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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

30
Ago10

A POSTA QUE NÃO DÁ

shark

Há muitas maneiras de sentir e de viver emoções. Aliás, essa é uma das características que nos distinguem e costuma ser determinante, por exemplo, no acerto de agulhas que cada relação implica.

Tenho aprendido que saber dosear as emoções em função do seu peso nas outras pessoas é a única forma de acautelar desilusões. Isto porque os desequilíbrios emocionais, que cedo ou tarde se traduzem em conflitos ou, no mínimo, em danos na auto-estima de uns e na pachorra de outros são impossíveis de gerir sem perdas associadas.

 

Há pessoas que se deixam arrastar pela emoção porque só assim sentem que vale a pena. Outras apenas se permitem um ou outro momento de desvario nesse domínio e acabam por revelar uma incapacidade latente para sustentarem níveis elevados de paixão, de amizade ou de qualquer outro tipo de ligação que as obrigue (entre aspas) a cedências ou a qualquer outro tipo de concessão que deveria ser tido como normal no contexto de uma relação séria.

Não são melhores nem piores, uns e outros, mas é inegável que só por milagre se compatibilizam um vulcão e um icebergue sem que um derreta ou o outro arrefeça.

E isto aplica-se a qualquer tipo de ligação entre as pessoas, pois tendemos sempre a impor aos outros o nosso grau confortável de emocionalidade e acabamos por acicatar as divergências que daí resultam, uns demasiado frios e distantes, centrados em si próprios e em interesses tangíveis, outros demasiado intensos e exigentes na reciprocidade que entendem albergar também um esforço de compatibilização a que pessoas mais desprendidas jamais se predispõem.

 

Claro que tudo isto são teorias, coisas que uma pessoa vai elaborando a partir das suas experiências pessoais, da eterna aprendizagem que a vida nos impõe, muitas vezes à bruta, como contrapartida para os fracassos com que lidamos. Vale o que vale e pode explicar uma ou duas situações que nos magoem ou irritem, de pouco vale para outras pessoas e outras relações nas quais podem estar em causa factores completamente distintos dos que a forma de experimentar emoções pode criar entre as pessoas que entendam partilhá-las.

 

Mas ninguém me tira da cabeça a ideia de que não é viável, excepto em honrosas excepções que derivam de um amor mais sólido ou de uma amizade mais resistente, a compatibilização entre pessoas que vivam nos antípodas da emoção, quer isso se explique pelo percurso ou pelo feitio de cada um/a.

 

E qualquer teimosia, na maioria dos casos em que essa incompatibilidade exista, está condenada a uma derrota que apenas depende, nos termos e na rapidez com que aconteça, de factores tão aleatórios que nenhuma estratégia, nenhum cuidado, nenhum esforço podem evitar.

28
Ago10

A ALQUIMIA DA APATIA

shark

Em tempo de crise, uma farmácia da minha terra (Benfica) decidiu arregaçar as mangas e manter as portas abertas 24 horas por dia.

Contudo, mesmo sendo óbvia a utilidade de tal medida para a população e um excelente exemplo a seguir pela concorrência queixinhas, o aproveitamento descarado da (como de costume desajustada) legislação em vigor permitiu à concorrência invejosa e preguiçosa levar o Infarmed a proibir a manutenção desse horário de funcionamento da farmácia Uruguai, sita na avenida com o mesmo nome.

 

São estes exemplos os mais flagrantes de como nos estamos a tornar num país pequenino. Sempre que alguém apresenta uma ideia ou leva a cabo uma iniciativa excepcionais outros reagem de forma mesquinha, motivados pelo despeito, pela inveja ou apenas pela incapacidade assumida de conseguirem fazer igual ou melhor.

Estas forças de bloqueio da livre iniciativa reagem de forma corporativa com uma energia que não conseguem reunir para os esforços de sinal positivo como o da farmácia Uruguai.

E estranhamente a Lei portuguesa parece sempre facilitar a vida a estes empatas e assim acaba por fomentar a manutenção de velhos hábitos comodistas que, no caso concreto, implicam por exemplo a perda de uma oportunidade para criar mais postos de trabalho num sector que não é conhecido pela falta de meios financeiros para os manter e cuja missão é das mais importantes para a população de qualquer zona de um país.

 

Eu faço uma vénia à farmácia Uruguai, mesmo sabendo que o lucro pode ser o principal motor da sua iniciativa, pois a reacção da Junta de Freguesia de Benfica e a adesão popular à mesma diz tudo o que preciso saber acerca de quem são os bons da fita neste contencioso criado por um grupo de farmácias locais movidas pela simples dor de cotovelo ou pelo apelo da inércia de quem ganha balúrdios e não precisa por isso de mexer uma palha.

 

É a tal história portuga de fazer a vida negra a todos quantos façam mais e melhor porque servem como termo de comparação para os outros, os menos aptos, e deixam-nos expostos na sua menoridade.

 

A fazerem má figura.

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