AGORA ESCOLHA
O processo Casa Pia, garantidamente histórico pela morosidade, conhece hoje um fim até ver. E digo até ver porque os inefáveis recursos já espreitam nos coldres dos advogados de defesa e isso garante um prolongamento da coisa até finalmente o processo conseguir ombrear no Guiness com os recordes da sesta mais comprida ou do maior lançamento do caroço de azeitona.
Não se brinca com coisas sérias, eu sei, mas aos olhos da massa anónima de leigos como eu todo o circo montado em torno de um processo relacionado com a pedofolia tresanda a paródia.
Agora vamos todos conhecer as sentenças aplicadas aos alegados e ao confesso abusador de menores, uma vez cumprida a limpeza de imagem mediática a que os réus mais notáveis já se prestaram. E temos quatro combinações possíveis para o fim desta novela, a saber:
1 - Os acusados são todos inocentes e acabam absolvidos e nesse caso temos todos que questionar seriamente os mecanismos da Justiça capaz de manter tamanha sombra na vida daquelas pessoas ao longo de oito anos;
2 - Os acusados são inocentes e acabam condenados e nesse caso temos uma flagrante e imperdoável injustiça, pois oito anos chegam e sobram para reunir os elementos de prova necessários para não existirem erros ou omissões;
3 - Os acusados são culpados e acabam condenados a penas suspensas ou outra forma qualquer das que os nossos tribunais encontram para incrementar o sentimento de impunidade generalizado, enviando uma mensagem perigosa para outros bandalhos capazes de abusarem sexualmente de crianças, aproveitando a sua condição indefesa que, nesse caso, a fraca Justiça agravará;
4 - Os acusados são culpados e acabam condenados com penas pesadas, as máximas que a Lei preveja para os crimes em causa e mais vale tarde do que nunca pois assim o efeito supostamente dissuasor da punição obrigará os canalhas a repensarem as suas tendências.
Abstenho-me de manifestar a minha preferência quanto ao desfecho...