QUIOSQUE, ERA O DIÁRIO DE UM
Agora é meu vizinho sapolas.
Vale a pena acompanhar o Pedro Silva, pois ele tem um talento natural para servir de anfitrião nas visitas que nos oferece ao seu quiosque.
É quase como estarmos lá.
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Agora é meu vizinho sapolas.
Vale a pena acompanhar o Pedro Silva, pois ele tem um talento natural para servir de anfitrião nas visitas que nos oferece ao seu quiosque.
É quase como estarmos lá.
...A bibigarice.
Depois de dias a fio a levar com temas tão maçadores e, a avaliar pelos números da abstenção, perfeitamente dispensáveis como política e eleições e essas chatices todas, achei que deveria optar por um tema mais profundo para debitar umas larachas.
E como ainda não tive pedidos para me debruçar sobre a Fossa das Marianas decidi ir mais além e empoleirar-me nessa importante questão que é da vida para lá da morte. Só de raspão, claro...
Bom, o próprio conceito de vida para lá da morte soa disparatado se optarmos por tradução literal e isenta de religiosidade. Bem vistas as coisas, teríamos um ciclo vida-morte-vida outra vez e é difícil de aceitar a ideia de que um ente superior cria pessoas e mata-as para depois as fazer viver outra vez, ainda que sob outra forma e/ou noutra dimensão da existência.
É que isto da morte é uma gaita, pois atemoriza a malta toda (mesmo a que acredita na tal ideia de que depois do fim acontece um princípio num sítio ainda melhor e atafulhado de virgens – nenhum paraíso é perfeito, enfim…) e as pessoas não gostam nada de viver com esse tipo de canga às costas.
Na verdade, isto do medo da morte (uma consequência lógica da consciência de que existe, acontece e não é só aos outros) é um dos preços a pagar por nos termos posto em bicos de pés diante dos nossos irmãos chimpanzés, uma mazela própria da evolução da espécie que por vezes enfrenta os caminhos da existência com o mesmo sentido de orientação de uma barata tonta mas sem a resistência dessa prima afastada.
Para os restantes símios a morte pouco diz, embora façam o possível por evitá-la. No fundo gozam enquanto podem e não se fiam em virgem alguma, ao contrário de nós, os inteligentes da família, que mesmo perante a hipótese realista de sermos tão ressuscitáveis como uma sardanisca e de ser improvável transitarmos para um paraíso acabamos por desperdiçar o tempo a recriar uns para os outros o verdadeiro inferno e sempre com a displicência de quem se julga, no mínimo, eterno.
Essa mácula na superior capacidade intelectual que nos distingue do resto do macacal pode ilustrar-se, por exemplo, com aquele cliché ancião do ai se eu pudesse voltar atrás. Não se pode, é outro dos dramas a abordar um destes dias na ressaca da provável vitória do Passos Coelho no próximo recorde de baixa afluência às urnas, porque já conseguimos clonar ovelhas mas ainda não sabemos como recuar no tempo para podermos clonar as respectivas bisavós.
E apesar de sucessivas gerações a chorarem os atrás a que voltariam para fazer tudo diferente, os que ainda lá estão, no seu ponto do percurso, olham adiante e agem como se fosse indiferente estarem hoje em Alcochete e amanhã numa nuvem a tocar harpa para matarem o tempo que alegadamente não mais se esgotará. Ou seja, preparam o caminho para repetirem o choradinho dos mais velhos quanto ao desconforto de espreitar uma vida pelo retrovisor.
Ou seja, isto só para concluir depressa pois detesto não ter sempre a resposta ou a solução na ponta da língua – embora aprecie mantê-la atarefada, a existência da vida para além da morte não aquece nem arrefece mesmo que venha a ser provada ou então a fé não passa de um embuste para manter a malta entretida. E mesmo para os que acreditam no fim absoluto excepto talvez numa vertente ecológica da reciclagem natural que nos torna em adubo de primeira para couves lombardas, a avaliar pela amostra pouco os distingue entre si na atitude e na capacidade de desbundar isto tudo com a alegria que os nossos antepassados distantes encaravam o milagre (não é fé, é fezada) que é viver cada dia.
