A minha relação com os veículos automóvel foi sempre pautada pela influência nefasta do calor.
Foram muitas as ocasiões nas quais abri o capot para, sem grande surpresa aí a partir da terceira vez, constatar o fumo branco do vapor que me anunciava o sobreaquecimento e consequente despesa no mecânico. E essa nem era um mal em si, pois foram vários os casos em que a sucata seria o destino final das máquinas a quem o meu pé pesado derreteu os interiores.
Nem posso apontar o dedo a esta ou aquela marca e/ou modelo em concreto. Desde o meu velho Vauxhall Viva a quem guisei duas juntas da cabeça até ao mais recente, um Opel Astra que também por duas vezes encostou à box, vi ceder ao calor humano que emana da minha condução um Rover e perdi a conta aos Citroën (julgo terem sido três) que viram os seus dias terminarem com o ponteiro da temperatura no vermelho que lhes denunciava o fim.
Claro que depois de uma pessoa reparar na multiplicação de sobreaquecimentos acaba por somar dois mais dois e perceber que o problema não é mecânico mas psicossomático e a solução consiste em evitar o calçado de chumbo que nos empurra o pedal do acelerador para lá do limite razoável.
Porém, esta nostalgia volante serve apenas para vos enquadrar no contexto do meu problema calorífero que na verdade já alastrou a outro tipo de maquinaria e é dessa que esta posta visa tratar.
É que se no caso dos automóveis um gajo acha que até faz sentido a coisa ressentir-se do abuso da respectiva capacidade, noutro tipo de material menos... circulante não estamos preparados para enfrentar a mesma limitação.
O meu último portátil (de saudosa memória) foi um IBM. Prestou serviço ao longo de quatro anos de utilização intensiva e acabou por baquear mesmo às portas da obsolescência quando se finou o disco made in Taiwan que tanto me desiludiu quando finalmente conheci as entranhas do suprassumo da batata frita americana e descobri a fina flor asiática que não me passava pela mona poder rechear um equipamento topo de gama.
Quando concluí ser ideia tonta recuperar o dito tentei sondar junto de profissionais a melhor opção e todos, sem excepção, me recomendaram os Toshiba. Por causa da assistência técnica, diziam.
E assim acabei por investir mais três ou quatro anos da minha computação móvel num Satellite de gama média (cerca de 900 euros de material), sempre na esperança de que nunca precisaria de recorrer à tal assistência técnica xpto que tanto me gabaram.
O que tem isto a ver com os aquecimentos dos motores nos automóveis de que vos falava acima?
Tudo.
É que os Toshiba, descobri agora, têm como calcanhar de aquiles precisamente aquilo que constituiu o meu fantasma em matéria auto.
Por isso me sinto na obrigação de alertar quem evite as marcas mais baratas e pretenda optar por um Toshiba: é o equivalente a adquirir um carro novo com tiques de usado com imensa quilometragem. Basta um software mais pesado, um jogo de computador de 2004 sem mariquices 3D, por exemplo, e nem uma ventoinha suplementar vos poupa ao desligar sem aviso prévio do vosso portátil quase novo mas já sem garantia.
E depois é o equivalente a um gajo dar consigo de colete fluorescente vestido na berma da estrada à espera que o motor arrefeça para poder prosseguir a marcha.
Convenhamos que não é o que a pessoa tem em vista quando gasta mais cem ou duzentos euros para evitar maçadas e a Toshiba deveria ter vergonha por ser capaz de lançar no mercado estas chaleiras velhas disfarçadas de portáteis sem explicar à malta que os Toshiba são mais adequados para a Islândia.
Ou ainda mais acima...