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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

31
Jan11

VERÃO NO SEU OLHAR

shark

Uma borboleta no seu voo irregular, difícil de seguir com o olhar prisioneiro da beleza que o hipnotiza, entretida no seu tempo, na sua vida, asas pintadas a rigor com o empenho e o amor que a Natureza aplica nas suas criações.

 

O vento suave, rasteiro, sobre o campo espigado no pino do Verão, e o olhar enfeitiçado a seguir a ondulação de um mar diferente desenhado a cada instante por uma brisa a soprar, de passagem, a meio do caminho na sua viagem para um destino qualquer.

 

O contorno difuso de uma mulher, bela apesar de desfocada pelas ondas de calor que turvam o olhar maravilhado a acompanhar o movimento gracioso de uma mão que acaricia as espigas, feliz, o amor diante do seu nariz cada vez mais próximo da boca no rosto onde o olhar, apaixonado, por momentos desligou.

30
Jan11

GABIRUS E BABUÍNOS

shark

Enquanto no Egipto o poder chega ao ponto de desligar um satélite para silenciar a Comunicação Social, reconhecendo de forma explícita a ameaça que o Jornalismo livre representa para os poderes com pés de barro, em Portugal assisti num só dia a duas exibições da grosseria com que se tratam os jornalistas sempre que a notícia ou a pergunta não agradam a alguém.

 

Mete dó, a actual condição dos profissionais da Comunicação Social neste país. Para além do camartelo omnipresente dos empregos precários sob o comando de impérios financeiros ainda têm que enfrentar as manifestações de falta de respeito por parte de quem os sinta como um desconforto,

por norma babuínos ou gabirus. E em ambos os exemplos a que assisti estavam presentes estas duas classes de gente avessa à liberdade de expressão na sua vertente mais sincera.

O primeiro caso passou-se a propósito de no Cascaishopping a ASAE ter encerrado o espaço da restauração por decorrerem obras no tecto da estrutura sem qualquer tipo de protecção para os consumidores quanto ao bedum que pode salpicar-lhes a refeição em tais circunstâncias.

Para evitar o acesso às opiniões dos clientes os gabirus responsáveis pelo espaço comercial destacaram um gorila (babuíno dos grandes) para se intrometer entre entrevistador e entrevistados, usando o caparro para impedir os jornalistas de cumprirem a sua função devidamente autorizados e credenciados.

 

Já no outro exemplo de arrogância e falta de respeito o protagonista foi um velho conhecido nestas andanças, o treinador do meu Benfica, que até a Deus deve fazer benzer-se por o homem ter um apelido tão desadequado ao perfil.

Decorria uma Conferência de Imprensa no final do jogo do Benfica com o Aves quando o passarão-mor, incomodado com uma pergunta acerca de um assunto que lhe diz directamente respeito, desatou a refilar com o jornalista que o questionou e de seguida abandonou a sala sem água vai nem água vem.

Neste caso, como é óbvio, o gabiru e o babuíno reuniram-se num só interveniente mas o resultado final foi a exibição pública de desrespeito pelas pessoas e pela função, uma das muitas que se somam e vão criando cada vez mais obstáculos à missão que à Comunicação Social compete desempenhar.

 

Por muitos anos que passem sobre a minha deserção, nunca vou conseguir evitar o nojo perante estes insultos descarados a um dos pilares de qualquer democracia digna desse nome.

O acesso à informação nem deveria precisar do reconhecimento legislativo que o deveria proteger de situações como as que acima refiro mas que chegam a passar pelo roubo do equipamento de gravação (essa ficou-me entalada, sobretudo pela impunidade de que claramente o babuíno de serviço na altura beneficiou) para impedir a divulgação de factos desfavoráveis a quem é por eles responsável, deveria bastar um pingo de inteligência para perceber a necessidade absoluta de salvaguardar o papel do Jornalismo e essa protecção passa pela forma como são tratados os respectivos profissionais.

 

E num Estado que se reclama de Direito e democrático não deveriam ser necessárias mais macacadas para impor se necessário por via penal o respeitinho que é muito bonito pelo dever de uns que garantem um direito de outros e merecem por isso muito maior consideração por parte de um país que parece esquecido de não há muito tempo ter vivido nas catacumbas da mentira e da omissão que uma ditadura, como uma democracia podre, fazem questão de construir.

