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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

27
Ago13

O que restará

shark

Nunca perdem o sentido, as palavras que exprimem emoções. São palavras de um tempo, daquele momento que aconteceu como as palavras de quem as escreveu testemunham. Apenas envelhecem, como as pessoas, ficam mais maduras e portanto mais sábias na panóplia grisalha das interpretações alternativas que a própria passagem do tempo lhes acrescenta e com isso proporcionam as lições de vida que às palavras também compete oferecer.

 

São sinceras, as palavras, mesmo depois de aparentemente vazias de conteúdo por falarem de realidades alteradas, de emoções disparatadas quando as observamos algum tempo depois à distância de um tempo entretanto passado que foi um presente da vida se traduzido em palavras que no futuro nos permitem recordar. Histórias que só as palavras sabem contar, como anciãos num círculo à volta de uma fogueira, sabedoria de experiência feita para que outros possam aprender ou apenas partilhar recordações de um tempo feito de emoções à flor de uma pele que enruga como as páginas de um livro podem amarelecer.

 

O tempo pode até erradicar as emoções por elas contadas, mas as palavras jamais se deixam morrer.

 

24
Ago13

A posta na PDI postada

shark

No momento em que o facebook entrou na Internet como uma gigantesca plantação de eucaliptos vesti a pele de velho do Restelo e, em absoluto contra ciclo, amuei.

Nesse preciso instante dediquei-me a obter informação acerca desse fenómeno que, de uma penada, liquidava de vez o Hi5 e congéneres e, na minha perspectiva, ameaçava de morte a própria Blogosfera como a conheci até então.

Percebi na hora o que estava em causa, a ameaça que essa invenção do demo representava para esta comunidade a que aderi com entusiasmo, embora fosse notório o meu papel de voz clamando no deserto.

Poucos anos decorridos desde essa profecia da desgraça à qual ninguém conferiu qualquer tipo de relevância, os factos estão à vista para me darem a razão que de bom grado abdicaria.

 

A nostalgia, porquanto evidente, nem constitui o móbil para este simulacro de desabafo. Participei com entusiasmo na era de ouro blogueira, mesmo constatando a óbvia infiltração de hordas dos deserdados dos chats que se viram obrigados a enfrentarem esta prova de fogo de terem que preencher, todos os dias, um espaço capaz de atrair gente com sede de conversa mas, chatice, com sentido crítico o bastante para identificarem um trabalho de merda quando o apreciavam.

Nas tentativas frustradas dos menos capazes em conquistarem o seu lugar ao sol nesta plataforma de comunicação, a ditadura dos contadores que lhes deixava as caixas de comentários às moscas, traduzidas no cariz efémero da maioria dos blogues, percebi o potencial de algo como o facebook e o entusiasmo de muitos (quase todos os) outros, como previ, esmoreceu.

 

Na prática, esse novo formato ofereceu de bandeja uma saída airosa para os menos capazes, aqueles a quem algo mais do que a publicação de uma foto da treta ou de citações de terceiros (ou mesmo o plágio descarado) surgia como uma barreira intransponível à sua sede de projecção ou apenas de engate.

E começou aí a debandada dos medíocres, o que até seria porreiro se o tal livro das caras não se tornasse num imenso curral para o numeroso rebanho que, apenas e só por essa mesma expressão numérica, acabou por se tornar numa coisa montes de relevante e provocaria um efeito semelhante ao que as novelas e os reality shows criaram na televisão: a ditadura das audiências.

 

Esta história, para mim triste porque assisti ao fim de muitos blogues excelentes à míngua de quem os visitasse e ainda menos participasse nas respectivas caixas de comentários, resume a tal profecia que me guinda ao estatuto de visionário que antecipou a inevitável adesão dos melhores desta comunidade ao formato que concentrou as atenções do mundo inteiro e ao qual, coerente, recuso aderir.

 

Agora o facebook é o líder incontestado de audiências, a TVI da net.

E a Blogosfera transformou-se de repente na RTP2.

19
Ago13

Das escolhas que distinguem jornalistas de jornaleiros

shark

Cada jornalista (e falo de profissionais a sério, dignos desse nome) deverá possuir um conjunto de atributos que no fundo lhe desenham o talento como somos capazes de o reconhecer.

Esse equipamento de série, características pessoais específicas, associa-se à tarimba adquirida ao longo de uma carreira sempre construída (recordo que falo de jornalistas e não de pessoas com carteiras profissionais da farinha amparo) a pulso, a custo, sob um lote incomensurável de pressões que as pessoas normais não têm arcaboiço para aguentar no exercício de uma função.

Logo à partida, aos jornalistas é exigido um compromisso com a verdade num mundo cada vez mais dominado por mentirosos.

E por pavões.

