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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

29
Out10

DA PALAVRA AMANTE

shark

Penso-te com cuidado, para não te desvirtuar, tão perfeita, nesse ou noutro lugar que não a minha cabeça que te pensa como uma peça frágil, de porcelana, para não te quebrar, tão intacta.

Toco-te de raspão, apenas com os dedos sensíveis da imaginação que te alberga, tão perfeita, nesse ou noutro tempo que não este sagrado momento em que me ocupas por completo, me cegas a tudo o resto, tão importante, a tua presença constante em mim que te penso com cuidado para jamais desperdiçar no meio de raciocínios levianos o milagre de te amar há tantos anos como os que tenho de percepção do que sou.

 

Mimo-te como posso, o pouco que dou em troca, nunca o bastante para merecer cada instante em que te ofereces ao pensamento e corres como o vento, veloz, da nascente até à foz onde desaguas, tão certa do caminho que te cumpre percorrer, em mim ou noutra cabeça que te acolha e se renda ao poder que cresce em ti, que jorra sobre os olhares interiores daqueles que tentam ser melhores quando te pensam com a delicadeza de quem afirma sem medos a certeza,a convicção, de que igualmente te mereceu, capaz de te amar tanto como eu.

Digo que sim ou digo que talvez, aquilo que se faz, aquilo que se fez, não conta no momento em que és minha, aí, nesse ou noutro lugar, na cabeça que tenta imaginar a forma que acredita melhor para te servir, que igualmente te dás a sentir, tão indefesa, por detrás dessa natureza indomável que escondes até ao momento de partir, tão volúvel, para o mundo que te descubra, com cuidado, para não te negligenciar com a ignorância que combates, tão feroz, desde a nascente até à foz onde te transformas numa imensidão que preenche por completo a imaginação que te receba, que te decifre e te perceba como tento, sem sucesso, quiçá, neste momento em que disponho da tua presença para o lograr.

 

Acredita que me esforço por te pensar tão perfeita como uma deusa, senhora da agonia e da tristeza, dona da alegria e da beleza, rainha do céu na boca que beijas ao sair quando por fim te deixo partir para o mundo, que não és minha, que te descubra o sentido que não quero, de todo, perdido ao longo do caminho que te cumpre, neste ou noutro tempo, percorrer.

 

Desde que te penso até ao momento sagrado de te escrever.

28
Out10

IRÃO, THE FINAL FRONTIER

shark

Estava eu entretido a escrever a posta de hoje para o Oitavo Dia quando, numa associação de ideias típica de uma mente alucinada, me ocorreu que ao longo da História da Humanidade sempre existiram grandes nações, impérios, civilizações poderosas que acabaram por sucumbir às mãos de outros gigantes adormecidos que entretanto despontaram para lhes fazer a folha.

 

Este saber de experiência feito acabou sempre por incutir naqueles que algures no tempo dominaram o mundo um medo visceral do papão potencial capaz de destruir o seu poderio e virar mais uma página do livro nesta imensa sucessão de ciclos de ascensão e queda. Foi assim que depois de eliminado do mapa o III Reich os norte-americanos e seus aliados ocidentais centraram a sua atenção na ameaça soviética, dando origem a uma psicose colectiva que nos anos sessenta quase despoletou o derradeiro sururu, quando os vilões da maioria dos filmes do 007 se viram bloqueados na intenção de instalarem uns mísseis pela surra em território cubano.

Estaline e seus sucessores ocuparam durante décadas o imaginário de milhões na pele de maus da fita até finalmente cair um muro em Berlim que lhes denunciou a decadência enquanto potenciais invasores, enquanto eventuais destruidores dos que se instalaram no trono de maiores do nosso grande bairro.

 

A maior potência mundial, sem concorrência à altura, começou então a centrar a preocupação na emergente ameaça amarela que, pelo menos em quantidade, se desenhava a oriente como um candidato à sucessão (até estava a jeito, pois herdava o estigma soviético do regime comunista que, para um ocidental comum, constituía um perigo latente por inerência).

Porém, em vez de invadirem a Formosa (Taiwan, para a malta amiga), os chineses surpreenderam os americanos com um boom económico que os apanhou na pior altura, em plena crise, mas de imediato os tornou menos maus aos olhos dos de cá porque afinal até gostam de pilim e não desdenham um McMenu ou outras mordomias de gente endinheirada.

E ficaram de novo as potências ocidentais sem um adversário a quem pudessem confiar o estatuto de glutão malvado capaz de atacar sem aviso e por isso excelente enquanto pretexto para justificar colossais investimentos de índole militar que uns malucos capazes de se mandarem contra edifícios a bordo de aeronaves acabaram por assumir.

 

Contudo, e isto na perspectiva de quem precisa de alimentar o receio colectivo por uma data de razões, nomeadamente para inspirar a indústria cinematográfica, a ameaça terrorista pecava por escassa na percepção de quem historicamente se habituou a grandes e sangrentas batalhas contra poderosos (e por norma numerosos) exércitos. O terror islâmico acabaria por perder parte do glamour quando o estraga prazeres do politicamente correcto cingiu as hordas bárbaras de bombistas a uma ínfima parte do mundo muçulmano e a superprodução do choque de civilizações ficou reduzida a cenário dantesco fantasioso em guiões para películas de segunda categoria.

Hollywood, o sítio onde habitualmente se ilustram os medos ocidentais (a par com Washington), viu-se sem um inimigo em condições e redescobriu então a ameaça extraterrestre. Para além de vampiros, de cyborgs e de computadores maléficos que ganhavam vida própria, medonhas criaturas alienígenas com nomes impronunciáveis como Qtar Prokop ou similar passaram a corporizar os invasores capazes de darem a volta aos derradeiros bastiões de protecção do que também (ainda) é o nosso confortável e abastado modo de vida.

 

E foi nesse contexto que surgiu em cena um tal de Ahmadinejad.

27
Out10

E AGORA?

shark

As negociações falharam, o Orçamento vai ser chumbado.

É agora que todas as sumidades que se pronunciam contra as medidas preconizadas, total ou parcialmente, têm que apresentar os seus orçamentos alternativos com os quais irão salvar a Nação de todas as crises e impedir que o FMI tome conta disto tudo outra vez.

 

Sou todo ouvidos.

26
Out10

QUASE DÁ VONTADE DE VOTAR NELE...

shark

Claro que estou a exagerar, mas tenho que vos confessar que não consigo esconder a minha alegria por uma parte específica do anúncio de recandidatura do senhor Presidente: a campanha de Sua Excelência não vai ter cartazes de rua, poupando uns trocos aos financiadores do costume e, acima de tudo, poupando-nos a todos à exposição forçada ao seu rosto em cada esquina.

 

Agora digam lá se isto não é um grandioso serviço prestado à Nação, hã?

 

(Olhando bem para os outros candidatos, não sei se este bom, louvável e nobre gesto não tem mesmo pernas para andar...)

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