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Mesmo à minha porta, um primeiro cheirinho a autárquicas...
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Mesmo à minha porta, um primeiro cheirinho a autárquicas...
Foto: Shark
Vamos lá a ver: se eu pedir a um amigalhaço para espalhar, como quem não quer a coisa, o boato de que o meu vizinho do lado me colocou sob escuta e com isso influenciar de alguma forma o resultado da votação na assembleia de condóminos, vai sempre haver um vizinho mais chato que exige explicações da minha parte.
E depois eu, que vejo que a coisa não correu como previa e a votação até deu pró torto, entro numa de “ah e tal, eu agora não posso dizer exactamente o que se passou mas já deixei de falar com o tal amigo que espalhou essa ideia. Bom, deixei de lhe falar na entrada do prédio mas ainda lhe falo no café do bairro”.
Claro que o vizinho chato vai logo estrebuchar e insistir que eu tenho que clarificar a história mal contada, por causa das repercussões nos destinos imediatos (pelo menos) do edifício. E eu adio a cena, aproveitando o facto de a malta ainda estar a escolher os próximos desgraçados a tomarem conta da bagunça reinante, nem que seja para ganhar algum tempo para pensar numa solução para a embrulhada em que me meti.
Às tantas, a pressão da vizinhança é tanta que eu acabo por fazer um aditamento à ordem de trabalhos e deixo toda a gente na expectativa da minha intervenção.
E lá me disponho a falar, acabando por reiterar a minha suspeita mas incluindo no parlapié coisas como “poizé, nem sei exactamente o que se passou mas tenho a certeza de que é tudo mentira o que dizem acerca do que se passou”.
Claro que a malta fica em brasol, baralhada e assim, mas eu, entalado, não tenho alternativa e deixo a cena assim meio no ar, referindo que suspeito imenso de que o vizinho acusado me ouviu a dar uma queca e me remexeu as gavetas e que até se aproveitou do meu desabafo para me misturar na cena das eleições como se apoiasse (logo eu, que sou tão escrupuloso nessas cenas) algum dos outros vizinhos na votação...
Obviamente não me demito do cargo que ocupo no condomínio e a malta fica à toa, com toda a gente dividida entre a estupefacção e a ignorância acerca da verdade dos factos, até porque eu confirmo as tais suspeitas e tal, que até sei que as paredes podem ter ouvidos, mas não avanço com as provas de que o vizinho que me escuta ouviu mesmo alguma coisa (tipo ele ter-se chibado de quantas vezes a bacana que ele ouviu na queca comigo gritou “mais, mais” e essas cenas) nem sequer castigo o meu amigo que espalhou a má onda, limitando-me a dar a pala de que o afastei (assim tipo bode expiatório).
Certo, certo, é que fico mal visto como o camandro no prédio e sem condições para manter a dignidade do cargo que ocupo. Mas que se lixe, isto é só um prédiozito pequeno e eu não tarda até dou de frosques de vez prá minha casa de praia no sul...
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