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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

23
Mar07

AMOR CEGO

shark
cama desfeita.JPG
Foto: Shark

Estremeceu quando finalmente ouviu abrir-se a porta do quarto no hotel que escolhera para se encontrarem por fim.
Escutou-lhe os passos e sentiu-lhe o cheiro com a nitidez bastante para nem precisar de fazer qualquer pergunta. Não conseguia falar, a voz prisioneira da emoção que lhe soltava o coração do peito que esmurrava por dentro as paredes que o oprimiam na sua sede de escapar para o céu.

E era ela quem o representava, a fragrância que libertava pelo ar e o fazia flutuar nas nuvens como um pássaro encantado pelo vento arrastado até ao paraíso onde ela o pousava depois.

Sem uma palavra, sentiu que se aproximava e ele deitado sobre a cama concentrado a imaginá-la no escuro, estranhamente aliviado quando percebeu o ruído do interruptor.
A pressão dos seus joelhos mesmo ao lado do seu corpo petrificado pela ansiedade, revelando a vontade que o dominava e a escuridão que eliminava a diferença que o podia inibir.

A roupa que começou a despir com a sua ajuda, os beijos que recebia da boca carnuda de uma mulher que conhecia das palavras que lhe ouvia e dos sentidos que apurava para melhor a perceber.
O tacto sublimado pelo contacto inesperado da quente suavidade da pele macia do seio que o tocou. Nos lábios sequiosos que aquele instante despertou, como o resto do seu corpo libertado dos medos que deixavam de existir.

A intensidade do sentir, extremada pela percepção muito ampliada por uma vida sem cores nem luz. A sensação que se produz quando tudo o resto se multiplica, o rasto de uma mão que fica muito para lá de um momentâneo arrepio.

Percebeu que ela sorriu quando no fim de lhe saborear o gosto, tacteou sem pressas o rosto que adivinhava sereno e encantador.

E quando ela partiu, a luz que acendeu iluminava (e ele não via), junto à bengala que brilhava, a proveniência daquele odor que absorvia. E os seus dedos acariciaram uma flor por ela deixada como uma promessa declarada, a ligação que não se desfez quando o momento mágico chegou ao fim.

A certeza de uma próxima vez. Naquele ou noutro jardim.

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