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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

24
Set21

Anormalidade Possível

shark

Gente com máscara, gente sem ela. Alguns abraços, dois beijinhos até. Aqui e além, como dantes se fazia. O vento a apagar a pandemia como um nome escrito na areia, mesmo à mão da ligeira rebentação das vagas ideias desconfortáveis.

Já passou. Cada vez mais gente acredita, cada vez menos gente ainda hesita em ceder à tentação da esperança ou apenas à saturação das novas regras que um novo medo implicou. Já lá vai, o pensamento optimista ou a presunção negacionista assim o reclamam. Ou apenas por muita gente estar farta, cansada de enfrentar a ameaça invisível que tanto nos afastou.

Mas isso era dantes, há ano e meio ou por volta do Natal. Agora acabou, com quase toda a gente vacinada no lado do mundo onde a realidade acontece assim, como que por magia. Não é, de todo, uma fantasia acreditar que o bicho irá migrar para onde não têm hipóteses de açambarcarem a sobrevivência. E depois fica lá, quietinho, do lado de fora de um muro imaginário que nos separa daquelas e daqueles que a reacção mundial à pandemia desnudou na condição de menos importantes, de dispensáveis. Como os que morreram do lado de dentro e tanta gente minimizou enquanto preocupação. Por serem velhos, por serem doentes e, agora que acabou (como parece), mas ainda mata, por serem tão poucas e tão poucos por comparação com quem sobrevive e ainda pode arriscar o contágio porque se acredita imune, quiçá imortal.

Abraça-se o novo normal, cada vez mais parecido com o anterior. Sem medos, com determinação. Uma nova forma de loucura estampada no olhar, menos evidente pela máscara que caiu e deixou o sorriso em liberdade para contracenar com o dito olhar protagonista, espelho de cada alma perturbada pelo cagaço que a Humanidade de cima apanhou e a de baixo aguarda impotente. O resto segue adiante, cheio de confiança que o poder político preferiu alimentar desde que pessoas a morrer só é grave quando fazem notícia. Para poder virar a cara a hipotéticas consequências, pois o povo é quem mais ordena e o povo mais ruidoso é aquele que ordena mais.

Munidos de megafones, vamos exigir todas as liberdades possíveis, mesmo as que nos possam condenar. Vamos para a rua gritar a nossa fúria contra o Estado repressor e autoritário, antes que as coisas se descomponham e regressemos às janelas para aplaudir quem cuida de entubar pessoas mais azaradas, ou simplesmente mais assanhadas na luta pelo direito à insanidade quando a dura realidade é demasiado agreste para tolerar. 

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