Não faças de conta que não é nada contigo, ó tu que lês: há quanto tempo não catas uns piolhos ou saltas de árvore em árvore pendurado/a numa liana ou dás uma queca só porque te apetece e sem complicações e constrangimentos de toda a ordem enquanto és capaz, seguindo o bom exemplo de qualquer chimpanzé?
Acreditas que vais poder fazê-lo mais tarde ou na tal outra vida, não é?
Era uma vez um edifício chamado Portugal, ocupado na esmagadora maioria por herdeiros dos seus primeiros ocupantes.
Um dia, quem mais ordenava no Portugal decidiu abraçar a propriedade horizontal e foi uma festa no edifício. Unidos venceriam todos os problemas e em plena euforia pelo privilégio que isso representava decidiram promover a primeira assembleia de condóminos na qual, e apesar de as opiniões divergentes darem origem ao nascimento de sub-grupos entre os vizinhos, elegeram a primeira administração do condomínio.
Tudo parecia correr bem, embora fosse indisfarçável o mal estar provocado pelas divisões internas, nomeadamente por causa da tendência dos grupos minoritários e menos próximos dos elementos da administração estarem sempre do contra e com palpites acerca da melhor forma de fazer as coisas perante uma maioria de vizinhos descrentes.
Porém, as coisas complicaram-se quando, passados uns anos sem que alguém se ralasse com os sinais preocupantes nos sucessivos relatórios de contas ou com os indicadores visíveis de má conservação nos interiores, as reuniões cada vez mais vazias e mesmo no limite para garantir um quórum digno desse nome, começaram a surgir fissuras na fachada e os moradores dos prédios contíguos ficaram a conhecer a balda que por ali reinava.
Mas não ficariam por aí as broncas que ainda mais acentuaram as divergências. Com as reuniões cada vez menos concorridas e os voluntários para a administração, sempre os mesmos, a alternarem a tarefa que diziam ingrata mas assumiam com enorme sacrifício pessoal e porque mais ninguém se oferecia, os vizinhos preferiam discutir os problemas e palpitar soluções nos patamares dos seus pisos, acrescentando ao mau ambiente do edifício as suas críticas incessantes e inócuas a cada administração em funções mas sem darem o corpo ao manifesto para fazerem melhor, o Portugal foi-se deteriorando aos poucos e depressa atingiu o limiar da habitabilidade.
Metia dó, aquele outrora orgulhoso edifício.
Contudo, os vizinhos que se abstinham de participar no que apelidavam de arranjinho entre as partes insistiam em arrastar cada vez mais moradores para o que já defendiam como arma de luta, a ausência sistemática do único momento onde podiam tomar decisões e tratar de as levar à prática, deixando a administração entregue aos vizinhos que tanto criticavam por fazerem mal o que eles recusavam tentar fazer melhor.
Os anos foram passando assim, com as contas cada vez mais no vermelho e o edifício chamado Portugal de tal forma abandalhado que um dia apareceu um inspector que tomou o controlo das contas da administração e assim passou um atestado de incompetência a todos os moradores.
E passado algum tempo o edifício Portugal desabou e todos os agora sem abrigo choraram e é uma pena mas nesta história não havia mesmo maneira de encaixar um final feliz.
Faz de conta que isto é um intervalo publicitário.
É só para não se esquecerem de que parte da minha presença blogueira acontece aqui.
Depois da barracada de hoje, deixando bem claro a quem temos os sistemas entregues, na questão do voto electrónico acho que ficamos todos conversados.
I rest my case...
Que não comecem já a chover sobre mim as acusações de ilegalidade pois limito-me a repetir o que acabo de ouvir na SIC Notícias em directo e pela voz off de Rodrigo Guedes de Carvalho.
Depois da calinada do Governo no flope do sistema eleitoral em versão modernaça, esta deverá ser a segunda mais significativa asneira de um dia eleitoral que parece pautar-se pelo primado dos azelhas.
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