A posta que não é para ti
A importância de a ter.
A importância.
A ambição de atingir um determinado patamar de valorização por parte de terceiros, a validação por inerência de um umbigo gigantesco sem terreno fértil para se alimentar. Muito importante para quem precisa sentir-se assim, mesmo sustentando esse sentimento numa mentira, numa farsa, na chamada de atenção para a fachada enquanto o resto da coisa desaba por erros flagrantes no alicerces e fundações.
A importância que se reclama, validada apenas por uma permanente interpretação, errada, da própria pessoa desesperada por um lugar de destaque no palco da vida no qual se julga competente para assumir o papel principal.
A importância que se julga possuir, de forma patética, com base apenas em indicadores imbecis, em reacções forjadas nos bastidores de uma chantagem de circunstância, emocional, ou impostas com as costas quentes pela asa de alguém importante de verdade que a oferece por mera obrigação e nunca pelo mérito impossível de reconhecer.
A irrelevância, dura realidade, provada a cada dia pelos resultados de merda obtidos na sequência de cada intervenção desastrada, desastrosa, na vida dos outros que a sua, tão importante, avança sustentada somente por um lindo ramalhete de ilusões colhidas diariamente no jardim encantado onde a pessoa importante passeia a sós nessa condição de protagonista inventada pela imaginação.
Importância alguma, na prática. E a que exista em teoria, sonhada, aparece fundamentada no reino da fantasia, na mente pueril da pessoa iludida por palmadinhas piedosas nas costas somadas à distracção displicente no que respeita a tudo aquilo que um simples espelho e dois dedos de testa conseguem revelar tão bem.
Porque mesmo importante seria aprender a avaliar a escassa importância que afinal se tem.