Eu tive um amigo a sério, leal, presente, incondicional.
Um amigo a sério, constante, que não hesitava em retribuir um abraço com a manifestação de carinho que lhe era possível, que escutava em silêncio os meus desabafos, orelhas arrebitadas para ouvir cada uma das palavras que parecia perceber, era isso que parecia dizer-me com o olhar porque esse meu amigo a sério, infelizmente, não podia falar.
Mas ouvia e ao mínimo sinal de apuros da minha parte ou de uma ameaça latente fazia sentir a sua presença e não hesitava, provavelmente até a vida dava por mim, o seu amigo principal.
E era, sem dúvida, um amigo a sério, leal, incapaz de trair a minha confiança, dedicado.
Andava comigo para quase todo o lado, insistia que fosse assim. Porque gostava de mim sem reservas, como nunca antes dele ou depois experimentei. Era único, esse amigo que entretanto perdi, depois de muitos anos de convivência, de muitos anos de vida tão próxima quanto seria possível entre dois amigos como nós. E sinto-o insubstituível, acredito mesmo ser impossível voltar a ter um amigo assim, tão fiel aos princípios mais importantes numa relação.
E sim, sinto cada vez mais a saudade do meu cão.