaram. E depois, em Portugal, parece existirem outras pessoas, sistematicamente depreciadas pelos seus conterrâneos e descrentes em si mesmas, nos outros e no próprio país.
Gouveia e Melo, pelos traços de carácter e pela disciplina intrínseca do raciocínio militar, está a fazer o que é preciso para extrair da nossa população o que ela tem de melhor. Liderança forte, imposta pelo acerto nas decisões, pela firmeza nas posições e pelos resultados práticos que não tardaram.
Devidamente organizados, com a consciência do seu papel no funcionamento global de uma estrutura e com objectivos traçados para cumprir, tem dado gosto assistir a todo o processo de vacinação e enche-nos de vaidade o esmero com que o país está a tratar da nossa protecção. Sim, muito acima do que tantos países "tão melhores" do que o nosso se têm mostrado capazes.
A bagunça a que o coordenador pôs termo, sem agitação ou alarido, quase de um dia para o outro, era o tal país disfuncional de que nos queixamos. A organização quase imaculada, a estratégia que designou e esquematizou, são o país que mostramos lá fora quando puxamos pelos brios que nos fazem querer provar-nos tão bons ou melhores do que os outros e nos enchem a boca de orgulho quando falamos de Portugal.
É essa, no fundo, a receita ganhadora para virar do avesso o nosso país a partir de dentro. Com os que cá estamos, com os que vejam criadas as condições para que possam regressar e fazerem tão bem ou melhor pelo nosso o que fazem nos países dos outros, com os de fora que entendam este pedaço de paraíso como uma Pátria a abraçar.
Liderança respeitada e reconhecida, planeamento e organização, objectivos audazes e nenhuma margem de manobra para quem os tente boicotar de alguma forma, por interesses individuais ou de pequenos feudos perniciosos. Orgulho no papel individual na construção de um projecto colectivo que a todos sirva, vontade de mostrar ao mundo do que somos capazes quando arregaçamos as mangas e confiamos no que e em quem nos manda fazer.
É essa, no fundo, a mensagem transmitida pela actuação de quem, no SNS e sob pressão esmagadora, tanto tem brilhado, como noutros sectores vitais que não nos falharam em plena pandemia, como no que de simbólico restará no rasto deixado, no legado que o Contra Almirante nos prepara, para aprendermos o que exigir a quem confiamos a responsabilidade de nos liderar.
Ninguém nos agarra.