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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

24
Mar15

Para não emudecer

shark

Em poucas palavras.

Apenas as bastantes para comunicar por breves instantes as coisas que não podem ficar caladas. Para lhes justificar a existência, palavras imbuídas da prudência que lhes é recomendada para poderem ser ditas sem prejuízo de algo ou de alguém.

Para as tornar indispensáveis mas nunca maçadoras e sempre cheias de razão.  

Para salvar as próprias palavras da ameaça de extinção.

18
Mar15

Tiros no escuro

shark
Apenas o anseio e a esperança, o receio de que uma cega confiança possa induzir uma euforia que venha a produzir uma desilusão profunda no futuro de qualquer amor. O risco a correr de olhos fechados, sempre a esquecer desgostos passados que sabemos injustos quando assumidos como lições.
Afinal as emoções são formatadas de acordo com o perfil de cada pessoa, seja má ou seja boa, mais a experiência de um presente onde o futuro se esboça e o passado que não se esqueça nunca arranja lugar.
A vontade de ultrapassar hesitações por muito que se encontrem razões em sentido contrário num percurso temerário pela aventura emocional, um impulso irracional que nos move para diante, um sobressalto constante que nos realça a dimensão das coisas do coração numa vida que valha a pena.

A entrada imprevista em cena da paixão protagonista que altera o guião e obriga a esquecer as reservas que possamos ter, amnésia necessária para impedir que a nossa história influencie de forma prejudicial e intuímos fundamental para dar uma oportunidade ao amor de verdade, à maneira, que só assim se faz.

Sem lhe pregar uma rasteira por estarmos sempre de pé atrás.
10
Mar15

Imagina tu

shark

Imagina um amor tão forte que consegue eliminar o segredo, não deixando à mercê da sorte, do ciúme que não passa de um medo, o futuro talhado agora pela determinação com que bate o teu coração agitado pela energia de mil beijos já dados e outros tantos ainda por dar.

Tenta ao menos acreditar que é viável essa entrega incondicional, que é possível renegar o mal expurgando dessa ligação a indecência de julgares excluída a cedência como um elemento fulcral para o amor que pretendas imortal, ignorante daquilo que só quem experimentou saberá explicar.

Talvez consigas apanhar melhor a ideia se eliminares em ti a barreira de pressupostos, se deixares cair os preconceitos que te levam a desdenhar a emoção que não consegues sentir como a descrevem os que sabem de que é feito afinal o amor de que falas porque ouviste contá-lo assim.

Talvez não comeces pelo fim os amores que matas à nascença por impores a desconfiança ou o silêncio comprometedor que inquina, o segredo, transformando cada passo numa mina potencial. Concentra-te no essencial, no objectivo comum em que dois não são a soma de uns mas antes o resultado de um amor que é moldado em função das características que não podes querer anular no outro que tratas como teu.

Procura o caminho para o céu garantido como contrapartida por abraçares um amor para toda a vida, mesmo que receies e tentes proteger a tua resistência contra a agressão como sentes cada desilusão que às tantas podia ser evitada se tivesses essa barreira construída por forma a não impedir esse amor de atingir a fasquia que acreditas ser a ideal.

Desiste de fingir, não é bom, não é normal, uma vontade que não consegues reunir de tão armadilhada pela tua tendência arriscada para o faz de conta, a suspeita que se levanta quando entras em contradição porque não ofereces o coração sem a tutela da cabeça.

Não deixes que isso te impeça de correres o risco que vale a pena, a paixão prolongada pela confiança depositada em quem corresponda ao teu esforço, ao teu empenho, numa relação alheia ao engano que a possa trair.

Alia a esse amor a amizade que pode unir as pontas soltas que vais deixando no coração, a dada desgosto, a cada traição como encaras todas as vezes em que te deparas com algo que pretendeste abafar, a verdade que acaba por ficar à superfície da pessoa que quiseste mudar em função das tuas exigências, sem admitires quaisquer cedências ou compromissos reais que fazem parte do respeito que também entra na equação na hora de acertar as agulhas a dois.

 

Imagina um amor tão forte que não possa jamais ficar exposto à mentira que o corrói, à cobardia que tanto dói quando revelada pela indiscrição de um simples lapso ou de um nome muitas vezes repetido durante um sonho que partilhas, sem querer, com o amante acordado a quem tentaste esconder essa tua hesitação que um amor a sério, eterno, encaixaria no perdão ou na sua persistência, na sua infinita resistência contra as pequenas fissuras que urge reparar com a frontalidade que te possa poupar à imagem que tanto rejeitas mas acabas por assumir.

