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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

07
Jun10

A POSTA QUE SEI MESMO

shark

Eu sei o que é o amor.

Ou melhor, acredito nesse pressuposto com a mesma intensidade que outras pessoas dedicam à Fé.

 

Claro que não nasci ensinado e os pais nunca têm muito tempo ou jeito para nos explicar esse mistério da vida, pelo que lá fui percorrendo os caminhos ou os calvários que fazem parte do doloroso processo de aprendizagem que envolve tanta ruptura e subsequente desilusão.

É que os outros, no meu caso concreto as outras, também não nascem ensinados e nos primeiros tempos da paixão pode aplicar-se a velha máxima de que quando a pessoa não sabe dançar até parece que a pista está torta.

Esta fase, que julgamos sempre ultrapassada no final da tempestuosa adolescência, pode ser a responsável por tudo o que sabemos (ou não) acerca do amor. Mas também pode não fazer a mínima diferença.

E depois andamos, adultos, de volta das cábulas para não metermos o pé na argola outra vez.

 

Mas nem é o caso, o meu.

Eu sei o que é o amor.

Sei como o sinto, sei como o anseio, sei como o abraço como a única coisa digna de ser vivida ao longo do tempo que o acaso me oferecer.

Até acredito que sei como é isso do amor nos outros (nas outras, que eu sou muito cioso das minhas preferências), que o identifico no carinho de um gesto ou na luminosidade de um olhar.

São manias, bem sei, mas os outros acreditam no Divino e eu não me ralo nada com isso.

O amor não é visível, por ser um conceito abstracto, senão nas suas manifestações.

O que se faz e o que se deixa por fazer. O que se diz e o que se faz. O que se revela de empenho, de vontade, de necessidade, de resistência.

É esse o amor que se vê, que eu vejo com a clareza bastante para me arvorar da autoridade de dizer que sei o que é.

 

E depois há o amor que se faz na cama que não nos deixa mentir. O amor acaba por se exprimir no meio da voracidade carnal, é transparente, enquanto o sexo é amante mas acelera o coração por mera fadiga e a emoção é muito mais de arritmias.

 

E ainda há o amor incondicional, não é utopia, aquele que fala sempre mais alto do que os obstáculos e os sentimentos mesquinhos que lhe surjam pela frente, que o atrapalham, e nunca mente na hora de se provar genuíno, sem condições.

 

A sua sinceridade espontânea, coitado, até é o que o deixa, muitas vezes, em maus lençóis.

07
Jun10

UMA SECA DE POSTA

shark

Como a maioria das pessoas, embora a maioria dessas negue a pés juntos as suas, tenho características que não posso contornar na sua condição de defeitos. E não, não é feitio. É defeito mesmo.

 

Sou desequilibrado em matéria de desconfiança. Por muitas atenuantes que consiga reunir enumerando vários episódios deploráveis da minha (co)existência com os outros, é impossível não reconhecer esse mecanismo descontrolado a quase todo o tempo na minha forma de analisar quem me rodeia.

Sim, embora não tenha medo de levar uma tareia de algum que não me ature armado em campeão receio imenso a traição da minha confiança por parte das (muito) poucas pessoas a quem confio esse último bastião da minha fé nos outros.

E isso, levado ao extremo do que quase me vejo obrigado a definir como mania da perseguição, paranóia, leva-me até a ser eu quem trai a confiança alheia, sob o automatismo do tal mecanismo de protecção que a minha mente cansada desenvolveu.

A única coisa que me resta para não perder a dignidade quando me vejo confrontado com as manifestações excessivas dessa característica é isto mesmo: assumi-la. Ou seja, tenho vergonha na cara o bastante para admitir seja perante quem for (este espaço é público e eu dou a cara) que tenho este problema. Sou desconfiado, demasiado, e aí reside boa parte da minha dificuldade em manter relações saudáveis com as pessoas. A outra parte consiste na merda que os outros também são capazes de fazer.

 

Quando incorro nos tais episódios de desconfiança excessiva existem sempre duas hipóteses quando me proponho apurar a verdade dos factos. Ou estou errado nas minhas suspeitas e as vítimas do meu comportamento têm motivos sérios para me virarem as costas, ou estou certo, apesar de o método de “investigação” não ser sempre o mais decente, e nesse caso existem outras duas opções. Ou a pessoa assume a sua falha como eu assumo a minha e a força dos laços na ligação encarrega-se de injectar a necessária dose de tolerância, ou a pessoa fica mais preocupada com o facto de se ver desmascarada e com a necessidade de apagar vestígios.

