São sombras
São sombras. Projectadas numa das paredes de um espaço hermético para distraírem a solidão, desenhadas por artistas da ilusão que vivem dos olhares alheios que lhes mitigam a sede de um protagonismo qualquer.
Histórias mal contadas, sombras de homem ou de mulher, disfarçadas de coisas a sério numa vida de realidades magoadas sem querer, porque tudo o que se faz de errado era só a brincar e cada sombra mal definida é apenas a culpa solteira de uma má interpretação.
Esboços grosseiros de uma representação na feira das vaidades escondidas nas entrelinhas de um argumento para o filme a preto e branco de sombras que não conhecem a cor e parasitam os arco-íris na ingenuidade da imaginação.
São sombras. Camufladas em paredes mal pintadas, reféns da escuridão.