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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

29
Abr09

VAMOS FALAR DO TEMPO?

shark

 

Caprichos do tempo.

Sempre gostei desta frase e nunca me interessou saber porquê. Ou melhor, nunca me debrucei sobre a verdade imensa que pode englobar uma frase assim. É uma definição perfeita para tudo aquilo que o tempo pode mudar, pelo simples facto de passar e fazer questão de deixar a sua marca.

Rugas da expressão que fazemos sempre que analisamos tudo quanto o tempo transforma, inclusive dentro de nós que arrojamos medi-lo, como se fossemos os donos do tempo que afinal exerce a sua vingança passando mais depressa quando estamos a gostar e avançando insuportavelmente devagar quando encaixamos um frete num segmento dessa recta que percorremos em ziguezagues que o acaso ou um deus predestina para cada um de nós.

 

Caprichos que se fazem sentir sempre que tentamos planear a nossa vida ou adiamos algo para depois. Como peças de um gigantesco e permanente dominó cujas peças podem a qualquer momento aterrar-nos nas cabeças ou nas de quem dependemos e assim, sem aviso prévio, acabar-se o tempo que o relógio de pulso insiste medir mesmo depois de definitivamente parado o coração do utilizador. Um jogo, afinal, que tentamos jogar a sério, com regras definidas que tentamos respeitar no sentido de orientar algo que jamais fará sentido algum. Regras que o tempo se encarregará de redefinir de acordo com a sua disposição, umas vezes até sim e na maioria é certo que não.

Imprevisível nos humores como a sua natureza caprichosa denuncia.

 

O tempo nunca adia um passo a dar, tiquetaque, o tempo sempre a contar, decrescente, enquanto se extingue aos poucos a existência que desdenhamos como se nos acreditássemos imortais em tudo menos no medo que o tempo deixe de contar para nós. Ou para quem nos faça falta para o partilhar e às vezes ignoramos na sua condição imprescindível e de que um dia os caprichos do tempo nos podem privar.

É como subir a todo o tempo umas escadas que a qualquer momento podem ejectar os próprios degraus, as bicadas do tempo sentidas como ferrões de lacraus a que chamamos nostalgia, saudade, agonia, tristeza ou ainda pior, sempre que nos foge o chão sob os pés.

 

Caprichos de tempo, aquele que a todo o momento nos verga às suas consequências, nem que se manifestem de forma passiva sob a forma de um castigo que jamais iremos ignorar.

A consciência de que desperdiçamos tanto tempo que quase não damos por ele a passar.

 

28
Abr09

UM DADO ADQUIRIDO

shark

Insinuou-se, cortando-lhe o caminho com um beijo que ela retribuiu.

Exibiu-lhe o desejo, possante, encostando aquela amante a uma parede, pressionada para o sentir e para se saber tão desejada como ele pretendia demonstrar.

Percorreu-lhe o pescoço com lábios quentes, o colosso, buscando o arrepio da rendição. Perdeu o controlo a cada mão que a percorria enquanto mostrava que se sentia preparado para a satisfazer, empenhado, limpo de todo e qualquer pecado, confiante, exercendo uma pressão constante sobre a mulher que presumia que o queria e foi nesse contexto, de resto, que sem pedir licença avançou.

 
Mas foi nesse preciso instante que ela, indiferente, deixou cair os braços e o recusou.

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