Numa palavra só
Por quem te tomas?
Onde vais tu buscar essa ilusão de relevância? Às palavras que julgas saber transformar em algo de significativo quando afinal só tu as acreditas assim?
Explica-me devagar porque para mim é um mistério por desvendar, essa tua certeza. Os factos estão à vista, não passas de um contrabandista de emoções em segunda mão. Armado em poeta para imitares os verdadeiros e especiais, com as tuas palavras normais arrumadas de forma vulgar, convicto de que irás angariar alguma espécie de atenção daquela que sempre dão a quem é de facto importante.
Julgas-te relevante e não entendes algo de tão simples como as reacções que não suscitas, os corações que não agitas com a tua escrita boçal.
Por quem te tomas? Por alguém da elite intelectual, capaz de prender a atenção de quem valoriza a inteligência? Mas tu não tens consciência do quanto é patética essa ilusão? Não consegues encarar a realidade, persistes nessa ridícula vaidade e alimentas esperanças imbecis. Nem sentido de humor à altura das pessoas que preferem a juventude brincalhona à postura cinzentona das tuas piadas grisalhas consegues reunir.
Não passas de um verbo de encher e julgas-te um poço de predicados, fantasias olhares apaixonados na merda das palavras que deixas ao pó.
Defino-te numa palavra só.
Tristeza…