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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

11
Abr15

Da cobardia e outros pretextos da treta

shark

Existem situações criadas por terceiros que me fazem hesitar entre o reconhecimento de uma limitação conjuntural (a cobardia que se sobrepõe ao paleio, por exemplo) e o diagnóstico leigo mas perfeitamente justificado de alguma forma de perturbação mental.

Das poucas pessoas que permitimos próximas esperamos, em condições normais, uma atitude inspiradora de confiança, que transmita a segurança que só os mais chegados nos podem garantir. E isto aplica-se qualquer que seja a natureza do vínculo estabelecido.

É precisamente esse detalhe no estatuto das pessoas (ditas) próximas que nos apanha sempre de surpresa quando é desmentido: se dos “de fora” esperamos tudo, dos “nossos” sabemos com o que contamos. E qualquer falha grave nesse pressuposto é quase sempre entendida como nada menos do que uma traição.

 

Para garantirmos alguma estabilidade emocional e até a valiosa sanidade mental tão ameaçada por hordas de gente chanfrada, se queremos de facto poder contar com alguém, há dois tipos de pessoa que devemos manter à distância: os cobardes, porque desertam; os malucos, porque são imprevisíveis. Pior de tudo, o misto destas duas categorias que garante, ao virar da esquina, uma reacção cobarde, deselegante e por isso hostil e, por via da loucura implícita, quando uma pessoa menos a espera.

 

É difícil identificar um/a cobarde, pois são sempre muito dados a pintarem-se capazes deste mundo e do outro e só se desmascaram quando confrontados/as com uma dificuldade ou um aumento da pressão.

Porém, uma pessoa desequilibrada acaba sempre por dar eco das suas perturbações. Aí o nosso mal está em acharmos sempre que a ligação alegadamente próxima nos permite dar a volta ao problema. Pois, tem um discurso incoerente com a acção e parece andar ao sabor do vento. Mas como gosto muito da pessoa vou ignorar esse sinal de demência e acreditar que a pessoa não negligencia a medicação. Erro crasso.

 

A pessoa que não joga com a equipa toda não controla as emoções, da mesma forma que não tem mão sobre os instintos e os raciocínios. É capaz do melhor e, cedo ou tarde, do muito pior. Se ainda por cima é cobarde, é garantido que à primeira contrariedade se esgueira para debaixo de uma pedra qualquer no sentido de escapar ao excesso de pressão. É esse o apelo natural num/a cobarde, o da deserção. E fazem-no sempre à bruta, de surpresa, de uma forma invariavelmente deselegante e estapafúrdia.

 

Ao longo de quase cinquenta anos de vida, várias pessoas com o perfil e os actos acima descritos cruzaram o meu caminho e, sem excepção, traíram-me no que mais valorizo: a confiança nas poucas pessoas em quem a deposito. E quase sempre associaram, na deselegância da sua fuga mal justificada, a absoluta falta de respeito pelo tal estatuto de pessoa próxima que, posso afiançar, não garante coisa alguma em matéria de certezas.

 

Garante, isso sim, a combinação perfeita para que nunca mais queiramos ver essas pessoas pela frente enquanto ficamos, desilusão somada, entretidos a cicatrizar aquilo que nos deixaram nas costas.

06
Abr15

A posta no cavalo errado

shark

Já soam lá fora as pancadas da vida determinada em forçar a sua entrada pela porta das traseiras, uma vida sem maneiras quando entre a sorte e o azar decide, caprichosa, optar pelo mal que nos possa atingir.

A porta que não aceitamos abrir mas a vida arromba com aríetes poderosos, com acontecimentos dolorosos ou com a chave deixada sob o tapete para onde varremos as lágrimas clandestinas, a da porta de acesso ao sótão onde escondemos fragilidades que ela tão bem sabe explorar.

A chuva aproxima-se das janelas com ganas de as esbofetear, ajudada pelo vento que é cúmplice de circunstância, deixado na ignorância acerca do que a vida decidiu seja para quem for. O vento nem sabe se a vida quer acabar com um grande amor só porque sim. A própria vida tem um fim e não se compadece de ilusões de eternidade, vai moldando a realidade de acordo com os seus humores.

As pancadas aumentam os temores e vão quebrando a resistência, a vida tem consciência do quanto dita as regras do jogo no tabuleiro que disponibiliza. É assim que confraterniza com as pessoas que entende como peões. Um passo em falso, pequenas hesitações, escolhas impossíveis como respostas exigidas sem perguntas que as suscitem.

A vida não gosta que a piquem com uma felicidade excessiva, torna-se muito agressiva e pode mesmo perder o controlo. Nas suas leis não existe dolo porque quase tudo acontece sem explicação plausível, a vida pode ser terrível mas não tem maldade intrínseca e por isso todas as vidas morrem solteiras na culpa. Sem maneiras, à bruta, uma vida invade o seu território e impõe o recolher obrigatório das emoções positivas.

A vida está sempre à espreita de pessoas que se acreditam felizes para sempre, de espaço preenchido por gente que sem sentido se confia ao que o destino determinar.

Sob os escombros das certezas arrogantes jazem as ruínas fumegantes de muitas ilusões construídas afinal sobre o que parecia um quintal e se tratava de areia movediça.

E a vida construtora é também demolidora quando se arma em metediça.  

02
Abr15

Pelas ancas

shark

Já o passeava pelo rosto quando se sentiu ansiosa pela sensação de se deixar agarrar pelas ancas, de se entregar indefesa ao poder daquele homem que sabia capaz de alternar o toque suave de uma pluma na sua pele, dedos de pianista, com a força indomável de um macho dominador.

Afastou-se devagar e deixou-se tombar no sofá, ajoelhada no chão, tentadora, à espera da sua investida avassaladora que não tardaria a acontecer.

 

Sentiu-lhe o calor enquanto ele a sondava com pequenos toques que lhe dava, como que a pedir licença para entrar, as mãos a percorrer as costas até ao fim, as nádegas agarradas com firmeza, afastadas com gentileza para a poder observar, linda como lhe parecia em qualquer parte do corpo e em qualquer posição, as ancas transformadas em alavancas e ele cada vez mais dentro e ela cada vez mais fora de si.

 

Depressa ou devagar, ele não parava de a comer transmitindo-lhe a confiança de um conhecedor, fodia-a sem deixar de fazer o amor que lhe transmitia com a boca que a cobria de beijos na nuca e na face que ela lhe oferecia para se fazer arranhar pela barba por fazer que a excitava.

E ele não parava de lhe mostrar o quanto a desejava, vigoroso, joelhos pousados na beira do sofá, mãos livres para a tocar como tão bem fazia e para a agarrar com a força que lhe conhecia, enquanto ela o estimulava com uma mão que o acariciava, braço esticado por baixo para o alcançar, rosto comprimido num pedaço de tecido coberto de suor.

 

Mais intenso e ainda melhor, o momento da pausa provisória, quando escreveram em simultâneo o final daquela história.

 

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