30
Jan11

E COMO TEM AS COSTAS LARGAS O PSEUDO FARAÓ ESFINGE QUE NÃO PERCEBE..

shark

Não sei se é mesmo aquele tique da alma esquerdalha que inspira este romantismo sistemático perante as sublevações populares espontâneas contra regimes pseudo-democráticos ou nem pouco mais ou menos, tão diferente da reacção das gentes de direita a esses fenómenos tão próximos do caos e ao quais só aderem por motivo de força maior, nomeadamente quando estão em causa os interesses de escolas privadas, de embriões ou de qualquer tipo de contestação ao actual Governo.

O que sei é que vejo povos como o egípcio, o tunisino ou o iraniano nas ruas e apaixono-me à primeira vista pela sua causa que, sendo a do povo e não a dos poderes que o oprimem, adopto sempre como minha.

 

Preocupa-me sobremaneira esta fase perigosa da contestação ao regime de Mubarak, sobretudo pela consciência de que os ocidentais ficam sempre reféns das suas ligações perigosas, porquanto necessárias num contexto mais amplo, com tiranetes (obrigado, candidato Coelho) quando estes perdem o controlo da populaça.

É evidente que os norte-americanos terão que engolir em seco quando vêem os seus F-16 sobrevoarem multidões civis indefesas para, no mínimo, as intimidarem. Nem que seja pelo que isso representa de antítese à democracia que, como antes a religião serviu as potências europeias, lhes serve de pretexto para os seus casamentos de conveniência.

 

Por outro lado, o espectro do fundamentalismo islâmico sempre presente naquelas paragens (mas pouco credível como papão para um país como o Egipto, marcadamente mais vocacionado para o laicismo) abre as portas a mais uma possível ingerência desastrada dos israelitas que se agarram de forma tenaz ao seu pretexto estafado para obterem o perdão internacional para os abusos que vão cometendo de forma impune. E há muitas maneiras de interferir num conflito interno que assume as proporções do que está a acontecer agora no país que temos tido por aliado na contagem de espingardas daquela região.

 

Por tudo isto, e porque ninguém pode questionar as motivações legítimas de um povo a quem os poderes devem servir quando este os contesta, temo o pior desfecho para esta inspiradora coragem dos egípcios capazes de abrirem o peito às balas sem possuírem sequer um líder carismático para orientar a sua revolução.

 

E sinto-me ainda mais agradecido por viver num país onde a democracia ainda tem voz grossa o suficiente para que o poder não precise de impor à bruta a sua autoridade ao ponto de me obrigar a marchar contra os seus canhões.

28
Jan11

UM EGITO MUITO AGIPTADO

shark

Nunca escondi a minha indiferença para com o tal de acordo ortográfico, mas claro que dou comigo a tentar perceber-lhe os absurdos e as incongruências que lhe denunciam a falta de sinceridade na motivação.

Os recentes acontecimentos no Egipto fizeram-me reparar no pormenor de o Egipto agora ser Egito mas sem os egípcios passarem a egícios.

 

E eu não percebo porquê.

28
Jan11

A POSTA NAS ESQUIZOPENAS

shark

Li as duas notícias de seguida, o que foi bom porque muitas vezes só nos prendem a atenção quando as abordamos assim, aos pares, e podemos por comparação extrair o sumo noticioso da coisa (um exercício tão complicado nestes dias que se explica assim o declínio do interesse nas palavras cruzadas).

 

Em causa estão dois crimes que quase estranhamos ainda serem notícia, burlões apanhados pela Justiça. Bom, claro que a parte chamativa da notícia, pelo quase insólito, é as autoridades terem desmantelado mais dois esquemas vigaristas mas uma pessoa acaba por prender a atenção no crime em questão, até porque outro exercício mental porreiro consiste em tentar perceber, num país onde um assassino raramente passa mais de quinze anos dentro, até onde o crime compensa nisto das fraudes (não estou necessariamente a aludir ao BPN).

 

E é aqui que entra o factor surpresa, a notícia à qual um tipo deita um olhar desleixado entre duas sorvedelas no café da manhã e de repente inclinamo-nos para a frente na cadeira ou no sofá para termos a certeza de que percebemos bem.

