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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

31
Dez12

O esperado regresso do fumo de artifício

shark

O Governo já está à procura de boas ideias para desviar as atenções dos problemas principais e, como quem não quer a coisa, os movimentos de índole pseudo cristã afiam as suas naifas proibicionistas para ajudarem à festa na preparação de um 2013 tão imbecil quanto qualquer ano desta Legislatura já se provou capaz.

 

O tabaco, esse malvado, voltará a preencher as prioridades daqueles a quem interessa mudar de assunto e dos papalvos que compram o politicamente correcto com um entusiasmo tão ingénuo quanto despropositado.

O despropósito reside na asneira do costume: relegar para segundo plano a prevenção junto daqueles que ainda não adquiriram o vício, crianças e adolescentes, para concentrar energias na guerra ao consumo com medidas que visam apenas hostilizar os fumadores que ainda restam.

Imagens chocantes nas embalagens de tabaco, o dito por não dito relativamente aos espaços da hotelaria destinados aos fumadores, aumento do preço com base no agravamento da carga fiscal. São essas as medidas inteligentes do Ministério da Saúde que sabe quantificar os custos provocados pelas consequências nefastas do fumo dos cigarros mas, por outro lado, não nos confronta com os custos provocados, por exemplo, pelos acidentes de viação. Porque não proíbem a condução em vias rápidas para os prevaricadores, não obrigam a pintar imagens chocantes nos veículos nem aumentam ainda mais os impostos ligados aos veículos automóvel? Simples: os fumadores, já devidamente pintados como marginais, são um alvo mais fácil porque a opinião pública alinha na boa com a perseguição a quem está dependente ou apenas aprecia fumar.

 

O risco implícito nesta segmentação dos grupos a combater é o de se tornar num hábito, como a aparente mobilização dos tais movimentos anti aborto, anti casamentos entre pessoas do mesmo género, anti legalização das drogas leves e anti tudo quanto não lhes agrade mesmo que não lhes seja imposto por terceiros, denuncia.

Hoje são os fumadores, amanhã serão os bebedores e depois passaremos aos homossexuais seguindo o exemplo de alguns países africanos. A eliminação sistemática dos transtornos com pernas, por terem escolhas que não agradam à maioria que aplaude a imposição de proibições, serve, sempre serviu, os interesses das lideranças em apuros a quem convêm as questões fracturantes, dividir para reinar, para ninguém se concentrar naquilo que mais interessa nesta altura.

 

O Ministério da Saúde tem ainda muito por onde exibir a sua capacidade para o corte na despesa que os partidos no poder prometeram a quem os elegeu, apenas segue o mesmo critério de todo o Governo paupérrimo: o de apontar baterias às falsas questões para caírem no esquecimento as mais prementes.

 

Até pode dar-me na mona deixar de fumar entretanto. Mas nem por isso passarei a papar grupos.

16
Dez12

Wikileaks e Anonymous: algo mudou e para pior

shark

Nutri simpatia pelas suas causas desde o dia em que tomei conhecimento da sua existência e não escondo a minha desilusão por perceber que nenhuma das duas organizações resistiu a dois pecados mortais para as boas intenções: o diabo da arrogância e o demónio da tentação capitalista.

Mas se me caiu mal a paywall com a qual a Wikileaks entendeu a dada altura impor a venda dos seus serviços sob a capa de generosas doações, limitando o acesso à informação aos que possuam poder de compra para lhe aceder, a guerrinha entre os Anonymous e uma igreja evangélica norte-americana que os hostilizou esclarece-me quanto à falta de controlo na mira daqueles a quem admirava pelo tiro certeiro.

 

Num mundo no qual temos razão para temer tanto a inépcia como o abuso de quem detém o poder, e sobretudo neste último caso, acolheria sempre com agrado uma reacção da sociedade civil como a Wikileaks e os Anonymous protagonizam.

Mas atenção: estou a falar dos princípios que pareciam representar e agora, no meu entender, violaram.

Não faz sentido para mim que a Wikileaks tenha nascido para oferecer ao mundo o livre acesso a informação confidencial que precisamos conhecer para sabermos com que lidamos no poder político e, talvez em desespero de causa mas ainda assim, esse acesso passe a gozar de uma liberdade condicionada pela carteira dos cidadãos.

Contudo, a retaliação anunciada como bem sucedida pelos Anonymous contra a Westboro Baptist Church (WBC) arrisca transformar uma organização de defesa de valores primordiais numa milícia capaz de intimidar pelo medo qualquer cidadão ou instituição que os hostilize.

 

A minha desilusão é sincera, pois começam a rarear as causas e os projectos capazes de nos fornecerem a esperança de equilibrar a parada com quem oprime ou tenta silenciar os seus opositores.

Nesse aspecto, os Anonymous constituíam para mim um bastião sagrado, um recurso valioso para contrabalançar a degradação das democracias e manter vigilância apertada sobre os abusos de poder, nomeadamente sobre as tentativas para silenciar os cidadãos. Nada menos do que isso.

 

Como posso, depois do episódio WBC, apoiar uma organização que acaba de me provar que, em caso de discordância com alguma das suas operações ou mesmo por ter acordado num dia mau, amanhã o silenciado posso ser eu? 

