O Governo já está à procura de boas ideias para desviar as atenções dos problemas principais e, como quem não quer a coisa, os movimentos de índole pseudo cristã afiam as suas naifas proibicionistas para ajudarem à festa na preparação de um 2013 tão imbecil quanto qualquer ano desta Legislatura já se provou capaz.
O tabaco, esse malvado, voltará a preencher as prioridades daqueles a quem interessa mudar de assunto e dos papalvos que compram o politicamente correcto com um entusiasmo tão ingénuo quanto despropositado.
O despropósito reside na asneira do costume: relegar para segundo plano a prevenção junto daqueles que ainda não adquiriram o vício, crianças e adolescentes, para concentrar energias na guerra ao consumo com medidas que visam apenas hostilizar os fumadores que ainda restam.
Imagens chocantes nas embalagens de tabaco, o dito por não dito relativamente aos espaços da hotelaria destinados aos fumadores, aumento do preço com base no agravamento da carga fiscal. São essas as medidas inteligentes do Ministério da Saúde que sabe quantificar os custos provocados pelas consequências nefastas do fumo dos cigarros mas, por outro lado, não nos confronta com os custos provocados, por exemplo, pelos acidentes de viação. Porque não proíbem a condução em vias rápidas para os prevaricadores, não obrigam a pintar imagens chocantes nos veículos nem aumentam ainda mais os impostos ligados aos veículos automóvel? Simples: os fumadores, já devidamente pintados como marginais, são um alvo mais fácil porque a opinião pública alinha na boa com a perseguição a quem está dependente ou apenas aprecia fumar.
O risco implícito nesta segmentação dos grupos a combater é o de se tornar num hábito, como a aparente mobilização dos tais movimentos anti aborto, anti casamentos entre pessoas do mesmo género, anti legalização das drogas leves e anti tudo quanto não lhes agrade mesmo que não lhes seja imposto por terceiros, denuncia.
Hoje são os fumadores, amanhã serão os bebedores e depois passaremos aos homossexuais seguindo o exemplo de alguns países africanos. A eliminação sistemática dos transtornos com pernas, por terem escolhas que não agradam à maioria que aplaude a imposição de proibições, serve, sempre serviu, os interesses das lideranças em apuros a quem convêm as questões fracturantes, dividir para reinar, para ninguém se concentrar naquilo que mais interessa nesta altura.
O Ministério da Saúde tem ainda muito por onde exibir a sua capacidade para o corte na despesa que os partidos no poder prometeram a quem os elegeu, apenas segue o mesmo critério de todo o Governo paupérrimo: o de apontar baterias às falsas questões para caírem no esquecimento as mais prementes.
Até pode dar-me na mona deixar de fumar entretanto. Mas nem por isso passarei a papar grupos.