Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

17
Mai22

Palavra que não

shark

É possível brincar com palavras. A sério. Todavia, é leviandade subestimar o poder destrutivo de uma palavra carregada. Uma vez disparada pode atingir o alvo com a precisão de um drone e o poder destrutivo de uma deflagração. Isto em sentido figurado, claro. Os defensores da livre circulação de armas entre civis diriam, a propósito: as palavras não matam pessoas, as pessoas matam pessoas. Com palavras, também. Por dentro.

 

Ao longo de uma existência é inevitável enfrentar-se um desses duelos de palavras que podem não matar pessoas, mas destroem relações. Mesmo as mais sólidas, abanam desde os alicerces quando atingidas por uma palavra certeira. Que até pode ser a palavra errada, mero estilhaço do rebentamento de uma discussão. Em cheio no coração, sentida como uma dor, a palavra errada, que o futuro até pode provar ser a palavra mais acertada, arrasa a pessoa atingida e nenhum pedido de desculpa estancará a hemorragia. É assim que as palavras matam: gravadas na memória, como feridas abertas, sangram emoções até a pessoa deixar de as sentir. Provavelmente porque entretanto morreu.

As palavras são armas de longo alcance, apesar de igualmente eficazes à queima-roupa. São corrosivas, para além de explosivas. Espalham-se como metástases no raciocínio, ecoam a cada lembrança de quem efectuou o disparo. Secam, como eucaliptos, tudo em seu redor, uma vez plantadas no solo fértil das más recordações. E sentem-se como bofetadas, quando aplicadas de forma inequívoca como uma carapuça perfeita para bons entendedores.

As palavras podem matar amores e isso é quase como matar as pessoas, se é mesmo de amor que se trata. Morre-se disso, dizem. E as palavras podem estar na origem da ocorrência, assassinas por interposta emoção.

É possível brincar com palavras. Mas desaconselhe-se o uso a quem não as saiba controlar.

14
Mai22

A posta a preto e branco

shark

De repente, todos os assuntos passaram a constituir meros pretextos para o assumir feroz de um qualquer lado das barricadas. Se há preto e há branco, a discussão elimina de imediato os tons de cinzento. A moderação, entendida como sinal de fraqueza, é dilacerada pelos extremos. És contra ou és a favor. És da minha tribo ou da outra. És meu amigo ou antes pelo contrário. Muitas relações estão a morrer assim, no plano virtual. Mas não só.

Existirão diversas formas de explicar este fenómeno. Contudo, mais do que as explicações interessam-me, por agora, as consequências. Numa altura do mundo em que as ameaças se multiplicam e até são repescadas das gerações anteriores, só a união poderia fazer a força. E verifica-se precisamente o contrário. Nem dentro de cada tribo, de cada colectivo em torno de um ou mais interesses comuns, a paz consegue prevalecer quando os extremos se revelam em qualquer matéria, ainda que alheia ao pólo agregador. 

Isto não prenuncia nada de bom.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2004
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Já lá estão?

Berço de Ouro

BERÇO DE OURO