E nesse caso deixa de haver muito por onde pegar na mesma...

 

Só mesmo quem me ama consegue aturar-me, ao contrário do que se possa presumir por qualquer imagem involuntariamente distorcida de mim que eu tenha vendido aqui. Mesmo a um amigo pode aplicar-se a verdade acima e não me faltam dissidências para o comprovar.

Não sou o calimero nem o patinho feio. Podia ser um canalha, um parasita, um imbecil. Assumiria qualquer dessas características, se a identificasse como tal. Mas não, sou desconfiado e submeto quem se aproxima a um escrutínio extenuante. E depois exijo transparência total, oferecendo tolerância na proporção em troca. Isso mais o mesmo respeito pelo pressuposto em causa e o privilégio valioso da confiança recíproca.

 

É impressionante como nunca consegui ao longo de uma vida, salvo raríssimas excepções, encontrar quem sentisse que valia a pena, quem gostasse de mim o bastante para arriscar na luta por essa utopia.

05
Jun10

A POSTA NO CAPÍTULO A SEGUIR

shark

O olhar que me ofereces, esse amar que fortaleces contra todas as expectativas, essa vontade de manter (cada vez mais) vivas as certezas de um futuro promissor no qual consideras essencial a minha presença efectiva, não como uma figura decorativa para exibir numa qualquer condição ou para preencher temporariamente uma omissão num domínio qualquer.

O sorriso de uma mulher, transparente, uma sensação melhor, tão diferente da que nos depara todos os dias em rostos hipócritas que nos tentam impingir emoções quando apenas pretendem manter ligações oportunistas na fachada de ilusões contrabandistas que despertam a chama em si.

Um sorriso acolhedor, uma sensação sempre melhor que abraça o olhar que pouso nos lábios que beijo a seguir.

O cheiro que me faz sempre lembrar o motivo que me leva a insistir nessa miragem, nessa hipótese num milhão de ao longo da viagem não precisar da memória para reviver dentro de mim uma história que ambos provamos não ter pressa de conhecer o seu fim.

05
Jun10

COMO UMA DISTRACÇÃO PUERIL

shark

Como a leitura do oráculo gravado na parede de uma gruta onde o nosso destino se previu.

Como a iluminação súbita no túnel do cliché, dolorosa no primeiro impacto e saborosa depois, a luz intensa que purifica a escuridão, que a desvenda na solidão que a conduz sempre às mesmas rotinas de auto-destruição da mais inocente ilusão plantada num jardim secreto dos bastidores.

Como o culto de velhos amores em segredo desvendado pelo ar incomodado perante a evocação de alguns, o ritual sagrado de quem jamais admite esquecer e nunca aceita desistir e joga sempre em mais do que uma frente da batalha por uma felicidade qualquer.

 

O prazer da mentira e da omissão, nada mais se espere de entre os poucos que sobram quando se abdica da beleza em prol de uma esperteza sempre saloia porque corrói quem ludibria e fortalece quem se deixa embarcar na experiência de brincar com a alternância entre a dor do conhecimento em excesso e o sorriso da ingenuidade juvenil.

O céu sempre azul numa pequena porção da existência que se conserva ao abrigo da luz que a pode estragar, tirar-lhe as propriedades mais nutritivas, o apelo das coisas proibidas a que nos sentimos no direito para lá de qualquer tipo de respeito que possamos ter em consideração.

O apelo de um tipo de emoção impossível de obter no contexto de uma vida normal, da monotonia habitual dos dados adquiridos como algumas e alguns tendem a olhar quem distraído se deixa andar e não recorda a possibilidade da evolução de uma fragilidade para um caminho alternativo que implica sair e não permite prosseguir aquilo em que, na verdade, nunca se acreditou.

 

A dificuldade de quem um dia amou mas perdeu a lanterna ao longo do percurso pelo breu, caminhando às cegas até se viciar nessa forma de percorrer o caminho sempre a sós, companhia ocasional encontrada no decorrer de uma cabeçada, de um encontrão, firme na decisão de jamais largar o volante de qualquer meio de transporte que será sempre só seu e nunca lhe ocorre partilhar como é corrente definir entre quem confia sem reservas, ao ponto de deixar de fazer sentido o jogo escondido na batota das ligações.

 

E depois as decisões sempre influenciadas pelas características que permitimos reveladas a bem ou a mal quando aparentemente até insistimos em manter acesa a vela da esperança no meio do vendaval.

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