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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

20
Mar11

OS LÁBIOS LÍBIOS QUE UMA BALA ASSASSINA CALOU

shark

Embora muitos o neguem, a Blogosfera é uma comunidade e reúne pessoas de todo o planeta em torno de uma plataforma de comunicação comum.

Se em Portugal blogar não passa de um mero exercício de liberdade de expressão e criativa, noutros países já se revelou na verdadeira essência para que foi criada.

A Blogosfera é um símbolo de liberdade e ainda que nos países ocidentais essa vertente se encontre relativamente adormecida, em países como a Líbia o esforço de quem bloga é direccionado precisamente para a luta por direitos elementares que temos por dados adquiridos mas as lições do passado, os factos do presente e as perspectivas do futuro desmentem nessa condição.

 

Mohammed Nabous, um jovem engenheiro de telecomunicações líbio, blogueiro apanhado no centro de um furacão daqueles com que a História varre realidades e nos molda novos caminhos, podia ter escolhido o silêncio ou mesmo a deserção.

Contudo, e apesar (ou por isso mesmo) de estar à espera do seu primeiro filho, entendeu lutar com este meio ao nosso alcance por um futuro que queria melhor para o seu país. Foi um dos rostos mais visíveis da revolta do povo líbio, divulgando os factos que aconteciam em seu redor, testemunhando a revolução que se tornou numa guerra civil que acabou por apanhá-lo sob a forma de uma bala de um sniper cobarde quando cumpria aquilo que abraçou como a sua missão.

 

Era um homem corajoso e morreu como um mártir a lutar, entre outros, pelo direito a blogar as verdades que um regime tirano preferiria escondidas.

Merece todo o nosso respeito e nada menos do que o estatuto de um dos nossos mais destacados heróis.

20
Mar11

PRÓXIMO CONGRESSO DO CDS SERÁ REALIZADO A BORDO DO BARCO DO AMOR

shark

O congresso do CDS/PP que deveria ter parado às duas da manhã prolongou-se noite dentro muito para lá do que seria de prever num partido com apenas um candidato à liderança e onde pouco haveria de novo para dizer.

No entanto, a coisa acabou por descambar numa noitada a sério e eu, num gesto inédito e que dificilmente repetirei no futuro próximo, decidi explicar o fenómeno no tom que me parece mais adequado ao folclore daquele partido tão rústico e predominantemente rural:

 

Num congresso dos centristas só para cumprir calendário

O calor das emoções aqueceu o encanto perigeu desta madrugada

Acabaram por esquecer o horário

Passaram o tempo na marmelada.

19
Mar11

A POSTA QUE DÁ TRABALHO LUTAR A SÉRIO POR PORTUGAL

shark

Por diversas vezes deixei bem claro o meu desencanto com movimentos desorganizados e sem objectivos concretos como o que dizem ter nascido de uma canção dos Deolinda.

Será fácil, num contexto de contestação a um líder em concreto mais do que ao desempenho do seu Governo (se tivermos em conta as declarações públicas de muitos políticos e não só), apontar o dedo a todas as vozes discordantes à mobilização popular e conotar cada uma dessas dissonâncias como manifestações implícitas de apoio a um Partido ou a um seu dirigente.

E essa reacção instintiva, sobretudo por parte dos que apenas se tentam empoleirar na onda para surfarem até algum tipo de poder ou de vitória moral que justifiquem a sua existência, constitui apenas mais um dos erros de palmatória de quem tenha conseguido levar o povo à rua para obter coisa nenhuma.

 

Este blogue, como outros nos quais debito prosa, tem registados vários apontamentos que deixam bem clara a minha posição acerca do que se passa e quais os aspectos que gostaria de ver corrigidos por via democrática. E aqui entra a perspectiva prática do que a minha opinião fora de moda traduz: a rua é, como a greve, por exemplo, um último recurso a utilizar para dar voz ao povo e exigir a mudança. Por isso as acções dos povos do mundo árabe estão a ser, na sua maioria, bem sucedidas, porque constituem uma medida de recurso de quem não consegue de todo chegar próximo do poder que pretende substituído.

 

Em Portugal, e ao contrário do que muitos oportunistas e demagogos entusiasmados preconizam, as formas de luta democráticas não estão esgotadas. Apenas não são utilizadas por preguiça e pela intervenção subversiva de revolucionários de pacotilha a quem, mais do que a defesa dos legitimos interesses da Nação, interessa agitar as massas para obter protagonismo na sequência de hipotéticas vitórias que toda a gente percebeu apenas produzirão nesta altura, e face às alternativas, mais do mesmo ou pior.

 

Esta última constatação parece ser o mote de desmobilização de muitos. Porém, o absurdo destas lutas inócuas contra bodes expiatórios conjunturais reside precisamente na ausência de propostas concretas para o passo seguinte de uma revolução necessária que se tornou agora emergente.

O encolher de ombros expresso na ausência de opções deveria dar lugar à consistência de movimentos locais capazes de alterarem o poder onde ele mais assenta, os partidos políticos, e forçarem a mudança onde ela pode e deve ser promovida: na Assembleia da República.

Nenhuma causa, nenhuma luta, pode ser ganha sem objectivos definidos e planos de acção realistas para o concretizar.

