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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

10
Nov12

A POSTA NUMA VIDA DESPEJADA

shark

Uma cidadã espanhola não suportou a pressão durante uma acção de despejo e suicidou-se, lançando-se da janela. Esse gesto desesperado, infelizmente não inédito, é o último degrau de uma escadaria que se desce aos trambolhões. A banca, inflexível, assume as regras normais de funcionamento do mercado perante circunstâncias excepcionais da existência de pessoas e de nações, mobilizando todos os recursos ao seu dispor em nome de valores que se colocam no patamar superior de uma hierarquia que, na prática, esmaga as vidas de quem comete o supremo pecado do incumprimento.

Os valores de topo são patrimoniais. E perante essa verdade que estas mortes nos gritam, saímos aos poucos de uma espécie de coma induzido e despertamos para uma realidade feita de monstros financeiros que formatam seres humanos ao ponto de estes desprezarem, escudados por uma obrigação profissional, os dramas pessoais dos seus semelhantes.

Números. Lucro ou prejuízo. Sentimentos proibidos num jogo onde não cabe a palavra perder, mesmo que isso implique alguém ter que morrer de desgosto, de aflição. Pessoas. Lucro ou prejuízo. Contratos para cumprir, execução de hipotecas, sem tempo a perder no cumprimento da Lei que protege os interesses superiores, os da maioria do capital que não chora porque não vê. Porque não precisa, escudado pela definição de prioridades que contraria o pressuposto do bem comum que é traído pela soma dos males que o sistema dispara quando chega a hora de se defender.

Parece que mais vale alguém morrer do que abrir os precedentes que possam corromper a afinação do mecanismo cobrador, o bom funcionamento de uma máquina impiedosa e sem margem de manobra para excepções.

Frieza capitalista que se assume terrorista por saber que o medo é um método eficaz. E as forças da ordem avançam como aríetes, mais os legítimos representantes de um poder conferido pela Lei que não protege os cidadãos mas sim as instituições mais sagradas, os símbolos mais destacados de um sistema desenhado para benefício de uma minoria sem escrúpulos. Arrombam as vidas dos que entendem prejudiciais, não cumpridores daqueles que são afinal os valores que nos tiranizam, que aos poucos nos escravizam pelo temor da exclusão social dos que apenas lutam pela sobrevivência.

 

E depois de acossados por todos os meios, sem escrúpulos ou consideração, alguns já nem a força para essa luta conseguem reunir.

06
Nov12

A posta nas ideias brilhantes e nas fontes luminosas

shark

Recebi, entre uns quantos forwards, um email (sem autoria identificada) com o sugestivo título de Aos poucos tudo se sabe a informar que o líder do PS, António José Seguro, e passo a citar, foi um dos professores (da Universidade Lusófona) que ASSINOU a Licenciatura do dr. Miguel Relvas.

Costumo ignorar este tipo de mensagens sem proveniência clara mas esta prendeu a minha atenção, acima de tudo pelo facto de me cheirar a esturro em matéria de motivações.

Decidi então averiguar a proveniência dessa “notícia”, ou pelo menos a respectiva fonte de inspiração ou de “legitimação”. Segui-lhe o rasto e depois foi fácil dar com o resto.

 

Isto é um blogue. Nos termos da liberdade de expressão que tanto valorizo, e acautelando a hipótese de uma acusação por difamação ou por violação do direito de autor, posso publicar o que me der na telha. Suspeitas, teorias da conspiração, tudo me é permitido porque não tenho obrigações éticas ou legais nem mesmo qualquer compromisso com a verdade dos factos porque isto não é um órgão de Comunicação Social.

O meu grau de responsabilidade é por isso diminuto e essa realidade aplica-se também aos blogues ditos sérios ou de referência, embora a exigência de credibilidade aumente nas expectativas dos leitores.

 

Contudo, ao encontrar a fonte primária da informação não acreditei que proviesse dali a “legitimação” para o tal email e isto precisamente porque as páginas pessoais do Facebook têm um estatuto semelhante aos blogues enquanto fontes fidedignas de informação. Os boatos, nomeadamente os que podem fazer a diferença em matérias relevantes, carecem sempre de algum tipo de fundamento (por exemplo, a lógica do só ouvi dizer mas foi da boca de alguém acima de qualquer suspeita) e o deste email em concreto encontrei-o aqui, num jornal dito sério e de referência.

