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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

05
Fev12

A POSTA FICCIONADA QUE QUALQUER SEMELHANÇA COM A REALIDADE É VIRTUAL

shark

- Porra, pá, que isto da internet está a tornar-se muito desagradável.

- Então, que se passa?

- É a toda a hora e a todo instante, um gajo a ir por um caminho na Comunicação Social e eles a darem cabo de tudo e a irem por outro nas redes sociais e o caraças, pá. Isto é um inferno!

- Tem calma contigo, colega, isso é coisa que pode ser resolvida como temos feito nos outros canais de propaganda ao dispor.

- Pois, eu já ouvi falar de algumas alterações nesse sentido...

- Vês? É só uma questão de tempo até lhes cortarmos o pio, a intimidação produz efeitos extraordinários nas multidões mais apáticas. Basta irmos apertando o cerco, nem precisamos de fazer à descarada como nas ditaduras. E só por isso já nos distinguimos delas, as ditaduras.

- Tou a ver, é como arranjarmos pretextos de treta para matarmos pessoas nesses países. Pelo menos arranjamos os pretextos e isso faz a diferença.

- Claro que faz toda a diferença, isto de governar em democracia tem que ser gerido com mais inteligência. Por isso já estamos a tratar de obter pela lei, nisso da internet, o que os outros impõem pela força. E acabamos na mesma com a única oposição ao nosso esquema digna desse nome, que o líder da oposição institucional, mesmo a afirmar que estamos a destruir a Pátria, já deixou claro que só pretende o tacho lá mais para 2015. Até lá podemos partir à vontade que ele depois recolhe os cacos na boa. É limpinho. Até empresas privadas. E temos do nosso lado na forma de fazer as coisas o bom exemplo de uma liga de combate à pirataria, uma irmandade de fazer corar de inveja o Lord Nelson. São uma frota pequena, mas com nomes sonantes e muito empenhada!

- Nota-se a motivação, é?

- Não, nota-se o desespero de causa. Está mesmo muito empenhada. Mas isso não diminui o brilho do seu sentido de oportunidade. E juntando meia dúzia de caras conhecidas acaba por induzir o público a reconhecer legitimidade à coisa, o que acaba por nos abrir as portas para as podermos fechar.

- Realmente, silenciando esses poucos palermas da internet acaba-se a contestação que ainda resta. Só é pena eles depois ainda poderem recorrer aos sms para organizarem as suas caldeiradas, como fazem na Grécia e na Primavera Árabe...

- Ó colega, francamente... Então porque julgas que se fala de gente das secretas de alguma forma ligada às empresas do ramo?

05
Fev12

A POSTA EM MAIS UMA BATALHA PERDIDA

shark

Nem Salazar, esse homem austero e pouco dado a folias, seria capaz.

Mas da mesma seita que matou a Feira Popular não deveria surpreender o entusiasmo por repescarem, com a crise mascarada de pretexto, uma ideia peregrina que o seu antigo guru agora Presidente não fez vingar: matar o Entrudo.

 

Se há coisa que me deixa intrigado é a multiplicação de apoios ao fim de feriados, sobretudo quando provindos de trabalhadores por conta de outrem, precisamente aqueles que só têm a perder com a história.

Ao fim de um feriado, como os factos (e os números) cuidarão de provar, não corresponde necessariamente um aumento da produtividade do país mas apenas um aumento do número de horas de trabalho sem contrapartida na remuneração das pessoas. Dito por outras palavras, é uma medida que encaixa na perfeição nos interesses das entidades patronais e deita por terra mais uma conquista sacada a ferros na ressaca da revolução que tarda a acontecer outra vez.

 

À morte do Carnaval como o actual Governo tenciona decretar vão corresponder, isso sim, a agonia dos corsos que um pouco por todo o território animam as economias locais, a contrariedade dos mais foliões que nunca deixarão de sentir isto como uma perda, o desânimo de um povo que em tempos depressivos é cada vez mais privado dos recursos para sorrir.

O fim desta tradição integra-se na aniquilação sistemática de tudo quanto sirva de válvula de escape para o quotidiano medonho de quem enfrenta a pior crise em décadas, na destruição deliberada de prazeres populares que em nada servem os desígnios dos que vivem à custa da distribuição dos lucros que orientam agora todas as decisões dos lacaios de poderosos em desespero de causa.

 

Depois do dividir para reinar, essa receita infalível para o sucesso de poderes interesseiros que já vergou a unidade sindical e retalhou o espectro partidário à esquerda ao ponto de permitir, por duas vezes, a eleição de um candidato presidencial chamado Cavaco Silva, vem o quebrar da espinha a uma realidade que denominamos de classe trabalhadora.

