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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

22
Fev05

A POSTA A TRÊS

shark
Olhar.jpg

Aqui há dias estive a conversar com pessoas amigas acerca de uma das fantasias mais recorrentes entre a rapaziada, a do trio maravilha.
O assunto é mais desconfortável de discutir do que eu pensava, sobretudo quando na conversa participam mulheres. É que nós homens trocamos impressões nesta matéria com a leviandade machona que caracteriza a generalidade das nossas abordagens ao sexo. Fazemos e acontecemos, é tudo muito natural, não custa nada e venha a oportunidade que nenhum garanhão a desperdiçará.
Pois, pois. Mas as raparigas não olham a coisa com a mesma displicência e tocam com o dedo nas feridas mais expostas dos atrevidos, nomeadamente quando se fala no trio um com duas e elas carecas de saber que a maior parte dos parceiros nem de uma conseguem dar boa conta...

Esta foi a primeira armadilha que a conversa proporcionou a alguns. As mulheres são implacáveis no seu discurso e são pouco dadas a excitações verbais, fazendo aterrar os sonhos eróticos mais bem elaborados no domínio do real (onde as coisas não são exactamente como se teorizam). Elas falam com a plena consciência de que é tudo muito bonito, mas na verdade existem limitações e perigos de que nós homens só damos conta depois da bronca acontecer. E isto porque são raras as pessoas capazes de lidarem com as repercussões, como algumas das que uma relação a três (mesmo ocasional) podem acarretar quando os intervenientes param para pensar um bocado sobre o assunto, à posteriori.

Se é verdade que em dadas circunstâncias as coisas até podem conjugar-se para correrem bem, quando brotam de surpresa entre parceiros(as) que nem mantêm qualquer tipo de ligação sentimental, a coisa pia mais fino quando um casal se deixa arrastar para o vórtice do furacão. O problema, naturalmente, reside no inevitável ciúme e no instinto de posse que as pessoas desenvolvem, quer o aceitem como real ou não. Não é pêra doce enfrentar o outro depois de uma sessão de cama com outra pessoa, qualquer que seja o seu género. Se era uma amante adicional, a parceira fica de pé atrás relativamente aos futuros contactos do SEU homem com a dita cuja. E se é de um amante adicional que se trata, o macho da espécie até engole em seco quando recorda algumas passagens do imbróglio em que se meteu. A veia liberal definha aos poucos perante a fotografia do evento que antes parecia tão espontâneo e natural. O dele era maior do que o meu e ela gostou mais e raciocínios do género. Acaba por dar pró torto, claro está...

Por essas e por outras é que as pessoas devem medir bem os passos que dão, sopesando com lucidez os factores a ter em conta nestas aventuras à partida tão aliciantes. Mas arriscadas, como as aventuras devem ser. Se não faltam exemplos de casais bem sucedidos nas práticas sexuais mais arrojadas, mesmo quando envolvem terceiros(as), é igualmente verdade que para a maioria essas incursões por território bravio acarretam danos irreversíveis na estrutura de uma relação. E esse é sempre um preço demasiado alto para compensar umas horas de prazer.
Essa foi a principal conclusão que extraímos do nosso diálogo e note-se que apenas dois dos presentes assumiram que já haviam experimentado essa versão trifásica que preenche os imaginários de muitos de nós e nem seriam esses os mais entusiastas na respectiva defesa.
A intimidade não é um conceito, é uma realidade factual. E não reside apenas na simples troca de fluidos e de carícias, como as componentes femininas do grupo fizeram questão de salientar, para desgosto dos sonhadores mais incautos (e comprometidos) que participaram na conversa.

Desenganem-se os que concluam que a minha perspectiva acerca do assunto é conservadora. Chamo a vossa atenção para o facto de eu ter frisado que são os casais com uma relação a preservar que devem medir as consequências das farras em que decidem meter-se, sob pena de estragarem o que têm de melhor. A título individual, a minha perspectiva é radicalmente oposta e assenta nas experiências que, digamos, vivi de perto ao longo de meses num país do norte da Europa, culturalmente menos condicionado do que o nosso nessa sensível matéria. Contudo, e como a lucidez feminina deixou bem presente na interessante conversa em que participei, uma coisa é teorizar acerca das potencialidades de determinadas extravagâncias quando se desconhecem ou não estão em causa as suas repercussões nas tolas de cada um(a). A outra é arriscar no escuro, sem avaliar previamente as consequências (quase sempre imprevisíveis) das nossas leviandades e excitações.

O sexo, vivido entre desconhecidos ou entre pessoas sem vínculos emocionais, pode cingir-se a uma fascinante e divertida experiência ao nível sensorial. Mas no âmbito de uma relação amorosa a dois, e há até quem procure parceiros(as) em anúncios de jornal, os entusiasmos de ocasião podem ser como fósforos acesos nas mãos de crianças de colo. E ninguém se arvore de bombeiro nessas condições: depois de ateado, é fogo que arde sem controlo e nunca é bonito de se ver...

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