Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

03
Abr11

A POSTA QUE JÁ TE MORDI AS MANHAS

shark

A tristeza, sorrateira, invade a alma como uma cegueira que lhe crava as mãos no rosto e lhe desvia o olhar para tudo o que possa aumentar-lhe a influência e desorientar-nos a passada num mundo da escuridão.

 

A tristeza, matreira, tolda-nos a visão uma vida inteira se lhe concedermos uma hipótese de manipular a realidade, omitindo a verdade paralela a qualquer momento menos bom e que não passa apenas por ter podido ser pior.

Ela esconde tudo, até o amor, que possa desviar a nossa atenção da sua prioridade que afinal é a própria existência, ameaçada pelo conforto que nos traz o discernimento quando pousamos o olhar nas contrapartidas que a vida sempre nos dá.

As cores alegres quando olhamos para lá, para o lado oposto ao que a tristeza nos impinge, tão reais como o cinzento que finge ocupar a totalidade do horizonte quando o céu azul impõe a sua vontade algures com a ajuda iluminada do sol.

 

A tristeza, certeira, sabe aproveitar à sua maneira cada percalço, cada agrura, cada curva descendente da conjuntura para instalar a sua cortina de ferro diante do olhar que funciona como uma janela aberta na cela mais escura de uma prisão e a liberdade impõe-se, a de ser feliz, e essa vontade de escolher contradiz a triste apatia que se instala quando a própria esperança sucumbe à mercê do pessimismo oportunista que se traveste realista para a lógica lhe dar uma mão e recomendar a solidão como panaceia que não passa de outro fio numa teia de cumplicidades emocionais entre a tristeza e seus iguais na cruzada interior pela vitória final sobre os sorrisos e sua influência nefasta no desfecho de uma história que às emoções negativas não convém, pela mesma lógica que as fundamenta, possa acabar bem.

 

A tristeza, foleira, é uma velha carpideira que pinta tudo em seu redor com os tons de uma viuvez encenada de cada vez que precisa disfarçada a culpa que nunca assumirá.

 

Mas essa, embora igualmente solteira, jamais morrerá.

01
Abr11

O MARCO ASSAPAR

shark

Nunca escondi que o gajo é o meu ícone blogueiro. Estou há sete anos nisto e ainda não apareceu um/a capaz de me impressionar tanto como o Marco do Bitaites.

Agora, e depois de uma travessia no deserto de um desemprego que só numa terra de estúpidos poderia manter-se, foi contratado para a equipa do SAPO que assim se consolida como o Real Madrid desta cena e não dá abébias a quaisquer veleidades da concorrência.

 

Fico feliz pelo Marco, que acompanho desde que entrei nisto, e pela rapaziada do Sapo.

Invejo-os pela sorte de poderem partilhar horas de trabalho com um gajo como ele.

E dou-lhes os parabéns por mais esta exibição de bom gosto, de ambição e, acima de tudo, de inteligência.

01
Abr11

A CRISE DO FUTURO - EPISÓDIO UM: NA PIOR ALTURA

shark

Era uma vez…

Bom não era uma vez ou o texto começa a ser disparatado logo na abertura pois a acção situa-se num futuro próximo. (Será uma vez. Não soa bem pois não?)

 

A polícia já havia recuado umas centenas de metros perante a avalanche humana da manifestação contra a crise financeira. Desesperados, milhares de cidadãos convergiam agora para o Parlamento no sentido de reclamarem contra as medidas de austeridade que acentuavam os efeitos de uma profunda recessão em que toda a Europa mergulhara.

Ardiam carros na via pública e muitas montras partidas nas lojas circundantes denunciavam a violência do protesto quando do céu chegou um engenho voador.

 

Todos pararam para assistirem à aterragem do que muitos identificaram de imediato como um OVNI e instalou-se um silêncio impensável minutos antes durante todo o tempo em que se aguardava algum tipo de movimento no aparelho.

Poucos minutos depois, uma porta começou a abrir e para espanto geral uma criatura alienígena completamente diferente das que as pessoas conheciam dos filmes de Ficção Científica saiu da sua nave espacial e pisou a calçada.

Atónitos, manifestantes e forças da autoridade concentraram a sua atenção no estranho tripulante da não menos estranha máquina voadora.

 

De repente ouviu-se um som estridente que muita gente julgou tratar-se de algum dos megafones da manifestação maioritariamente composta por desempregados e pessoas a quem a crise acarretara a perda dos seus bens.

Foi então que o extraterrestre agarrou com uma das suas várias pinças extensíveis algo de parecido com um microfone e aproximou-o mais ou menos da zona do que correspondia ao baixo ventre e abriu-se um pequeno orifício de onde parecia falar.

 

As primeiras palavras foram perceptíveis apenas aos poucos que dominavam o russo e que, entusiasmados, começaram a cantar épicos de esquerda, muita gente convencida de que os seres de outro planeta traziam a salvação.

Mas depressa os técnicos de som ou algo parecido ajustaram o tradutor universal e os milhares de pessoas que aguardavam o inevitável “vimos em paz” começaram a perceber tudo o que o ser disforme dizia:

 

- …e enquanto meros arrendatários deste planeta pertencente à Confederação Galáctica de Proprietários deverão liquidar sem demora as facturas vincendas desde o correspondente a 65 milhões de anos terrestres atrás, aquando da tentativa de cobrança coerciva e consequente acção de despejo do terreno em causa, sob pena de uma nova intervenção nos moldes previstos na Sétima Lei da Apropriação de Sistemas Solares.”

 

O ET fechou o orifício que seria a sua boca e ficou a aguardar uma reacção por parte dos terráqueos diante si e cuja expressão alterada não soube interpretar.

A polícia e o exército, um numeroso contigente entretanto despachado para o local, revelaram-se impotentes para evitarem o linchamento popular.

Pág. 8/8

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2004
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Já lá estão?

Berço de Ouro

BERÇO DE OURO