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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

30
Mar10

CONFÚCIO DE BOLSO

shark

Há uma diferença clara entre um anónimo que esconde a identidade para comentar ou postar sem constrangimentos e um que se serve dessa cobertura para poder dizer o que não seria capaz se o fizesse às claras.

E os que não entendem essa diferença aliam a cobardia mal camuflada à estupidez bem identificada.

30
Mar10

UMA MENTE ILUMINADA NUMA SINGELA ESPLANADA

shark

O gajo observou com toda a atenção o voo dos pombos sobre a praça, recostado na cadeira da esplanada soalheira onde parecia dominar o mundo inteiro com a sua omnisciência.

Seguia os pombos com o olhar e depois fazia uma expressão que nos levava a concluir que meditava acerca da questão que se levantava a meias com os pássaros que manchavam a calçada em volta do chafariz com as suas sombras. Profundo, o esgar e talvez o pensamento. O gajo vivia aquele momento com um prazer que se revelava a cada pequeno gole no galão que fazia render muito para lá da última porção da torrada, bebericava, e depois regressava à observação atenta do voo dos pombos sobre as cabeças das pessoas que ignorava na sua deambulação pelo céu. Sacudiu algumas migalhas de pão do colo, com gestos discretos, e depois apoiou a testa numa das mãos e toda a gente em seu redor, testemunhas involuntárias, ficou a perceber que chegara a hora de processar toda aquela informação recolhida no pedaço de vida que decidira analisar com o rigor do seu intelecto superior como parecia querer conotar com a sua pose matinal perante cada comum mortal que o rodeava naquela manhã.

 

Calhou um daqueles objectos de estudo largar alguns dejectos sobre os transeuntes na praça cheia de sol e a reacção indignada espantou os pombos para longe e a expressão do pensador reflectiu a sua imensa sensação de perda.

 

Foi então, talvez inspirado pela situação, que se concentrou no computador e debitou mais um post de merda.

29
Mar10

A POSTA EM NOME INDIVIDUAL

shark

Hoje cheguei quase meia hora atrasado ao local de trabalho, um luxo a que se podem permitir os protagonistas do sucesso garantido no tempo da euforia cavaquista que nos levava a acreditar que o mundo estaria aos pés de qualquer empresário em nome individual.

Sinto-me, claro, embaraçado pelo mau exemplo que constituo para uma Nação em plena agonia económica e que tanto precisa de um pontapé nos fundilhos da sua produtividade paupérrima.

Contudo, tento perdoar-me este desmazelo com uma deslocação acentuada do eixo do meu raciocínio circular que me conduz à desculpabilização fácil que me oferece de bandeja esta economia de mercado adolescente que já provou nem saber tomar conta de si própria e por isso pouca credibilidade me merece quando se arma ao pingarelho com os bitaites das agências de rating que se provou estarem completamente mergulhadas no atoleiro criado pelo desvario financeiro dos gajos que afinal lhes explicam como funciona todo este esquema que, dizem, faz girar o mundo.

 

O mundo português até começou por girar numa imensidão de comerciais ligeiros de dois lugares que denunciam o chico-espertismo da nova classe empresarial que lhes descobriu o potencial para facultarem o acesso aos apetecidos motores diesel que a dupla tributação de um Imposto Automóvel estapafúrdio vedava nas caríssimas versões de cinco lugares. Todavia, não tardaram os veículos de mercadorias a verem-se substituídos pelos todo-o-terreno, pelos monovolumes com sete lugares e, finalmente, pelos Audi, BMW e Mercedes que agora constituem presa fácil para as empresas de recuperação de crédito associadas aos bancos e entidades para-bancárias que vêem mal parados muitos dos seus outrora aliciantes contratos de leasing.

De repente, milhares de cidadãos embarcados na aventura empresarial começam a descobrir que o mundo ficou de facto a seus pés mas apenas por estar de rastos. E o chão transforma-se aos poucos num piso instável, uma fina crosta que mal sustenta o peso dos encargos mínimos de funcionamento de um país e nos separa de forma precária das areias movediças onde todo este sistema parece assentar, pronto a desabar-nos sobre as cabeças. É que tudo isto acontece numa altura em que a maioria dos tais empresários de pé descalço, onde me incluo por ironia do destino, ultrapassaram a fasquia dos quarenta e acordam para uma realidade no mercado de trabalho sem margem de manobra para falsas esperanças por parte de quem nem a um subsídio de desemprego pode recorrer quando começarem a espirrar os coliformes agarrados às pás da ventoinha ou mesmo do equipamento de ar condicionado xpto que fora encaixado pelos generosos financiadores no que restava do limite de endividamento na época de ouro desta geração cofidis.

 

O subprime manhoso que dizem nos entalou (mas continua a enriquecer aqueles que o promoveram como um presente envenenado para os investidores totós) serve agora de consolo para todos quantos vivem o descalabro das estruturas que criaram com base nos favores daqueles que agora se apressam a exigir de volta o guarda-chuva porque lhes pingou em cima uma parte das perdas resultantes de um embuste que acabaram por alimentar com a sua ganância desmedida e uma irresponsabilidade sem perdão. E é esse que me concedo, quando meto tão tarde a chave à porta porque me foi penoso acordar para a realidade como ela está no mundo dos negócios onde subitamente nem os tubarões se safam perante as incontáveis piranhas que nos retiram dos ossos com enorme eficácia a pouca carne que restou.

