No fundo, para que é que um gajo bloga? A cena é feita completamente à borla, tem custos óbvios (tempo é dinheiro e quando canalizado para aqui é certamente roubado a algo ou alguém) e acarreta algumas chatices escusadas.
Ainda assim são às dezenas de milhar, só em Portugal, aquelas e aqueles que decidem levar a cabo esta missão virtual impossível porque absolutamente disparatada à luz de qualquer luz analógica.
E eu sou uma dessas pessoas cuja sede de comunicar é tanta que facilmente incorrem em exageros na atenção prestada a este(s) trabalho(s) pró boneco (como o sentimos na maioria das vezes em que damos mesmo o litro), traduzida em algo tão absurdo como um blogue.
No meu caso são três individuais mais um colectivo, o que ainda acentua o cariz estapafúrdio da aposta…
Ando nisto há cerca de cinco anos. Perdi a conta aos blogues individuais e colectivos em que já participei, mas foram ao todo quase vinte. E confesso que já dediquei muito tempo, muito tempo mesmo a tudo quanto envolve a blogosfera. Desde as pessoas (nicks?) até à questão estatística que nos revela a verdade do interesse que somos capazes de despertar.
Nesta fase da minha “carreira blogueira” represento cerca de 1500 visitas diárias, a soma do conjunto de blogues onde interfiro de alguma forma e sem contar os valores residuais das visitas aos blogues que entretanto acabaram mas continuam disponíveis para os motores de busca.
Soa imenso para quem tem blogues com meia dúzia de visitas diárias e é peanuts para quem mantém espaços que registam o triplo ou mais. E isso mostra o quanto é tudo muito relativo nisto dos contadores, até porque ninguém vive da blogosfera sem recorrer aos artifícios xpto concebidos para o efeito mais óbvio: a caça de cliques.
Estou fora dessa guerra e por isso só me valho do que sei fazer para agradar quem me visita e justificar uma repetição desse momento ansiado por qualquer pessoa que invista de si nesta treta. Sim, reparo nos contadores tanto quanto o fazem os hipócritas que o negam meses a fio para depois algures se gabarem, cheios de dor, que repararam sem querer no número “sensacional” que o contador que tanto desprezam lhes forneceu.
Reparar nos contadores é o primeiro passo para nos tornarmos autênticos escravos desta cena. Acabamos por funcionar, os que somos assim, em função das oscilações que determinada abordagem suscita, juntando-lhe a animação das caixas como indicador de “popularidade” que, obtida na blogosfera, vale tanto em termos nacionais como ser o presidente da mesa da assembleia geral de um clube de bairro.
A blogosfera é constituída por meia dúzia de figuras mais ou menos públicas e uma multidão de cidadãos anónimos que reúne professores catedráticos que escrevem com os pés umas postas soníferas para impressionarem a academia com o seu brilhantismo e com a irreverência tão modernaça de se poderem afirmar gente que bloga e agentes de seguros armados ao pingarelho que até dão uns toques na escrita e por algum motivo, eu às vezes não sei bem qual, escolhem isto como hobby até ao dia em que lhe percebem as fragilidades ou constatam a indiferença generalizada para com as suas postagens.
Por isso vos digo que nem sempre me sinto capaz de insistir nisto e apetece-me dedicar-me à pesca ou assim. É cíclica, esta reacção de quem bloga quase todos os dias ao longo de dias a mais. Chega a um ponto em que olhamos para o trabalho produzido e nos confrontamos com a evidência dos números e surge a pergunta natural no horizonte.
Precisamente a que titula esta posta.