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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

30
Mar07

A POSTA NÃO PLANEADA

shark
planos para o futuro.jpg


Fazer planos é algo que só conceberia na óptica dos assaltos a bancos. E mesmo aí, tenho a nítida impressão que me acharia estúpido por dedicar (boa) parte dos meus dias a estudar meticulosamente um passo a dar, no mínimo, uns dois anos depois.
Parte de vós que me lêem poderão agora interrogar-se como posso eu saber quanto tempo é o razoável para planear tal coisa e eu lamento deixá-los na expectativa.

O cerne da questão é mesmo a onda dos planos, assim tipo aqueles contos de fadas do “o que vou ser quando for grande?” e do “se me saísse o totoloto fazia isto e aquilo”. Porque o são, quase todos. Por inerência, na arrogância de nos presumirmos vivos e cheios de saúde daqui a não sei quantos dias ou semanas até. E por ingenuidade, pois nunca incluímos nos planos os factores variáveis, os imprevistos que nos apoquentam nos momentos menos adequados e nos alteram o esquema por muito bem pensado.

Claro que é importante como factor de orientação, pelo menos julgo que o será para os mais atinados de entre vós, mas não passa de um tiro no escuro. Tanto mais fora do alvo quanto maior for a complexidade da previsão. E a distância no tempo dos factos planeados.

Fazer um plano equivale a uma leitura míope da bola de cristal. Sem óculos. Uma pessoa senta-se diante de um bloco de apontamentos e diz para si própria: “vejo no futuro um fim-de-semana sensacional com uma gaja interessante e boazona”. Ou vice-versa, tanto faz.
E uma pessoa desata a verificar o saldo do crédito nos cartões, as reservas disponíveis num hotel (ou em alternativa as limpezas de última hora no apartamento do caos), a limpeza a seco do casaco mais baril, onde deixar o cão, meter gasolina no carro, encontrar um miminho quebra-gelo para encantar a dita gaja boazona (ou vice-versa outra vez, que os factos assentam na mesma).

Isso mais uma série de previsões, conjecturas e outras bruxarias bué optimistas mas condenadas ao fracasso potencial por causa dos tais filhos da mãe de contratempos que nos apanham mesmo com as calças pelos joelhos e sem hipótese de refazer o esboço tão em cima da hora. Cada plano uma bem possível desilusão, mesmo os de curto prazo.
É tão realista expor as debilidades de uma vida “planeada” em função de calendários fantasma, os tais dias encaixados numa lógica vidente e falível, como aceitar o planeamento pessoal enquanto indispensável para a tal orientação a que muitas pessoas se obrigam.

Eu confesso a minha inépcia como planeador. Prefiro ir fazendo a coisa em doses pequenas, o que farei daqui a uma horita ou duas. Adoro surpresas, situações espontâneas e acima de tudo coisas que de facto acontecem tal como (e quando) as queria e não porque é “naquele dia” que tem de ser. Estava marcado. Com antecedência. Logo para o dia em que não adivinhei a entorse marada, a enorme gripalhada ou a simples falta de tempo (€) que não planeia a hora de se esgotar.

Plano sim acima da esmagadora maioria das horas investidas em planeamento seja do que for.

Mesmo que às vezes dê com a cabeça no vidro do planador, quando aterro no solo firme das surpresas desagradáveis que uma vida sem planos nos pode oferecer.

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