QUEM QUER SER MILIONÁRIO/A? É AGORA, MALTA!
Finalmente está a chegar a crise a sério, com os cámónes invejosos das agências de rating a cortarem no que podem (sim, isto tá tudo ligado), despeitados, e os políticos portugueses demasiado distraídos com o apuramento de culpas e de responsabilidades para acordarem a tempo de evitar o pior.
O pior? Isso pensam eles, os pessimistas.
Perguntem a qualquer excêntrico que nunca tenha precisado de apostar no Euromilhões para garantir o estatuto se a sua fortuna nasceu no meio de um clima de prosperidade.
Dizem-vos de imediato que não, que se fartaram de penar em pequeninos, uma crise do caneco, mas acabaram por subir a pulso e hoje olham para a crise com enorme indiferença porque só lhes toca de raspão em meia dúzia de investimentos na Pampilhosa ou nas Berlengas cujas perdas recuperam pelo retorno das Ilhas Caimão.
É verdade, a crise, esse papão que deixa petrificada a maioria de nós perante o susto de um saldo de conta insuficiente para a prestação do carro e logo a seguir a da casa, para não falar dos que nem têm onde ir buscar o suficiente para a conta da mercearia, constitui um mar, um tsunami de oportunidades para os/as mais atentos/as.
No fundo, é só assumir uma postura de contra-ciclo, remando contra a maré que arrasta em sentido oposto os destroços dos náufragos que basta a pessoa ir recolhendo a custo reduzido, quase de borla, para depois atacar a retoma com as mais-valias dessas compras em saldo.
Claro que nesta altura dirão: “e com que instrumento (dinheiro) vamos nós recolher esses dividendos potenciais da desgraça dos outros hoje que nos irá enriquecer amanhã?”.
Ora, isso é uma argumentação pela negativa (pela interrogativa, vá…) daquelas que o nosso actual Governo tem desmentido com veemência e ninguém acredita.
Está tudo sob controlo, não há nadinha, e se acabarem por nos baixar a cotação até ao nível do lixo é só arregaçarmos as mangas e decidirmos se optamos pela co-incineração ou pela reciclagem da coisa e mostrarmos aos lá de fora que nos andam a dar cabo do canastro com quantos paus se faz uma canoa!
Perguntarão vocês nesta altura: “uma canoa? Mas isso não implica o risco de naufrágio de que falávamos mais acima, acabando por nos tornarmos nos destroços que outros recolherão?”
E lá estão vocês a pensarem o pior. Nós vivemos num país de vanguarda, a caminho da auto-suficiência energética, com o melhor treinador do mundo, o melhor futebolista do mundo, o melhor arquitecto do mundo e até podíamos ter o melhor engenheiro do mundo se uns malandros não tivessem levantado suspeitas que nos fez ver mais esse título por um canudo. E só em unidades do Magalhães para guisar temos o suficiente para ninguém passar fome (convém acompanhar com umas batatinhas ou assim) durante uns meses!
Pensamento positivo, malta! Já cá andamos há oito séculos a sacar o guito aos outros para o esturricarmos depois numa orgia consumista, onde é que está a novidade?
Ainda vamos agradecer um dia à oposição esta crise política que nos empurra para o fundo e obriga os outros a intervirem com o seu pilim que o tio Sócrates, esperto o gajo, desdenha para eles quererem comprar. Depois é só arranjarmos maneira de os endrominarmos, fazendo como com o dinheiro da CEE, dando-lhe sumiço em bens de primeira necessidade como carros de luxo e assim, e a vida continua!
Claro que no meio disto tudo vai haver uns quantos chorões a carpirem os empregos que perderam ou as reformas que encolheram.
Mas é aí que entram os gajos que aproveitam para despacharem à grande o stock de lenços em armazém…