(MA)CEDO POUCO A PORTUGAL
O Ministro Macedo, aparentemente muito indignado, decidiu abdicar de um subsídio qualquer para não ter que perder mais tempo com esse assunto.
A contrariedade manifestou-a pelo desabafo de que iria abrir mão de algo que poderia receber de forma legítima, pelo menos do ponto de vista da legalidade.
E é aqui que uma pessoa percebe a massa de que são feitos estes fulanos a quem confiamos responsabilidades públicas de índole quase determinante para o presente e o futuro do país.
O Ministro Macedo foi eleito de forma democrática, ninguém lhe contesta o poder que detém. Da mesma forma recebia uma mensalidade do Estado que para todos os efeitos a legislação em vigor caucionava.
O politicamente correcto da questão acaba aqui.
Qualquer cidadão a quem é concedida uma oportunidade rara de registar o seu nome na História do seu país, eleito para uma função governativa, deveria entregar-se a essa missão com um empenho e uma generosidade proporcional à gratidão que cada um dos seus eleitores lhe mereceria.
Se do empenho é cedo para aquilatar, a generosidade fica fora da equação com este episódio deplorável da maçada como o Ministro Macedo a exibiu de ter que abdicar de uma remuneração que a Lei até lhe permitia auferir.
O problema dos macedos da nossa classe política paupérrima, grosso modo e salvo raras excepções, é precisamente o de não terem alcance para verem as coisas como as vêem de fora os que se percebem abusados por esta elite cada vez mais indistinta no egoísmo da actuação.
A legalidade invocada pelo Ministro Macedo é rasteira porque em causa está a moralidade que o deveria ter impedido de reclamar ou mesmo de aceitar a verba em causa, porquanto legitimada pela legislação que os macedos deste país constroem em benefício próprio, mesmo quando não podem renegar a sua responsabilidade directa no incumprimento de funções que também passam pelo evitar dos desmandos que quase levaram a Pátria à ruína.
Quando deveriam ser os primeiros a arregaçarem as mangas e tentarem lavar a má imagem provocada pelo seu mau desempenho e/ou dos seus pares acabam por surgir nas parangonas expostos como chupistas, precisamente aqueles cuja proliferação transformou a Nação num poço sem fundo de corrupção, de negligência, numa sociedade feudal onde os falsos heróis jamais empunhariam uma espada pelo país que (es)partilharam entre si.
O Ministro Macedo tem casa própria em Lisboa, onde trabalha, mas sentia-se no direito a uma retribuição por possuir morada em Braga, ou na Pampilhosa, tanto faz.
Outros membros do Governo recebem idêntica compensação devida aos que comprovadamente dela necessitassem, sobretudo em tempo de crise, mas imoral em tempo difíceis quando se sabe que salários e mordomias destes traidores à Pátria os compensam bem do sacrifício de serem os escolhidos para um papel só para eleitos, só para mulheres e homens capazes de distinguirem o valor intrínseco de uma manta rota de uma legislação sem rigor e o do manto precioso da reputação íntegra que só uma postura ética e moral irrepreensíveis podem garantir.