Essa guerra sem quartel da finança oportunista contra tudo quanto se revelou hostil noutra conjuntura avança sobre um campo de batalha pejado de guerreiros sem alma, sem liderança, e também de cobardes seguidistas, desertores que tentam salvar a pele num clássico intemporal de traição.

E se a linguagem se torna belicista é precisamente porque às vezes o povo só acorda quando sente no rabo a picada das baionetas repressoras do inimigo.

 

Se ainda não sentiu, há razões para temer que tenha mesmo morrido.

03
Fev12

METROS DE VIDA

shark

O homem mergulhado num mundo alcoolizado e a mulher que o segue com o olhar perdido naquilo que poderia ter sido mas já nem ousa ambicionar.

A mulher entediada com a vida pautada por rituais e o homem que a acompanha pelos caminhos habituais sem sorriso nos lábios nem chama no olhar.

O homem isolado num planeta desabitado e a mulher que o carrega pelos atalhos da vida sem ser por isso reconhecida na condição de amparo derradeiro, de tábua de salvação à deriva sem alguém que sobreviva para a justificar à superfície daquele mar que tudo afoga, esperanças, ilusões, memórias de campeões de um passado entretanto obliterado pela decadência etilizada, pela consciência entorpecida aos poucos até pouco ou nada interferir na passada titubeante ao longo do caminho para sítio nenhum.

A mulher desanimada com a vida marcada por horários que a orientam pelo meio de um estranho nevoeiro de desejos imaginários que compensam a realidade enfadonha tão diferente da que sonha, acordada, enquanto dura a caminhada lado a lado com um jovem que no passado a entusiasmou, o olhar vivaço que ela amou e agora parece ter desaparecido do rosto envelhecido daquele burguês adormecido durante a viagem para o local costumeiro onde gastam o dinheiro que algures preencheu o espaço dedicado pelo jovem apaixonado até nada restar naquele rosto, naquele olhar embaciado pela ausência do amor que entretanto esqueceu.

 

A vida que entretanto se perdeu, esbanjada por tudo aquilo que a manteve afastada do rumo original, descarrilada pela força da gravidade de acontecimentos imprevistos ou pelo desvio nos objectivos propostos que se transformaram em desgostos, em transporte público, ir e vir, das expressões em rostos privados da vontade de sorrir.

02
Fev12

A POSTA QUE JÁ FOI ASSIM

shark

Desde o princípio dos tempos blogueiros, um dos estilos mais apreciados foi sempre o que apela à atribuição mental de carapuças com base num exercício de maledicência em torno de um alvo com contornos difusos.

Será que se está a falar de fulano? Será que se está a referir a sicrana? Merda, isto parece mesmo acerca de mim...

 

Embora não esteja ao alcance de todos, a habilidade para enviar um recado subliminar a um ou mais pequenos ódios de estimação sem, paradoxalmente, lhes destapar a careca enfiando-lhes a carapuça constitui um esforço criativo digno de registo e merece, quando inteligente, a minha admiração.

Para construir uma posta dessa natureza, uma catapulta de palavras instalada numa fortaleza de rodeios em manhã de nevoeiro, são necessários alguns ingredientes difíceis de reunir num mesmo espaço (de tempo).

A receita deste cocktail de insultos que, depois dos 40 mil euros do médico que explicou a medicina a intelectuais mas algures foi sincero demais, tem caminho aberto para reconquistar um lugar ao sol em html, inclui uma colher de sopa de pachorra, cinco litros de emoção mal contida (convém manter em lume brando para não levantar fervura), dois dedos de testa bem medidos, um pacote de vocábulos fortes e originais mas de fácil digestão e uma pitada de humor para apimentar a coisa ao ponto de provocar um pequeno laivo de rubor no/na visado/a.

O pitéu é servido frio, em sintonia com uma das suas mais costumeiras motivações, como aperitivo para o banquete que resulta quando se encontram à mesa catedráticos/as ou como brinde surpresa.

 

Claro que este exercício de camuflagem de um ou mais alvos acaba por despertar interesse a um grupo restrito, nomeadamente o(s) visado(s), um reduzido séquito de fervorosos seguidores e, naturalmente, o próprio autor da coisa. Este último, aliás, finge ignorar que o gozo obtido pode não passar de uma ilusão, a de que alguém irá entender pevas do que lhe pareceu um acto brilhante mas afinal resulta quase sempre falhado.

Contudo, a maioria das pessoas que blogam é composta por gente de fé.

 

A fé de que algures entre a meia dúzia de visitas desse dia tenha existido o leitor imprescindível para justificar que alguns escritos publicados não tivessem permanecido na gaveta de onde, em muitos casos, jamais deveriam ter saído.

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