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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

21
Nov04

PEGUEM-ME DE CARAS, POR FAVOR

shark
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Por vezes não consigo entender o que as outras pessoas me dizem (ou pretendem dizer-me), sobretudo quando as pessoas mandam recados em forma de enigma. Sou um asno em matéria de puzzles, enigmas ou charadas. É outra das minhas limitações. Prefiro as verdades e as opiniões inequívocas, inteligíveis e directas. Inequivocamente direccionadas, para eu saber que se referem a mim ou algo de meu, expressas em discurso directo e sem recurso a analogias, para eu perceber bem o trocadilho, e acima de tudo frontais, pois tenho aversão aos toques de espora.
Já dei mostras de saber encaixar as biqueiradas que mereci. Pedi desculpa, pouco mais haverá a fazer, e apresentei justificações quando julguei possuí-las. Sem merdas, sem jogos de palavras, sem aquele tom ‘vocês sabem do que estou a falar’ que me provoca urticária.

Detesto touradas, mas admiro uma classe de intervenientes nesse espectáculo tradicional: os forcados. A pega de caras requer uma coragem ao alcance de apenas alguns. É feita sem recurso aos instrumentos de tortura que me desagradam, como as bandarilhas, que dão poucas hipóteses aos touros de fazerem alguma justiça no redondel.
O único senão é serem precisos tantos para dominar o animal, mas dada a envergadura do bicho é compreensível que se equilibre a parada dessa forma. Seja como for, é de caras, sem cavalinho nem capote para distrair. O único que fica atrás é o rabejador, destinado a praticar esqui no meio da poeira enquanto serve de travão adicional.

Também não sou adepto da caça ‘desportiva’. Não vejo a piada de dezenas de milhar de fulanos armados, agachados no mato, em busca de alvos que não passam de trofeus numa competição onde a luta é desigual e, a meu ver, desumana. O tempo dos caçadores acabou quando o último pele-vermelha foi aprisionado numa reserva qualquer. Tirando esses e outros povos em extinção que ainda caçam para comer, só entendo a caça dos nossos dias e do nosso mundo ocidental como uma tourada sem pega de caras. È tiro ao pato, à lebre, às cegas, sobre criaturas que não se podem defender (nem sabem de onde parte o tiro) e seguramente nada fizeram para merecer tal destino.

Isso não implica que me vejam nas manifes contra as touradas ou no voluntariado de qualquer associação de defesa dos animais. Ajo de acordo com a minha consciência e sensibilidade e deixo aos outros a possibilidade de fazerem as suas escolhas, não me inibindo de expressar o repúdio pelas mesmas, se me desagradam, como esta posta é exemplo. Mas o problema desta posta é precisamente o de eu aplicar o mesmo estilo que critico, pois não tendo a certeza do que queriam dizer e se o que disseram me era dirigido escrevo às cegas, tenho que me cingir ao domínio da especulação. E fico no papel do touro que marra no vazio ou no da peça de caça que não sabe para que lado fugir. Sempre com a esperança secreta, no entanto, de o tiro passar ao lado. Ou de apanhar a jeito o sacana que me picou sem eu lhe fazer mal nenhum...

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