 

E se vos incomoda de alguma forma este estado de espírito, aguentem-se e não me flixem que hoje é segunda-feira, roubaram uma hora ao fim-de-semana e nem a merda do clima ajudou...

29
Mar10

VOLVO PARA O PO(L)VO

shark

Tinha-a em conta como a marca que mais investia na segurança dos veículos que produzia. Admirava a sua aposta no que me parece ser a mais importante das prioridades de qualquer empresa da indústria automóvel e só não tive um até à data porque a segurança não sai barata e o preço de um Volvo nunca esteve ao alcance da minha bolsa.

Agora a famosa marca de origem sueca passou para as mãos dos chineses.

 

E eu, talvez influenciado pela proliferação das lojas dos trezentos com aroma oriental, olho para aquilo que caracteriza a esmagadora maioria dos produtos made in china e não consigo evitar concluir que a Volvo e tudo aquilo que representou tem os dias contados.

Como de resto parece acontecer com quase tudo o que nos chega às mãos neste tempo da globalização com a f(r)actura exposta.

26
Mar10

JUSTIÇA BEM ESTACIONADA

shark

A ver se percebi:

Domingos Névoa, o carola da Bragaparques, foi condenado a uma multa de cinco mil euros por corrupção activa para a prática de acto ilícito.

Ricardo Sá Fernandes foi condenado a uma multa de dez mil euros por apelidar o outro de corruptor e vigarista.

Ou seja, a um gajo que foi condenado por comprovadamente ter tentado comprar os favores de um autarca é aplicada a uma multa no valor de metade da que coube a um gajo que chamou o boi pelo nome.

Ou seja outra vez, o corruptor condenado vai receber do Ricardo Sá Fernandes o suficiente para pagar a multa a que o sentenciaram (e da qual recorreu, claro...) e ainda recebe uns trocos que dão para estacionar uma data de viaturas num dos seus parques espalhados pelo país.

 

Não devo ter percebido.

E não venham os juristas com a converseta do costume, ah e tal que quando ele chamou corruptor ao outro ele ainda não tinha sido condenado, pois eu devolvo já que não tinha sido condenado porque a Justiça portuguesa é a trampa que se vê em matéria de juízo mas consegue ser ainda mais merdosa no que respeita à rapidez na análise dos processos. E para mim, leigo, o que interessa é que o crime (agora confirmado pelo tribunal) já tinha sido cometido.

 

Agora pergunto eu:

Se um corrupto viesse ter com algum familiar meu e tentasse oferecer-lhe uns trocos em troca de uns favores ilícitos e eu até calhasse ouvir a conversa não podia chamar corrupto ao gajo só por ter uma sentença pendente?

Era só o que faltava!

 

É que não há mesmo maneira de dar a volta ao texto: Portugal tem o sistema completamente invertido nas prioridades e desprovido de senso comum. Ou mesmo de bom senso, se tivermos em conta a mensagem que a comparação entre estas duas sentenças transmite a quem ainda esteja indeciso entre mergulhar de cabeça no fartar vilanagem ou abdicar do lucro fácil pelo prazer de chamar nomes feios a estes coirões que impõem a lei da $elva e desvirtuam por completo as regras do jogo.

Uma pessoa às tantas até olha para os juízes e fica a pensar se... mas não, não deve ser isso...

 

Assim vou percebendo melhor o rancor da magistratura para com o Bastonário Marinho Pinto...

23
Mar10

AQUILO QUE TIVER QUE SER

shark

Aquilo que sou e aquilo que pareço. Aquilo que dou e aquilo que mereço.

O balanço da balança no desequilíbrio entre as diferentes dimensões quando se apura o seu peso relativo. Nos outros também. Faço mal ou faço bem e de pouco interessam as intenções, mesmo sem capas ou subterfúgios para camuflar as emoções desabridas.

Motivo à vista, liquidação total, o fiel da balança no balanço final, as contas de cabeça sem prova dos nove, as marcas do passado que o futuro não remove com uma simples esponja oferecida, um presente envenenado por contingências da vida que não servem de desculpa seja a quem for.

 

Aquilo que sonho e aquilo que faço. Aquilo que tenho e aquilo que peço.

O ponteiro sem pontaria na marcação do tempo, desencontrado com o momento certo para acontecer o que deveria. A vida que nunca adia nem antecipa, tudo acontece na hora certa, marcada, a sorte predestinada em função de decisões circunstanciais ou de evoluções naturais para os factos em curso. A ambição desmedida, toda a que transcende o agora e o já, frustração garantida por querer aquilo que não há ou pode mesmo nunca chegar a haver. Tudo o que pode ser, realismo, e não sentir como um cataclismo a impossibilidade de ir mais além seja no que for.

 

Aquilo em que fico e aquilo por que passo. Aquilo que lembro e aquilo que esqueço.

A história da vida que me compete escrever, o rasto e o resto, a memória pintada como preciso de a ver, colorida pela verdade da vida real ou apenas esboçada pela vontade de que o mal não faça parte da paleta. Espertalhão ou pateta, aquilo que me faz é tudo o que for capaz de transmitir a quem observa, pois desta curta passagem apenas se conserva a imagem que possamos deixar. Mas tudo aquilo que espero salvaguardar é a certeza do que quero recordado: é que vivi para amar.

 

E para ser amado.

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