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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

27
Jun08

MAIS SEIS TONELADAS DE SERRADURA...

shark

...Para os olhos de quem se deixa impressionar pelos números destas apreensões levadas a cabo pelas nossas diligentes polícias.

Se para a maioria das pessoas, ignorantes acerca das diferenças entre drogas duras e drogas leves, estas operações tão mediáticas podem constituir um sinal inequívoco da eficácia das nossas autoridades, para mim não passam de cosmética para disfarçar a falta de meios e de vontade política para combater o narcotráfico a sério.

 

O tráfico de haxixe é ilegal e entende-se que as autoridades exerçam o seu efeito disuasor, mas é preciso ter em conta que não existe paralelo entre o pesadelo associado às chamadas drogas duras (cocaína, heroína) e o quanto elas tomam por reféns países inteiros e o que deriva das substâncias derivadas da canabis.

É como comparar uma constipação com um cancro, perdoem-me a imagem...

 

Sejamos claros: se a ilegalidade é, na prática, a mesma, as consequências sociais, económicas e mesmo políticas dos tráficos em causa são incomparáveis e só não sabe quem não conviveu de perto com os dois lados da questão.

E esse não é o caso dos agentes da autoridade, que saberão tão bem como eu não ser possível medir o real valor da apreensão em quilos mas sim em euros, tal como sabem não ser exactamente o mesmo desmantelar uma rede de traficantes constituida por pescadores, canalizadores, cidadãos comuns, e uma outra onde constam proprietários de Ferraris e de mansões.

 

É preciso ter em conta as reais dimensões do feito e o quanto a sociedade sai ganhadora do mesmo, para podermos todos assumir com frontalidade se o ganho resultante não sabe a pouco perante a impunidade de quem se movimenta nos mais altos cifrões da economia paralela. E se os portugueses não prefeririam ver o esforço, a concentração e os meios investidos no crime que efectivamente nos lesa em vez de apontarem para a vitória fácil sobre as redes de traficantes amadores.

 

Estas apreensões "prá balança" e consequentes detenções de arraia miúda no contexto do fenómeno em causa apenas servem os interesses políticos de quem dá a cara pela luta contra o crime.

Pouco ou nada beneficiam os cidadãos que as custeiam com os seus impostos para, na prática, apenas abrirem caminho para a substituição dos zé-ninguéns que traficam drogas que não matam por outros, mais atentos, mais sofisticados, que aproveitam os seus circuitos montados para as drogas que viciam e matam e onde é fácil albergar estes valores residuais que as rotas do haxixe representam.

 

Por muito que componham as parangonas.

8 comentários

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    ângela 27.06.2008

    Fazemos o quê, então?
    Legaliza-se tudo e depois todos nós (os viciados e os não viciados) pagamos as consequências do vício alheio?
    Pagamos recuperações e afins?
    Se há coisa que me irrita é a conversa do "são uns coitadinhos".
    Não são.
    São pessoas, supostamente racionais, capazes, no gozo de todos os direitos e, por isso mesmo, com obrigações para com a sociedade, nomeadamente, o saberem comportar-se como pessoas.
    Mas, na verdade, deixam de o ser (pessoas). Dão problemas aos que estão à volta deles e a eles próprios.
    São os furtos, os roubos, os medos, as pedradas, eles, as famílias e os amigos e outros, que são arrastados para situações que seriam facilmente evitadas.
    Bastava pensar um bocadinho. Só um bocadinho.
    Aquilo causa dependência física. Toda a gente sabe.
    E mesmo assim...
    Depois temos a recuperação. Os programas, as clínicas, os tratamentos maravilha.
    E a fortuna que circula pelo meio, os lóbis que se fazem.
    Quando teria sido tão simples.
    Bastava ter pensado um bocadinho.
    Exemplos é o que não falta.
    Posso um dia levar um grande murro no estômago por causa desta minha intolerância para com o assunto, mas, talvez por ter visto tanta gente a meter-se nesta merda consciente de que era merda e ter visto que não foram os únicos a sofrer as consequências.
    Tens razão quando dizes que sendo maiores até podem fumar/injectar/ingerir o lixo que o chefe faz, mas então que assumam também as consequências e não esperem a benevolência e o apoio da sociedade, dos restantes que não têm nada a ver com o assunto.
    Ou aí o individualismo já não faz sentido?
    Quem se mete nestas coisas sabe que se der um passo em frente cai no abismo. E, mesmo assim, dá o raio do passo.
    Curiosidade? Ao gato matou-o...
  • Sem imagem de perfil