 

Decide de uma vez para onde queres partir em cada viagem, reúne toda a coragem necessária para poderes mudar a história triste que insistes em reescrever sempre igual enquanto sentes o tempo a passar rumo ao final das hipóteses de viveres uma experiência que poderá um dia deitar-se ao teu lado sem que o percebas e siga o seu caminho.

 

Até ao dia em que pouses o olhar envelhecido nesse tempo mal perdido e te reste imaginar aquilo que podia ter sido se te imaginasses, nessa altura, agora, num dia de sorte, um amor tão forte, tão bom de sentir, que nem a tua alma esquiva consiga desmentir.

06
Mar15

Diz farsa

shark
Mascara as emoções com palavras que prometam ilusões das que encantam quem queiras embalar numa navegação sem rumo traçado, leva quem quiseres a qualquer lado em sítio nenhum, aplica à verdade um rigoroso jejum e tenta desviar a atenção do que te vai na alma ou no coração com um sorriso ensaiado, com um assunto preparado para camuflar tudo aquilo que pretendas ocultar nos bastidores do cenário por ti criado, desse perfil por ti desenhado em traços toscos nas palavras e nas acções que te permitem preservar a realidade na segurança máxima da discrição.

E se a tua privacidade sofrer uma violação com uma pergunta complicada que alguém te faça, não digas mais nada. Disfarça.
06
Mar15

Muito para além de ti

shark

Um nome.

Duas datas.

Um espaço em branco.

 

E o silêncio em redor de tudo aquilo, como se fosse preciso calar a vida para lá dos muros bem altos que o cercavam agora.

Muros brancos, muros limpos de palavras, silenciosos eles também como guardiães de um território que era terra de ninguém quando a noite aparecia e fechavam os portões à vida que os visitava, os nomes, as datas e os espaços em branco que durante o dia muitas pessoas tentavam ali preencher, com lágrimas, com sorrisos, com memórias, com emoções que eram histórias por contar.

 

Um nome.

Duas datas.

 

A pessoa arquivada no ficheiro terminal, o dia do início da caminhada mais o dia da transição final. Ou talvez não. E entre esses dias toda uma vida que é agora o espaço em branco entre datas que contraria a escuridão que a saudade obriga a pintar.

Mas cada lembrança é um pedaço de cor, um conjunto de palavras que podem ser gravadas na pedra com o cinzel da imaginação.

Histórias de vida com nome e com rosto, lágrimas e sorrisos, memórias e emoções acontecidas lá fora, para lá daqueles muros brancos que a noite escurecia como se a luz tivesse naquele lugar o mesmo efeito perturbador que o som.

 

Um nome.

  

Escrito com tinta preta mesmo por cima do espaço (em) branco onde ninguém conseguiu resumir tudo aquilo que se passou com aquela pessoa entre as duas datas que a identificam enquanto pedaço de tempo com um princípio e com, talvez, um fim.

O amor que lhe dedicaram, os ódios que inspirou. Tudo aquilo que se passou entre datas, experimentado por quem lembra e por quem já possua também duas datas depois do nome e de um espaço por preencher com o desgosto de uma mulher ou de um homem esmagados com o fardo de resumir o que aquela pessoa valeu, tudo ou nada, agora que se perdeu, num espaço reduzido que não serve o propósito quando a pessoa em vida se agigantou entre a data que marcou o início da jornada e a data em que acabou a estrada que aquela existência percorria.

 

E para contar a sua história, um só livro não bastaria.

05
Mar15

A posta no fogo que arde

shark

Uma das coisas que aprendemos logo ao início da nossa percepção das coisas é o facto indiscutível de a vida nos dar lições. Essa mestra invisível bem cedo nos ensina que devemos evitar as esquinas dos móveis com a cabeça, tal como explica de forma clara e sucinta o quanto é verdade aquilo que os progenitores dizem do fogo.

Queima a valer e dói que se farta, aprender assim. Mas o método de ensino é muito eficaz e existe progressão na aprendizagem, pois a mesma cabeça que nos avisa que devemos protegê-la das esquinas pontiagudas continua pela vida fora a relembrar-nos lições que deixamos escondidas nos bastidores da memória.

 

É disso que se faz a história da vida de alguém. De lições. De aprendizagem que podemos utilizar a nosso favor ou ignorar e cometer o maior dos erros que é repeti-los. Esse facto pode até, aliás, considerar-se uma raposa. O erro de palmatória clássico corresponde a uma reprovação, pois até a vida percebe que só um burro incorre na asneira de ir segunda vez à caixa de fósforos depois da primeira queimadura.