 

Com a verdade como missão, existem duas maneiras de a revelar: pela boca do próprio jornalista ou pela dos protagonistas de determinada história ou realidade. É uma arte, saber pôr as pessoas a falar. Quando essas pessoas são figuras públicas e têm um estatuto a defender, a figura do jornalista é a de um papão capaz de construir ou destruir carreiras. Jogar à defesa, refugiando-se no vácuo do superficial, é quase instintivo para a maioria e é assim que acabamos por levar com jornalismo morno, com entrevistas inócuas, com peças cinzentas num tabuleiro no qual se confrontam experiências, inteligências, em torno de jogadas que são os factos que precisamos conhecer mas que se perdem nos receios de uns e na sede de projecção de outros.

No vazio.

 

Um jornalista, quando lhe são colocados os meios ao alcance para abordar um tema (e os assuntos são igualmente importantes, se não na relevância – sempre discutível – pelo menos na seriedade da respectiva abordagem), tem que saber definir a prioridade. E essa passa, por exemplo, pelo formato escolhido pelo profissional para cumprir a sua verdadeira missão: informar.

Por formato entenda-se um conjunto abrangente de opções que determinam o resultado final (por se revelarem os mais adequados ao cumprimento do objectivo em causa) e que passam até pela invisibilidade do próprio arquitecto da coisa. O Jornalista (a maiúscula não é um lapso) é uma pessoa a quem uma decisão tão difícil para a maioria de nós como abdicar da notoriedade em prol da melhor construção possível para uma peça surge como algo de tão espontâneo como a curiosidade que a todos nesse ofício deve impregnar.

É uma escolha consciente, assente no brio e na vontade de fazer sempre o melhor. Livres de constrangimentos de índole subjectiva, os Jornalistas, the few, concentram-se no espírito de missão e abraçam a versão que sirva de bandeja a informação, o esclarecimento, a verdade nua e crua da realidade que lhes compete dissecar.

 

Um exemplo de tudo quanto disse acima pode encontrar-se com facilidade, bastando atenção ao pormenor, num trabalho da Joana Latino acerca do mundo das telenovelas que a SIC está a passar ao longo da semana no seu Jornal da Noite e que recomendo, no contexto desta posta, sem hesitar.

06
Ago13

Nas bordas de um parapeito

shark

São pontos de viragem. Surgem nos caminhos da vida como as curvas imprevistas em estradas com muitos quilómetros sempre a direito. Ou como os entroncamentos.

De repente, o destino obriga-nos a abrandar para fazermos escolhas ou simplesmente nos empurra para uma alternativa que nem ousaríamos considerar.

São pontos de exclamação que interrogamos, pelo medo do desconhecido ou apenas pela curiosidade que o futuro sempre despertará. E depois desta viragem como será?

 

Nem sempre tomamos consciência desses instantes cruciais que nos aproximam ou afastam de um objectivo ou de um sonho qualquer de futuro desejável que afinal é um amanhã impossível de acontecer tal e qual alguém o imaginou.

Os acontecimentos encadeiam-se com as conjunturas, imprevistos e riscos mal calculados, sorte e azar, reflexão ou impulso, esquerda ou direita e aí vamos nós a caminho completamente a leste do paraíso que contemplamos pelo retrovisor que a nostalgia ou o remorso nos podem facultar.

 

Damos connosco a abraçar aquilo que a vida nos dá. Ou nos impõe. Ou se esbanja nas oportunidades perdidas pelos que não as percebem ou não as conseguem agarrar. Abraçamos o rumo mais feliz ou precisamente o que nos conduz direitinhos à bocarra da perdição. Ou coisa parecida que é como se sentem as coisas dentro de tudo quanto de relativo um problema, uma aflição, podem englobar.

De um momento para o outro tudo pode desabar como pode acontecer aos bocadinhos sob o castigo da erosão, a vida madrasta, o lado B ao qual ninguém presta a devida atenção até ser essa a única canção a tocar como banda sonora de um pano de fundo que julgamos serem as cortinas do espectáculo que entretanto acabou.

 

A crise, o galo, a porra da sorte ou a pouco reconhecida mas quase omnipresente estupidez, mesmo ao virar da esquina para o beco sem saída que julgávamos inexistente ao longo da avenida das descobertas que são como surpresas que dão para o torto e nos apanham sempre com as calças na mão, borrados de medo pelas consequências terríveis de um erro somente ou de uma inegável acumulação desse e de outros factores que se controlam ou antes pelo contrário.

A granada sem cavilha nas palmas e paralisamos sem saber como sairmos dessa situação, às voltas com o mapa mental de um percurso que não estava traçado para levar-nos ali.

 

São pontos na viagem, ligados entre si pelos traços que coincidem com os rastos da passagem de qualquer um de nós, que interpretamos ou decidimos parágrafos depois de eliminados os pontos que as reticências têm sempre a mais.

São pontos de interrogação, todos eles.

O pressuposto da nossa arrogância consolida-se na ignorância que tantas vezes nos despista na leitura apressada.

E depois a história pode não ter um ponto final feliz.

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