 

As fontes mais seguras para meter água

 

Sou do tempo em que os chefes de redacção davam uma vista de olhos em tudo o que havia por publicar, precisamente para garantirem a credibilidade da publicação cujo compromisso com a verdade andava sempre braços dados com a responsabilidade inerente à divulgação (e consequente amplificação) de quaisquer factos.

Era essa a diferença entre um jornal e um pasquim e deveria ser nesta altura a distinção entre um periódico de expansão nacional e um blogue como o meu.

Porém, o jovem cronista citou algo que encontrou na net sem verificar a respectiva autenticidade. Na prática ouviu dizer e bastou-lhe a credibilidade do suposto estatuto de professor universitário do cidadão que lançou a atoarda no seu espaço virtual para o considerar digno de citação num jornal e sem que alguém tivesse, espero que apenas por incúria, forçado a verificação de autenticidade da informação ali contida.

 

A partir daí, e porque um jornal ainda é uma coisa séria, a “notícia” começou a espalhar-se pela blogosfera, tanto nos posts ingénuos ou mal intencionados como nas caixas de comentários (com recurso ao decalque do email que dá origem a este lençol) e a mentira repetida começou a ganhar contornos de verdade insofismável.

O boato ganhou pernas para andar e não faltarão interessados em vê-lo correr a galope pelo terreno fértil da difamação da classe política tão do agrado popular e mesmo, veja-se o exemplo de Sócrates gatuno, corrupto, gay e mais uma data de verdades forjadas que nem a Justiça conseguiu confirmar, dos interesses político-partidários mais obscuros.

 

Uma verdade inconveniente?

 

Agora vamos aos factos e arrumemos a questão:

 

António José Seguro, um fulano que não aprecio e no qual jamais votarei, nunca frequentou a Universidade Lusófona como aluno ou como professor, mas sim a Universidade Autónoma. E mesmo nesta não pertencia ao Conselho Científico pelo que nem ali poderia assinar licenciaturas seja a quem for.

 

Isto é um blogue e eu não sou jornalista, não tenho qualquer dever de apurar factos com rigor e de os descrever com imparcialidade e isenção.

Mas bastaram-me dois telefonemas para validar esta informação.

05
Nov12

A POSTA SÓ PARA ABRIR CAMINHO

shark

Nem na estupidez a pessoa precisa de ser demasiado óbvia. Sim, é possível manter a estupidez num nível relativamente discreto. Pelo menos consegue-se confinar o problema ao domínio privado, evitando a partilha (o contágio?) com os que mesmo sendo próximos devem ser mantidos fora dos dilemas que a estupidez sempre suscita.

 

Uma das mais evidentes manifestações de estupidez é a insistência em determinados erros, já depois de diagnosticados nessa condição. Ou seja, a pessoa reconhece a estupidez que protagonizou mas insiste em alimentar os factores necessários para acabar por repeti-la. E isso eleva o nível da estupidez a um patamar que deixa a pessoa em maus lençóis perante si própria, confrontada com a evidência de que a coisa é crónica e não um fenómeno passageiro como todos atravessamos algures ao longo de uma existência preenchida.

 

Sempre que erramos existe apenas, em termos racionais, um benefício possível: aprender uma qualquer lição. Mesmo para a pessoa mais estúpida é quase impossível não assimilar aquilo que até o gato escaldado conseguiu, é um desperdício repetir um erro quando não escasseiam opções nessa matéria, evitando sair escaldado (o felino ou qualquer outro animal) quando pode perfeitamente sair embaraçado, constrangido, arrependido, seja o que for que constitua uma variação relativamente ao desfecho de outros momentos de estupidez, involuntária ou não.

 

A única forma de contrariar a má influência da estupidez é ir tapando os buracos por ela deixados ao longo do percurso, evitando assim no presente os futuros tropeções em asneiras passadas. É um raciocínio elementar, ao alcance até de uma pessoa tendencialmente estúpida, e que deve prevalecer de entre todas as consequências que a estupidez possa acarretar.

Agindo dessa forma sensata e prudente, a pessoa sente-se um nadinha menos estúpida e isso já faz valer a pena o esforço mental requerido para as conclusões mais elementares.

Parece simples, posto desta forma. E é.

 

Assim sendo, e porque hoje é segunda-feira (algo que influencia sobremaneira o discernimento da pessoa, estúpida ou não), resta-me desejar-vos, aos poucos que por aqui ainda passam, uma semana decente e ao longo da qual consigam rentabilizar o potencial desta posta como eu próprio o tentarei.

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