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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

03
Ago16

Sem marcas de travagem

shark

Ias na boa, pela vida fora, sempre a direito, mais curva, menos curva. Velocidade de cruzeiro, dentro dos limites que te impõem porque se calhar não sabes tomar conta de ti. E dos outros que podes arrastar nos teus despistes.

Estavas a atinar. Seguias o caminho sem te meteres em atalhos. Sem arriscares os becos sem saída no final das estradas que levam a lado nenhum, atento aos sinais, certinho mapa fora, sempre nas linhas traçadas por quem já lá chegou. Porque se calhar perdias-te, vida complicada, cheia de desvios, percalços e tentações. E os outros que podem desencaminhar-te para as vias secundárias, tresmalhados do rebanho imobilizado no meio do trânsito medonho da vida como dizem dever ser.

Sempre com o pé em alerta, em permanente carícia ao pedal do travão. E a aceleração controlada, a vida tem vigilância instalada para caçar os mais apressados, aqueles endiabrados corredores que não respeitam as regras da circulação adequada numa vida como dizem dever ser percorrida desde o ponto de partida até outro ponto qualquer.

Na boa, vida adentro, sempre a direito por onde for permitido pelo código seguido por todos e por um. E esse és tu, cumpridor, olhos bem abertos à sinalização vertical mais os traços contínuos que são as linhas que nem podes pisar, sempre a direito pelo troço mais recomendado para atingir um objectivo volante, uma miragem circulante parecida com uma cenoura motorizada. Um ponto de chegada repleto de reticências e de interrogações.

Na vida a circular, no eterno retorno ao caminho mais indicado para chegar a algum lado, sem saber onde nem porquê. O pára-arranca forçado, a ilusão de mudança que afinal está sempre engatada na mesma posição.

Distraem-te estas congeminações quando te confronta pouco adiante uma inesperada bifurcação. Abrandas a passada para tomares a decisão mais acertada, pela esquerda ou pela direita, por ali ou por além, rejeitas o impulso instintivo de seguires por onde te apetecer porque a vida como dizem ser está reflectida nas indicações de terceiros, nas opiniões prioritárias de quem já por ali passou.

 

Ninguém buzinou para te avisar da traseirada, tinhas a vida quase parada e ignoraste as lições reflectidas nas suas memórias do espelho retrovisor.

Já estavas com o pé no acelerador quando se produziu a ocorrência. Tinhas decidido arriscar uma abordagem diferente, uma escolha inconsciente e desprovida de orientação, pela tua própria cabeça, pelo teu próprio coração, estrada fora até ver.

De mãos na cabeça pelo que sentes como uma injustiça, questionas a vida: não fazes sentido algum e isto prova que tenho toda a razão!

E ela, de passagem, sussurra-te:

Esqueceste-te de ligar o pisca, cabrão…

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