    Teresa 27.06.2008

    Angela, não preciso de te dizer muito, pois não?
    Coitadinhos? Achas que é assim que penso? O que acho, e continuo a dizer, é que agora é que estou a pagar pelos vícios que não são meus. Querem fazer merda? Façam, mas não me ponham a mim, à minha família e a todos os que andamos por aqui, sem almofadas, a pagar os custos.
    Por mim era legalizar sim, e já. Baixem o preço, deixem de proibir, e a maior parte dos grandes problemas ficam resolvidos.
    Sabes, as pedradas dos outros nunca me fizeram grande mal. A gaita eram as ressacas e a abstinencia. Aí sim, a coisa fica complicada para quem está à volta. E o dinheiro. As fortunas que se vão, como sabes. As vidas que se desfazem, os caminhos que nunca mais se endireitam. E eles, felizes com a sua dose diária, lá vão rastejando, sentindo-se os reis do mundo. Querem ser? Por mim estão à vontade - consumam um quilo de uma vez que deve ser bom e ficam satisfeitos para o resto da eternidade. Estão a matar-se, a enlouquecer, a ficarem pobres imbecis de baba nos cantos dos lábios? São gente como eu e tu, têm direito a fazer escolhas. O que não podemos é fazer nós essas escolhas por eles e cheios de moral determinar que aquilo é feio e não se faz. E acabar a pagar custos muito mais elevados que essas possiveis recuperações. Tudo em cima da mesa que as negociatas acabam, os lobbies desfazem-se e poupa-se muito dinheiro. Queres que seja bruta? eu sou, que até nas recuperações iriamos poupar, que morriam muito mais depressa e a chatear muito menos.
  • Sem imagem de perfil

    ângela 27.06.2008

    Acredita que concordo contigo em muita coisa, menos com a legalização (e já fui favorável às salas de chuto, mas depois fiz a comparação com a quantidade de cuidados de saúde básicos que ainda não são prestados à comunidade e revi prioridades).
    Porque, e tal como o tabaco, como é legal e o Estado ganha com isso, também todos nós (Estado) teremos que ajudar em quem quer/acha que quer/acorda virado para esse lado entrar em recuperação.
    Os lóbies mantinham-se e os subsídios para recuperações, metadonas e centros de recuperação aumentavam.
    A única coisa que poderia diminuir (embora não esteja muito certa disso, por causa dos dados da Holanda, onde aumentou) seria o consumo, porque já não seria ilegal.
    De resto, passavas a ter gente a drogar-se livremente nas ruas, tal como se fuma e bebe livremente nestas...
    Ná...
    Não me soa bem...
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    shark 27.06.2008

    Não te soa bem porquê? Incomoda-te o prazer dos outros mesmo quando o obtêm sem teu prejuízo? Choca-te? Qual é exactamente o problema de fazerem às claras o que agora fazem às escuras?
    Esse argumento faz-me lembrar o da questão do aborto que toda a gente fazia à brava mas a malta preferia que fosse ilegal para poderem manter a pala de que só acontecia às outras...
    Não vês que tudo o que é clandestino torna-se mais prejudicial para toda a gente?
    E quanto aos números da Holanda, manda-me os teus que eu depois envio-te uns quantos para perceberes onde reside essa interpretação do aumento.
    Ò Ângela, nesta estamos mesmo nos antípodas...
    :)
  • Sem imagem de perfil

    ângela 27.06.2008

    Choca-me tanto e soa-me tão mal quanto um bêbado que furte/roube para manter o vício.
    E choca-me ainda mais se for eu a vítima.
    Não me incomoda o prazer dos outros.
    Incomoda-me que para os outros terem prazer haja quem tenha que sofrer, isso sim.
    E isso para todos os vícios.
    E choca-me ver gente bêbeda na rua, como me choca ver gente drogada, como me choca ver o pessoal nos hospitais com cancros do pulmão e afins (e alguns sem terem tocado num único cigarro em toda vida).
    Como me chocou andar em algumas ruas de Amesterdão e sair de lá quase a vomitar por causa do cheiro.
    Sou uma puritana, certamente.
    Mas, pelo menos, não chateio ninguém.
  • Imagem de perfil

    shark 27.06.2008

    E quem te chateia a ti por fumar haxixe seja onde for?
    O problema está no cheiro?
    Quem é que sofre por alguém fumar haxixe? Essa é a resposta directa que falta, para perceberes que drogas duras são uma coisa e drogas leves são outra.
    Já agora, se ficaste enjoada com o cheiro em Amesterdão é porque entraste nalguma coffee shop (onde só entra quem fuma...). Eu nunca dei pelo cheiro nas ruas da cidade...
  • Sem imagem de perfil

    ângela 27.06.2008

    Pois não sei...
    Quem é que se lembraria de que um fumador passivo de tabaco poderia desenvolver cancro dos pulmões? Mas acontece.
    E o cheiro, só o sente quem não está habituado a ele. É como com os fumadores. Nunca notam o cheiro.
    E não, não entrei em nenhuma coffe-shop, mas há ruas onde podem fumar nas esplanadas. E quem passa na rua acaba por sentir o cheiro
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