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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

22
Abr12

A POSTA QUE DO ICEBERGUE JÁ SÓ FALTA A PONTA

shark

Perante esta situação medonha que se expõe na troca de argumentos entre a Ministra da Justiça e o Procurador-Geral da República, deixando no ar um cheiro a esturro que bem pode ser o da fogueira da credibilidade do sistema, nenhuma teoria da conspiração se justifica.

Precisamente porque já estão todas antecipadamente validadas pela proliferação incessante de casos práticos, sempre mais elaborados do que o mais fantasioso e pessimista supônhamos.

17
Abr12

A POSTA QUE NO MÍNIMO FAÇO UMAS CÁBULAS

shark

Era um casal desavindo e um dia discutiram e o marido atirou a matar, porque lhe acertou no pescoço, mas falhou a intenção e acabou numa prisão por oito anos que já cumpriu.

A pena dela pelo desacerto na escolha de companheiro foi outro tipo de prisão, uma cadeira de rodas, mas para a vida inteira.

 

Agora ela, a vítima, encontra-se completamente à mercê do agressor e de um seu eventual milagre da regeneração ética e da reinserção social que, surpresa, nunca pagou a indemnização estipulada pelo tribunal.

Agora ela, a vítima, anda a recolher donativos para uma cadeira de rodas eléctrica enquanto o advogado residente do programa explica como ela poderia e deveria reclamar isto mais aquilo a que tem direito pela Justiça, logo a seguir à explicação detalhada da impotência do sistema para proteger as vítimas sem existirem indícios claros da ameaça.

Ou seja, sem acontecer o pior.

 

E então ela, a vítima, ali esteve, num programa da manhã da RTP1, a tentar o trampolim mediático para a generosidade de sofá, obrigada a assistir à aprendizagem dos outros, ingénuos, acerca da vulnerabilidade absoluta a que o Estado, a Justiça, nós todos, condenamos quem tenha a desdita de vestir a pele do agredido e não a do agressor.

 

A mim calhou ver a coisa assim de raspão.

E recuso-me a interiorizar essa lição.

16
Abr12

ERA UMA VEZ UM REI DE PORCELANA NUMA LOJA DE ELEFANTES

shark

Séculos atrás a existência era vivida em diferentes planos, em diferentes dimensões, em função do grupo em que as pessoas se inseriam. Era o clero, poderoso por controlar o conhecimento e assim manipular a seu bel prazer a opinião pública desses dias, era a nobreza, poderosa por controlar o dinheiro e a esmagadora maioria dos bens imóveis, ambas ainda mais poderosas por partilharem a gestão política, e depois havia o povo, esmagadora maioria, que dava jeito para trabalhar e para guerrear quando convinha a quem mandava.

Carne para canhão, em termos práticos.

 

Nos nossos dias vendem-nos a ideia de que as coisas mudaram. Acabou a monarquia, acabou a nobreza e o clero já conheceu melhores dias em matéria de influência.

O problema é que não acabou uma coisa chamada dinheiro. Pior ainda, não acabou e escasseia imenso entre a esmagadora maioria, o povo, algo de muito eficaz para despertar consciências.

De repente percebemos todos, não há como uma crise a sério, que regressaram os dias em que a sociedade se dividia em classes, em castas, em elites, em autênticas cortes a quem passam ao lado os dramas populares, as aflições dos pelintras a quem espremem as poupanças e o resto como um xerife de Nothingham gigantesco, seja pela via fiscal ou pela via tradicional que sempre consistiu na desfaçatez oportunista por parte de quem tem que é quem pode, neste tempo como em qualquer outro.

 

Os galhos e os macacos

 

A existência volta a assumir de forma descarada as tais dimensões distintas em função dos grupos em que nos inserimos, com a liderança confiada a quem presumimos capaz de entender as dificuldades dos outros e de, enquanto modelos a seguir, adaptarem a sua conduta à conjuntura para exibirem algum tipo de solidariedade, a que se puder beber a conta-gotas do maior recato por parte dos que mandam.

Depois de ouvir o Primeiro-Ministro, o nosso, a divulgar aos microfones a sua certeza nas férias do costume, tudo como dantes no seu casulo livre de sobressaltos no final de cada mês, fiquei com a clara noção de que aflição é um conceito relativo no patamar em que, eleitores, povo, colocamos meia dúzia de nós para nos valerem com a sua sabedoria, a sua capacidade decisória mas também a sua sensibilidade para os problemas alheios que, por inerência de funções, deveriam abraçar como seus.

Não abraçam.

 

O nosso PM, que no meu bairro do Charquinho faria parte do que apelidávamos de betinho ou betoso, é igualmente totó e por isso expôs a sua vidinha santa num raro momento de sinceridade de inspiração balnear e percebemos todos que a crise a sério não passa por ali.

Contudo, aqui ao lado os vizinhos não estão a passar melhor. Com um quinto da força de trabalho desempregada e com as finanças a resvalarem para o alcance do afiado cutelo dos especuladores e agências de rating os espanhóis, os que são povo, esperariam dos seus líderes o mesmo que nós: apenas um nadinha de pudor.

Será melhor esperarem sentados, pois enquanto a esmagadora maioria vê fugir o chão sob os pés sua majestade, a deles, meteu os seus pelas mãos e espalhou-se ao comprido na savana onde podia andar a caçar gambuzinos ou outra actividade mais na onda do chá de caridade mas entendeu, presidente honorário de uma associação ambientalista, andar a caçar elefantes à conta do povo aflito para lhe sustentar tais vícios.

 

Com esta história dos elefantes é natural que os espanhóis fiquem de trombas, de tal forma ficou à vista o tal universo paralelo por onde deambulam os poderosos enquanto a esmagadora maioria, o tal de povo, sofre as consequências dos desmandos de algumas dessas elites (não apenas ibéricas) que mexem os cordelinhos e fingem fazê-lo pelo bem comum embora apenas quando isso não interfira no jogo de golfe marcado para a mesma semana.

 

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