Ele entendeu que no seu país a escolaridade deveria ser obrigatória até aos 14 anos. Note-se, até aos 14 anos e não até a um qualquer ano lectivo. Ou seja, não há passagens de ano “obrigatórias” e quem chumba marca passo. Mas ele não fez depender o cumprimento dessa lei com base numa chantagem com rendimentos mínimos. Se impunha tal obrigatoriedade, o ensino teria que ser gratuito para todos.
E mais, certificou-se que o sistema de ensino iria garantir que a maior parte da população do seu país iria dominar três idiomas.
A crise aterrou no país dele com o impacto típico dos países dependentes das receitas do turismo provindo de países agora menos abastados. Contrariou-a com uma política de incentivo às empresas de contrução civil para que investissem na construção de bairros decentes mas a custos controlados para que a classe média possa adquirir uma casa e pagá-la num prazo máximo de dezoito anos. E forçou uma maior adaptação das pessoas a hábitos estranhos à sua essência, à sua cultura, no sentido de tornar menos visíveis as diferenças entre o seu país e os dos que tanto contribuem para a sua subsistência, para tornar tudo ainda mais acolhedor e apelativo.
Sob enorme pressão que a própria conjuntura externa e uma vizinhança menos tranquila impõe, conseguiu controlar o desenvolvimento de ideologias fundamentalistas e criou as condições necessárias para que num país pobre e parco em recursos e onde metade da população tem menos de 25 anos de idade as pessoas possam efectivamente optar pelo modo de vida que mais as sirva, em termos religiosos ou sociais. A tolerância vê-se nas ruas, espelhada na diversidade de opções. Cada cidadão escolhe a forma de estar que melhor veste a sua convicção ou mesmo a sua fé.
Os seus súbditos não escondem a admiração e a reverência, nada ingratos para com o desempenho do líder que lhes tocou na roleta hereditária, e quase todos os espaços públicos ostentam uma foto do jovem monarca que gere os seus destinos desde a morte do pai.
Pela forma como o falam trata-se de uma homenagem e não de uma obrigação como a sintam.
Agora tem em mente alargar as redes rodoviárias e ferroviárias por forma a corrigir o erro da França colonialista que abandonou à sua sorte todo o sul do país, por nele predominar o solo infértil. Um desafio sério para uma nação pobre, mas que já se nota na construção de autoestradas e no melhoramento das vias existentes. Uma economia também se mantém activa dessa forma, transmitindo ao mesmo tempo o sinal de que os desníveis entre regiões de um mesmo reino não interessam por serem focos de instabilidade que a desigualdade de tratamento sempre induz.
Essa foi a realidade que me foi dada a observar nestes últimos dias, num país chamado Marrocos onde reina um tal de Mohamed VI e que tanto impressiona pela negativa os burgueses ocidentais, nomeadamente os portugueses, que já esqueceram o seu passado recente em matéria de salubridade e de higiene pública.
Por cá, já sei que a nação anda entretida a debater a mudança de personalidade (ou será de penteado?) do Primeiro-Ministro ou lá o que é…