Utilizar este extraordinário veículo de comunicação para difamar pessoas é algo de tão errado que nem se justifica tentar explicar porquê.
Porém, a liberdade de opinião permite-nos de forma legal destilar qualquer embirração pessoal, sobretudo quando a pessoa em causa personifica muito do que de errado encontramos em áreas sensíveis para qualquer país.
Um dos pilares da Democracia mais corroídos pelos males que nos afectam é a Comunicação Social, nomeadamente pela concentração em grandes grupos (o caso Murdoch deixa-nos conversados), pela falta de critério na selecção de prioridades noticiosas e, de uma forma geral, pelo desrespeito crescente que o Jornalismo fomenta com uma notória e progressiva perda de qualidade e, acima de tudo, de isenção.
É nesta última que encaixo o meu ódio de estimação, passe o exagero, por um indivíduo inenarrável que dá pelo nome de Mário Crespo.
Um jornalista deve ser objectivo, rigoroso, imparcial. Deve também saber o seu lugar quando no exercício da função, o da pessoa que noticia e não o centro das atenções. E deve ainda, quando exerce num meio de CS como a televisão, possuir uma boa imagem televisiva (tal como se evita locutores de rádio com problemas de dicção, não por discriminação mas por ser lógico e razoável).
O Mário Crespo falha em toda a linha.
Não é objectivo porque altera o eixo de gravidade da notícia em função do seu critério pessoal, enfatizando aquilo que entende relevante e não o que de facto é. Não é rigoroso porque investigação, confirmação de idoneidade das fontes ou da veracidade dos factos noticiados são tarefas que nem deve lembrar-se como se executam, ficando portanto à mercê do rigor de terceiros. Não é imparcial, de todo, e não esconde a hostilidade para com tudo o que mexe à esquerda da sua própria corrente ideológica que insiste em impor como barómetro da verdade que o Mário Crespo anseia anunciar como uma boa nova, a sua e por isso a mais acertada.
O Mário Crespo é um fulano com quem facilmente se embirra, nem que seja pela diferença de tratamento que sua alteza aplica aos entrevistados em função da sua simpatia pessoal ou da reverência tantas vezes excessiva mas sempre traída pelos apartes típicos de quem agarra o posto pela antiguidade e se acha montes de importante, um opinion maker de polichinelo a perder-se numa função que o impede de brilhar à altura da convicção firme que a postura alardeia.
É um fenómeno inexplicável da televisão em Portugal, uma espécie de Artur Albarran mas sem o carisma e o look necessários para ser apresentador de sucesso em programas de terceira categoria.
O Mário Crespo, e deixei de forma intencional para o fim este item da minha embirração pessoal com o individuo em causa, é feio e tem expressões faciais que acentuam essa sua característica, pelo que só mesmo o talento poderia justificar-lhe a carreira televisiva e esse eu nunca consegui distinguir por entre as doses maciças de lapsos, de excessos, de incorrecções e de lugares-comuns que brotam daquela figura quase sinistra.
Mas de todos os defeitos que lhe possa encontrar para poder sustentar a minha falta de apreço pela pessoa, vou sempre destacar o que ele representa de negativo num contexto em que o país precisa mais do que nunca de profissionais sérios, independentes e mais interessados nos factos dos outros do que no mal disfarçado esforço de promoção pessoal, em busca de uma notoriedade e de um estatuto que, no caso em apreço, nem mesmo a exposição mediática que muitos dispensávamos conseguirá algum dia granjear.