O MEU RIO CHAMA-SE TEJO
Foto: Shark
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Foto: Shark
Aproxima-se o momento das grandes decisões e as recentes declarações de Vitor Constâncio acerca da necessidade de aumento de impostos para conter o défice prenunciam o primeiro teste sério à solidez do actual Governo minoritário, nomeadamente na componente parlamentar.
Não é uma posição fácil, a de quem deve optar entre o impopular aumento de impostos em época de crise e a contenção da despesa por via do bloqueio aos aumentos salariais dos funcionários públicos (uma expressiva fatia do eleitorado e um potencial pesadelo em termos de agitação social).
A primeira reacção dos partidos deixa antever divisões claras, embora o aumento dos impostos não pareça solução que alguém queira arriscar como cavalo de batalha.
Nesse caso, a contenção da despesa pública terá que passar obrigatoriamente pelo reforço da máquina do Estado em termos de combate à evasão fiscal (a preferência do Bloco, por exemplo) e pelo sempre polémico congelamento dos aumentos salariais (que o PCP nunca admitirá como opção, por exemplo também).
A gaita no meio disto tudo é que o nim, a solução de compromisso que possa viabilizar um acordo que não dê cabo da estabilidade governativa, implicará o agravamento inexorável do estado (já deplorável) da nossa Economia.
E neste dilema, como noutros, e respectivas escolhas pode mesmo jogar-se a viabilidade económica do país no seu todo num futuro muito próximo e o afundamento definitivo numa cauda da Europa que com a entrada dos países de leste na corrida se torna cada vez mais comprida e distante da cabeça da (mais que certa) futura federação europeia.
Quando o confrontaram com o facto de disputar uma amada com um verdadeiro adónis com anos de ginásio e nem um minuto de biblioteca encolheu os ombros e respondeu com serenidade:
- Não me parece que ele seja um concorrente. É que a mim bastariam poucos anos de preparação física para ficar como ele nessa dimensão e não esqueceria o que entretanto aprendi, mas o gajo teria que investir muitos mais no cérebro para se equiparar a mim. E no final desses anos sem trabalhar o corpo ficaria como eu estou agora...
Foto: Shark
Há fases da vida tão complicadas que só mesmo na comparação com os dramas dos outros, as suas tragédias, conseguimos relativizar a as manifestações do azar que se sucedem em ondas desanimadoras.
São aqueles períodos em que ir à bruxa soa uma opção razoável, quando tudo se estraga ou avaria, a saúde prega partidas e os dias parecem nascidos de propósito para nos arrasar.
Estou no meio de um tempo assim, surrealista. A Lei de Murphy parece talhada para me aplicar sentenças e há semanas, meses talvez, cada dia fornece-me uma angústia para enfrentar. Não é um choradinho, antes fosse. Se querem exemplos concretos cito, só do menu deste dia, um esquentador avariado logo para começar (a água já está fria comó...) e um pára-brisas partido à pedrada sem ter a quem reclamar a ocorrência.
Coisas pequenas, bem sei, mas ontem aconteceram outras. E nos dias anteriores também.
Não ganho para suportar as consequências do azar que me persegue desta forma.
Ainda por cima, a malapata não se aplica apenas aos bens materiais. Coincidências maradas e inoportunas, pequenas distracções ou descuidos, tudo se transforma em mais um problema foleiro para resolver.
Tudo de mau a acontecer e poucas alegrias para equilibrarem a balança. É o retrato fiel desta fase da minha vida em que muitas vezes só me apetece fugir nem sei bem do quê. E para onde também não.
Talvez pirar-me para o Butão, é longe quanto baste e ninguém procura seja quem for numa terra daquelas...
Mas o requinte destes azares em torrente também passa por baterem à porta de quem não se assume desistente ou desertor. Ou seja, tenho mesmo que enfrentar estes pequenos dramas do quotidiano que me enfraquecem a resistência e não me dão tempo sequer para respirar.
Sou como um marujo a evitar com baldes a água que ameaça naufragar a embarcação, o leme abandonado aos caprichos da maré e pouca ou nenhuma fé no milagre da salvação.
É um exagero na proporção daquilo que vos descrevo e posso garantir que não se trata de um desabafo sem razão.
É uma forma delicada, a única que consigo agarrar, de não desatar aos berros na varanda o chorrilho de palavrões que me ocorre neste preciso instante.
Pois, o Outro também ressuscitava os mortos e acabou como se viu...
O dia acordou cheio de sol e com um lindo céu azul.
E depois caiu o nevoeiro e a semana de trabalho começou.
Mas dá que pensar, ter este site prestes a fechar por falta de visitas quando este blogue (por exemplo) está no top ten nacional...
(Obrigado, Susete, pela dica)
Foto: Shark
O nosso colega blogueiro Jorge Ferreira, do Tomar Partido, cedeu esta manhã à doença que o atormentava.
Postou pela última vez na passada quinta-feira.
Vamos sentir-lhe a falta.
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