 

Contudo, e a vida é um permanente porém, as turmas dessa escola exemplar congregam multidões de asnos capazes de darem cabo da vida por não lhe respeitarem as lições. Somos, esse grupo de cábulas, eternos repetentes. Nem conseguimos interiorizar a diferença entre errar muito, mas diferente (aprende-se sempre qualquer coisa) e errar muito e sempre estupidamente igual.

 

Depois um dia a vida esfrega-nos nos olhos a matéria, a lição mal estudada no passado é repetida num qualquer agora. A ver se o aluno retém qualquer coisa e acorda.

Quantas vezes a aula onde estivemos mais desatentos vem a revelar-se a mais valiosa para ultrapassarmos os testes que a vida nos marca…

Marramos (contra o comboio de Chelas, se necessário) até conseguirmos fixar parte da matéria que possa, pelo menos, garantir a positiva. Fazemos cábulas como saída de emergência para uma branca daquelas que os nervos nos dão e mostramos ter aprendido a lição, concentrados o bastante para decifrar os sinais que nos recordam os erros do passado que urge não repetir.

 

E tantas vezes o único erro é insistir.

02
Mar15

O homem que foi visto à distância

shark

Viu o homem à distância, nadando em alto mar sem rumo certo. Parecia procurar a costa de uma ilha deserta imaginária, nadando como se fosse possível alcançar algo naquele azul esverdeado sem fim que a vista lúcida vislumbrava.

Mas no olhar daquele homem brilhava apenas uma esperança insana, uma fé postiça, uma espécie de loucura mascarada de outra coisa qualquer. Via-o com nitidez, a cabeça mais os braços e o constante chapinhar de quem nada por nada ter a perder.

De repente viu o homem desaparecer. Levantara ambos os braços, desistente, como se de repente algo o tivesse arrancado daquela fantasia que ele nadava enquanto vivia na ilusão de alcançar o infinito impossível.

Deixou-se afogar, permitiu-se desertar do sonho interrompido à bruta por uma vaga imensa de lucidez.

02
Mar15

A posta na questão dos princípios

shark

Todos temos limites para o que estamos dispostos a aceitar. Sendo uns mais flexíveis que outros, tentamos ainda assim preservar intactas algumas fronteiras que nos protejam das agressões do exterior como as entendemos quando violam de forma grosseira a tal linha que separa o aceitável do impossível de tolerar.

É um direito que temos por adquirido, o de impormos um ponto a partir do qual não estamos dispostos a ceder por nada e por ninguém. Sob pena de abdicarmos de nós mesmos num processo de cedências excessivas.

 

Raramente os outros sabem respeitar esses limites, preferindo esticar os seus até para lá da linha invisível a partir do qual nos perturbam. É comum e só não assume proporções desastrosas quando quem vai longe demais reconhece o seu lapso ou abuso e repara o mal feito. Com um simples pedido de desculpas, depois de corrigido o erro assumido, qualquer pessoa acaba por esquecer o sucedido.

Todavia, não é esse o caminho seguido pela maioria. Fingem não entender o que está em causa, preferindo defender a bonomia das suas intenções. Nada de mais errado, pois ao fazê-lo pretendem legitimar, por exemplo, faltas de respeito que alguns não encaixam.

Essas pessoas negligentes só percebem a dimensão do equívoco quando sentem na pele o mesmo ferrão que antes tentaram desvalorizar por ser o seu.

 

Esse esfregar da realidade dos factos na cara de quem os subestima quando lhe convém não é uma vingança mas uma reposição do equilíbrio necessário nas relações. Os limites passam a ficar claros nas palavras e nos actos de quem fingia não perceber a dimensão da sua asneira. Ou então as relações soçobram por falta de sustento, por falta do respeito que deve presidir em qualquer domínio das relações humanas.

A leviandade na atenção a estes detalhes que a todos nos compõem tem sempre um preço: a humilhação da pessoa desrespeitada nos seus limites mais sensíveis. E depois há quem engula em seco e se deixe ir adulterando no carácter, pelo amor a algo ou a alguém ou apenas por obrigação, como há quem reaja de forma mais enérgica.

Há aqui uma relação clara de causa-efeito cuja ordem não é arbitrária: há quem lança a primeira pedra e quem leva com ela e a devolve como troco.

 

No cerne da questão está a dificuldade em alinhar comportamentos com a tolerância de quem pretende fazer parte de uma outra existência que não a sua. E o equilíbrio é sempre a resposta.

E quando essa falha só restam perguntas difíceis e, logicamente, relações muito mais desequilibradas.

 

Ou nenhumas.

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