EU GOSTO DE PASSARINHAS
Foto: Shark
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Foto: Shark
Como se não bastassem os tachos de luxo que a actuação na política lhes faculta ainda fazem uma perninha nos bastidores.
Podem berrar a inocência à vontade. Tal presunção só é pressuposto na aplicação da Justiça e a mim não engrupem com tretas. Não há fumo sem fogo.
O país está a saque e estes canalhas deviam ir dentro por muitos e bons.
Pelo menos ganhavam medo, já que não conseguem ganhar vergonha.
Mas quando a negligência custa a vida a uma criança com dez anos de idade não há humanidade que justifique tamanho desmazelo.
É o título do meu mais recente texto publicado no Volúpia.
Foto: Shark
A minha boca na tua pele, passageira. Lábios que te tocam de forma ligeira, aleatória, beijos suaves gravados na memória do corpo, alto relevo, pintados como rastos na areia deixados por quem passeia numa praia deserta, em forma de arrepio.
Os meus dedos a seguirem o trilho desenhado nesse corpo acordado pela brisa quente da respiração, o bater acelerado do coração nesse teu peito que me chama, o teu olhar que reclama uma passagem por um destino certo desta viagem em que embarco por ti. Toda.
A rota que já percorri, cada passada que fica traçada na tua pele, esculpida a cinzel com a língua que agora te visita onde os olhos pediram, o corpo que se agita em orgasmos que nasceram onde a vida se produz e na mente que se reduz, concentrada, à emergência do prazer.
A minha boca a dizer que não é pouca a vontade de te deixar prostrada, quando der lugar a outro caminho nessa estrada que abres para mim enquanto me olhas assim, perdida algures num ponto do mapa que te descrevo com as palavras que sussurro depois, ao ouvido, enquanto viajamos os dois num tapete mágico, encantado, um delírio que soa ilógico, sem nexo, mas é explicado pelo empenho com nos entregamos ao sexo, a estes momentos em que sublimamos, horas a fio, a intensa emoção que acontece nesta ligação à corrente de um rio que começa numa nascente que brilha como o sol.
A tua boca que me beija o rosto e depois troca, descendente, para onde mais gosto de a sentir, a tua ânsia, e dizes ser urgente satisfazer-me também, as mãos na tua cabeça em movimento de vaivém e eu logo a seguir no caminho de regresso ao aconchego do teu abraço ao corpo que deito sobre o teu, invado o espaço que agora é o meu porque o ofereces sem hesitar e vejo que até esqueces em que lugar nos encontramos, esta cama em que fazemos o amor sem reservas que permite te atrevas a ir longe demais, tanto quanto puderes. E tu vais. Comigo, onde quiseres. Sobrevoamos um campo de trigo e depois mergulhamos num mar tropical, depois de conquistado o espaço sideral onde o som não é propagado como agora podemos constatar, já em terra, quando ambos não conseguimos evitar um grito de guerra em uníssono que marca o final de mais uma etapa, de mais uma volta pelo país da fantasia onde acontecemos, pura magia, num tempo em que no nosso espaço, no nosso momento, só existe uma condição.
Viajarmos sempre para fora deste mundo, numa outra dimensão.
Tudo começou a desmoronar à sua volta, por dentro, quando deu pela falta do que mais o agarrava à vida. Os olhos levantavam destroços, as mãos ajudavam como podiam. E ele só queria respirar por mais algum tempo para poder procurar a salvação no meio do caos, ensandecido.
Gritava mas parecia que uivava de dor, pedras enormes afastadas sem esforço pela figura grotesca coberta de pó no meio das ruínas do espaço a que chamara o seu.
Balouçavam no corpo os farrapos da roupa destruída e na cabeça os pedaços de memória de uma vida aparentemente perdida no instante em que o demónio decidiu aparecer, monstruoso, de surpresa, para lhe injectar uma tristeza que o enlouquecia e não sabia o que fazia no meio daquele cenário desolador mas procurava em vão o seu amor por entre as marcas da passagem do mal, força sobre-humana, indiferente aos gritos que ecoavam lá fora, para lá dos restos de paredes que delimitavam a sua busca insana.
Exigia ao coração que não parasse, depois o diabo que o levasse para onde a pudesse encontrar, o malvado que viera para lhe levar tudo quanto precisava para valer a pena bater, no peito que arfava, o músculo que bombeava o sangue pelas feridas que ignorou até que finalmente a encontrou soterrada sob um pedaço de pedra que só um elefante conseguiria mover.
Mas pareceu-lhe vê-la mexer um dedo da mão e agarrou o obstáculo como se de papel se tratasse e invocou toda a força da terra para a concentrar em si.
Rangeu os dentes, alucinado, completamente determinado em salvar as duas vidas em risco naquele lugar infernal.
Ninguém assistiu ao milagre que produziu apenas com a força das mãos.
E só quando se certificou que de facto a salvou, gritando pelas equipas médicas na rua que não tardaram a chegar, se permitiu desfalecer e acabaria por desmaiar, tombando ao lado da sua vida que salvara, com um sorriso no rosto e os dedos estendidos numa carícia que a acordou.
Foto: Shark
A blogosfera, pelo menos o sector intelectual, está cada vez mais parecida com uma secção virtual do JL.
Pior ainda, com as editoras a prestarem o serviço de caca que já toda a gente percebeu (lembram-se da brincadeira com o livro de Vergílio Ferreira que nenhuma editora se prestou a publicar?), os blogues da malta da pesada insistem em encher páginas (posts) com referências aos lançamentos literários sem qualquer tipo de contributo dos respectivos autores (os dos blogues) para a renovação do ar bafiento que transforma a cultura em geral e a literatura em particular num papão para afastar de forma radical e definitiva os utilizadores da PlayStation, servindo assim de meros alimentadores da máquina financeira das editoras.
E sinceramente não sei se é por aí, rapaziada sedenta de publicação literária (esta foi profunda...), que a coisa passa...
Neste país de paródia é raro o dia que não começa com uma anedota qualquer nas notícias.
Hoje elegi a reclamação dos taxistas quanto a um estatuto prioritário na vacinação contra a gripe A como a mais engraçada do dia.
Confesso que tempos atrás não encararia a questão sob o prisma do humor e antes pegava pelo absurdo no pior sentido. E esse encontrar-se-ia facilmente no facto em si.
Sem desprimor para os profissionais desse ramo, se achei peregrina a mesma sugestão por parte dos advogados (estou a rir-me imenso, mas é dos nervos, não levem a mal), ver os fogareiros a tentarem explicar a necessidade de serem considerados prioritários por transportarem doentes aos hospitais é Monty Pithon no seu melhor.
De resto, esse argumento leva-me a considerar que, na mesma óptica, os táxis deveriam também poder instalar sirenes como as das ambulâncias (nem que fosse para poderem continuar a passar ao vermelho nos semáforos ou a meterem-se à bruta mesmo vindos da esquerda sem que isso lhes acarretasse multas ou culpas nos sinistros automóvel).
É o reino da fantasia instalado nas mentes com demasiada quilometragem, só isso pode justificar este impulso por parte dos muy dignos mas enfim que tanta falta nos fazem (o Daniel Oliveira tinha a vida estragada) mas há que manter a calma e o bom senso quando se ganha a vida por detrás de um volante ou ficamos todos a somar mais uma preocupação para além do discurso e do tipo de condução da maioria dos nossos taxistas.
Anda tudo meio chanfrado, isso sim. E contra isso não há vacina que nos valha...
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