O homem que foi visto à distância
Viu o homem à distância, nadando em alto mar sem rumo certo. Parecia procurar a costa de uma ilha deserta imaginária, nadando como se fosse possível alcançar algo naquele azul esverdeado sem fim que a vista lúcida vislumbrava.
Mas no olhar daquele homem brilhava apenas uma esperança insana, uma fé postiça, uma espécie de loucura mascarada de outra coisa qualquer. Via-o com nitidez, a cabeça mais os braços e o constante chapinhar de quem nada por nada ter a perder.
De repente viu o homem desaparecer. Levantara ambos os braços, desistente, como se de repente algo o tivesse arrancado daquela fantasia que ele nadava enquanto vivia na ilusão de alcançar o infinito impossível.
Deixou-se afogar, permitiu-se desertar do sonho interrompido à bruta por uma vaga imensa de lucidez.