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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

06
Mar15

Muito para além de ti

shark

Um nome.

Duas datas.

Um espaço em branco.

 

E o silêncio em redor de tudo aquilo, como se fosse preciso calar a vida para lá dos muros bem altos que o cercavam agora.

Muros brancos, muros limpos de palavras, silenciosos eles também como guardiães de um território que era terra de ninguém quando a noite aparecia e fechavam os portões à vida que os visitava, os nomes, as datas e os espaços em branco que durante o dia muitas pessoas tentavam ali preencher, com lágrimas, com sorrisos, com memórias, com emoções que eram histórias por contar.

 

Um nome.

Duas datas.

 

A pessoa arquivada no ficheiro terminal, o dia do início da caminhada mais o dia da transição final. Ou talvez não. E entre esses dias toda uma vida que é agora o espaço em branco entre datas que contraria a escuridão que a saudade obriga a pintar.

Mas cada lembrança é um pedaço de cor, um conjunto de palavras que podem ser gravadas na pedra com o cinzel da imaginação.

Histórias de vida com nome e com rosto, lágrimas e sorrisos, memórias e emoções acontecidas lá fora, para lá daqueles muros brancos que a noite escurecia como se a luz tivesse naquele lugar o mesmo efeito perturbador que o som.

 

Um nome.

  

Escrito com tinta preta mesmo por cima do espaço (em) branco onde ninguém conseguiu resumir tudo aquilo que se passou com aquela pessoa entre as duas datas que a identificam enquanto pedaço de tempo com um princípio e com, talvez, um fim.

O amor que lhe dedicaram, os ódios que inspirou. Tudo aquilo que se passou entre datas, experimentado por quem lembra e por quem já possua também duas datas depois do nome e de um espaço por preencher com o desgosto de uma mulher ou de um homem esmagados com o fardo de resumir o que aquela pessoa valeu, tudo ou nada, agora que se perdeu, num espaço reduzido que não serve o propósito quando a pessoa em vida se agigantou entre a data que marcou o início da jornada e a data em que acabou a estrada que aquela existência percorria.

 

E para contar a sua história, um só livro não bastaria.

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