07
Dez12

A posta que este não é o meu país de origem

shark

Talvez por ter nascido antes do 25 de Abril aprendi a encarar o meu país mais do que como simples local de nascimento mas como uma Pátria. Era essa a educação que nos davam porque era a que melhor servia os propósitos do regime de merda da altura, embora eu tenha aprendido a distinção entre o que implica o amor a uma Pátria e o fanatismo inerente ao nacionalismo exagerado e me acredite capaz de não trair qualquer das minhas convicções por abraçar esse amor que nos incutiam.

Contudo, essa Pátria que amo é uma realidade completamente alheia à que vivo nesta altura enquanto português porque está a ser gerida por gente sem qualquer tipo de semelhança com pessoas que identifico na condição de meus conterrâneos.

E dessa gestão apátrida por gente canalha estão a resultar coisas tão indignas como o absoluto desprezo pela fase terrível que a maioria de nós atravessa.

 

Tempos atrás tomei a desconfortável decisão de me desfazer de um bem imóvel, tentando remediar o impacto da crise no meu quotidiano, não sem antes me dirigir à repartição de Finanças para me informar acerca das questões fiscais associadas.

Nessa altura referiram-me que dois anos depois seria tributado pela mais-valia. Mas, para minha surpresa, constatei à posteriori que seria no ano seguinte ao da transacção que a martelada me atingiria.

Foi mesmo uma surpresa e virou do avesso todas as contas e expectativas para o ano em causa, a ponto de nem ter conseguido reunir a quantia necessária para liquidar o montante de imposto que me era exigido.

Percorri então o calvário do pedir batatinhas e lá fizeram o obséquio de me permitir a liquidação do imposto surpresa (por erro de informação prestada por um funcionário público) em prestações nada suaves quando somadas a outros compromissos assumidos.

 

Um Estado canalha, de má fé

 

Dessa aparente compreensão do Estado perante o mau momento dos cidadãos que o sustentam caiu-me mal a exigência de uma garantia, bancária ou outra, para acautelar a dívida em apreço. Note-se: uma garantia só pode aplicar-se a um bem que a possa salvaguardar e se a pessoa está em aflição por ter vendido esse bem só pode recorrer a duas alternativas: um seguro de caução quase impossível de subscrever ou uma garantia bancária igualmente dispendiosa e naturalmente dependente do estatuto da pessoa em crise junto da instituição. Ou seja, um beco sem saída típico dos presentes envenenados que um Estado de má fé oferece a quem lhe dá os flancos por não optar por uma existência não contribuinte à conta da economia paralela.

 

Claro que não pude obter a garantia em causa e disso dei conta na mesma repartição de Finanças onde antes me tinham induzido em erro mas que, azar, é a da minha área de residência (Sacavém). Que estava tudo bem, interessa é que nunca falhe com alguma prestação, o único problema da falta de garantia será o de não poder voltar a receber reembolso do IRS enquanto a dívida não estiver liquidada por inteiro. A custo, não falhei uma única prestação até à data mesmo sentindo na pele a ausência do tal reembolso relativo às retenções na fonte das quais não posso e até hoje não quis escapar.

Ou seja, nesta fase já me tinham entalado com uma informação errada que implicava mais um compromisso mensal que só me dificultava a vida num momento particularmente difícil.

 

Um Estado sem escrúpulos, chantagista

 

Hoje, para meu espanto, aprendi que vale a pena exigir prestadas por escrito todas as informações prestadas pelos funcionários das Finanças ou gravar as conversas com os mesmos. Aprendi que o Estado é incompetente, é aldrabão e é perigoso quando munido de poderes acima dos que lhe devemos conceder sobre a vida dos cidadãos contribuintes.

Aprendi que esse Estado sem palavra, pelo menos na boca de diversos dos seus funcionários públicos, pode acordar mal disposto e chegar a qualquer conta bancária, individual ou conjunta, e penhorar o que lá houver. E isto com base em alegados avisos prévios que nunca chegam a acontecer: recebi uma carta (que referia ser a terceira) no mesmo dia em que a penhora aconteceu.

Descobri entretanto que, mesmo não falhando com o compromisso assumido de pagamento em prestações, enquanto a situação da penhora se mantiver, enquanto a dívida não for liquidada na totalidade, perderei o direito a qualquer tipo de dedução fiscal.

É essa a chantagem descarada com que o Estado acabou de me confrontar, depois de me induzir em erro com uma falsa compreensão do problema que me permitiu diluir em prestações mensais.

 

Só me falta perceber se os montantes penhorados de várias contas farão a diferença entre conseguir manter sob controlo os meus vários compromissos mensais ou entrar num incumprimento provocado, nem mais nem menos, pelo Estado que se tornou na maior ameaça à nossa existência social, substituindo-se à banca nesse particular.

Mas já percebi que esta gente que se apoderou do destino da Pátria que amo está a transformá-la numa realidade bem distinta de tudo aquilo que representa o sentir português que, como os hipócritas que elegemos tanto elogiam, é reconhecido como solidário nos momentos de maior aflição.

 

E por isso mesmo a partir desta data declaro guerra sem quartel, sob todos os meios que a Lei e a Democracia me concedem, aos miseráveis bandalhos que estão a destruir nos princípios mais elementares a alma da minha Nação.

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