 

Mexam o cu, tomem o poder e façam acontecer a mudança para melhor que tanto exigem

 

Impotentes virtuais, os que descobriram no desespero de muitos a janela de oportunidade para a mobilização das massas teriam a obrigação ética e moral de construirem ou de angariarem de entre os seus melhores quem construísse um plano de batalha eficaz para a guerra que tentam começar sem nexo algum.

Impossível, dizem eles, dar a volta de outra forma.

Calões, chamo-lhes eu, quando sei que menos de um terço dos que estiveram na rua para cantar umas tretas bastariam para tomarem o poder por via democrática.

Como? - perguntarão os que se sentem orgulhosos da sua participação no momento que se queria histórico e que assim não suscitou mudança alguma.

Simples, seus tontos sem coragem para o compromisso: escolham um partido, qualquer partido, da vossa freguesia, do vosso concelho, inscrevam-se em massa como militantes, substituam os líderes actuais e façam melhor!

Uma trabalheira, bem o sei, que lá andei sozinho a pregar aos peixes e a ver o poder real decidido por escassas dezenas de compadres, familiares e amigos do gajo a promover nesse dia.

Mas permite uma revolução sem prejuízo para o país e pela via que a Revolução de Abril criou para o efeito e que mesmo os seus alegados maiores defensores jamais defendem porque lhes pode tocar a eles ficarem sem acesso ao que lhes sustenta as ambições e acaba por os transformar, à esquerda ou à direita, em acrescentos do mesmo sistema que nos flixa o futuro e destrói o país.

 

Se a geração à rasca se reclama tão bem formada e sem oportunidades, como é que de entre tantas cabecinhas manifestadoras não apareceu uma meia dúzia a quererem fazer as coisas como podem e devem ser feitas, quando a Liberdade o possibilita de forma tão inteligente e verdadeiramente democrática, para criá-las?

18
Mar11

NAS LINHAS DA VIDA

shark

As palavras a preencherem o espaço branco vazio, como o ar nos pulmões nas maiores inspirações que até podem nem passar de suspiros.

Uma a uma, ou várias de sopetão, a boca que respira em forma de mão que as solta, as palavras, espalhadas ao acaso pelo pensamento a arfar angústias ou aflições, alegrias ou emoções confusas, perturbadoras, aceleradoras do ritmo do coração e da cabeça, como as palavras depois de libertadas, palavras expiradas para diminuírem a pressão do autor que alimenta a fornalha interior como maquinista de uma locomotiva das antigas, cansada de trilhar um caminho predestinado nas linhas desenhadas por carris imaginários que traçam o destino no chão.

 

Que podem ser lidas pela sua alma cigana na palma de uma mão.  

17
Mar11

WELL DONE!

shark

Acompanho há algum tempo o seu trabalho na Blogosfera e já tive ocasião de lhe manifestar admiração olhos nos olhos.

A Miss Joana Well, uma amiga como a considero, manipula os cordelinhos das palavras e elas escrevem-se intensas como o tubarão aprecia.

Por isso mesmo, e porque é fundamental criar condições para que novos autores com talento consigam publicar, recomendo-vos a aquisição do livro de estréia da nossa colega blogueira, Brinquedo de Estranhos, Marioneta de SonhosAQUI.

 

E não ponderem muito a decisão, aproveitem enquanto há. 

17
Mar11

NOUTRO MUNDO

shark

Sentei-me debaixo das arcadas do sumptuoso edifício para enrolar o meu cigarro. Mal acabei de o acender, um vulto passou por detrás e foi encostar-se ao recanto para comer o que não cheguei a perceber se eram bolachas ou batatas fritas, enrolado numa manta fina.

Voltei-me para trás, olhei-o e sorri e disse boa tarde. A sua reacção foi, e não tenho forma de dourar esta pílula, a mesma do cão abandonado e maltratado que era o meu até ao dia em que o recolhi e aos poucos consegui devolver-lhe uma parte da confiança e da sensação de segurança que o início da sua existência lhe roubou.

Sem emitir um som, olhou para mim com uma expressão no olhar que não conseguia disfarçar o medo que justificava a reacção instintiva de afastar do meu alcance, potencial predador, aquele alimento que terá roubado ou alguém lhe ofereceu.

 

Acabei de fumar e antes de seguir olhei de relance para o sem abrigo, um homem pouco mais velho do que eu, enrolado a um canto, mergulhado num pesadelo que não sonhei porque estava lá e vi.

E enquanto seguia o meu caminho apercebi-me da realidade perturbadora da minha dualidade de critérios, quando se tratou de um cão nem hesitei, e do quanto isso me diz do mundo indigno que estamos a construir.

17
Mar11

E QUEM TEM MEDO ADOPTA UM CÃO

shark

Se alguém nascer e viver dentro de um quarto sem janelas e não tiver acesso a qualquer tipo de informação do exterior acabará por viver na convicção de que o mundo é um quarto sem janelas e dificilmente conseguiremos explicar a essa pessoa, por exemplo, o conceito de céu.

 

Com o amor e a paixão, e apesar de todos os riscos inerentes à experiência dessas emoções grandiosas, a questão coloca-se da mesma forma.

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