Os crimes de que vos falo são o de um esquema que envolvia mecânicos, bate-chapas e mais uns profissionais de outros ramos associados para embarretarem as seguradoras (um pequeno pecado que o povo estupidamente aplaude mesmo tendo que pagar depois a factura) e um outro esquema que envolvia farmacêuticos, medicamentos para a carola e comparticipações a 100% dos contribuintes para o fundo de maneio da rapaziada (e cuja operação de desmantelamento a polícia baptizou, com grande pinta, de esquizofarma).

 

Onde está a tal surpresa que me fez olhar com mais atenção? Curiosamente não está no facto de uma das burlas, a dos seguros, estar directamente relacionada com o meu ganha-pão.

O que realmente me surpreendeu foi o facto de o Ministério Público propor como pena para esta burla que alegadamente terá causado dezenas de milhar de euros em prejuízos para as companhias de seguros nada menos do que vinte-anos-vinte de prisão efectiva para os artistas em causa.

 

Depois olhei para os milhões de euros em que a malta das farmácias terá burlado o Estado Português com as suas receitas ganhadoras e fiquei curioso para saber que punição, para além das 50 chicotadas e da amputação das falanges, o MP terá em mente para estes abomináveis malfeitores.

27
Jan11

ATÉ QUE O TECLADO ME DOA

shark

Ao longo dos últimos dias constatei uma ligação directa entre três notícias relevantes e a internet.

Da situação na Tunísia retive a importância atribuída à Blogosfera, a partir da qual muitos cidadãos tomaram consciência do fenómeno colectivo que acabaria por se propagar até atingir as dimensões de uma autêntica revolução.

Naquilo que alguns recusam como estilhaço dos acontecimentos em Tunes, também no Egipto a população, sobretudo com base no Facebook, organizou uma mobilização espontânea e as ruas estão cheias de povo empenhado numa mudança de regime.

E finalmente, a uma escala menor, deparei-me com o caso de uma jovem raptada há décadas que conseguiu através da internet descobrir toda a verdade da sua condição e reunir-se de novo à família de que uma desconhecida a havia privado com menos de dois anos de idade.

 

Estes exemplos, a que se podem somar muitos outros aos quais a internet está ligada de forma indelével (recordo o caso flagrante do Irão), prenderam a minha atenção por estarem tão próximos no tempo e por ser avassaladora a consciência deste privilégio que devemos reconhecer nessa condição, blogar, bem como a responsabilidade inerente ao uso livre de tão poderosas ferramentas de comunicação que, de resto, são entendidas pelos poderes anti-democráticos como uma ameaça temível que tentam a todo o custo silenciar.

 

Será um erro de palmatória não aprendermos com os exemplos acima a respeitar a função que nos compete a partir do momento em que abraçamos estas novas formas de transmissão da liberdade por contágio.

Sejamos claros: se em países como a Tunísia, o Egipto e o Irão(!) foi na internet, nomeadamente na Blogosfera e nas redes sociais, que a revolta popular nasceu, como quase todas as revoluções, a partir do momento em que milhares de cidadãos perceberam que não estavam sós na sua sede de protesto e de mudança, porque havemos nós de questionar o poder da liberdade de expressão que precisamos ver defendida a todo o custo e que constitui afinal a nossa única arma contra qualquer tipo de poder que, sem dividir para reinar, jamais logrará a impunidade de outrora, num tempo em que muitas vezes a verdade era abafada ao ponto de fracassarem movimentos por simples atrasos na comunicação ou equívocos acerca do apoio popular a uma acção revolucionária ou, nos nossos tempo e hemisfério mais pacíficos mas nem por isso menos irrequietos, a mudança imposta com base na força da opinião pública devidamente propagada, sem grilhões ou espartilhos de qualquer espécie?

 

A minha insistência nesta actividade que exige mais de nós do que possa aparentar fundamenta-se cada vez mais nesse respeito de que vos falo acima, nesse carinho acrescido por algo em que invisto tempo e vontade cada vez menos pelos retornos possíveis e cada vez mais pelo orgulho que adivinho nos que sabem hoje que farão parte da História das suas nações, colegas blogueiros que arriscaram a força da palavra contra os canhões inúteis de exércitos feitos por pessoas com família e amigos que lhes retiram a vontade de irem para a rua disparar sobre os seus na defesa de tiranos.

 

Exactamente como acredito que enquanto mantivermos abertas estas janelas virtuais, dificilmente a democracia cairá nas mãos de quem a queira amordaçar.

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