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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

27
Mar09

HÁ DIAS ASSIM

shark

Hoje toda a gente parece querer falar-me com frieza, com distância ou com duas pedras na mão.

E quando isso acontece, a minha consciência pouco tranquila quanto ao feitio de treta e ao discurso trapalhão agita-se sempre numa reacção de medo, de insegurança ou de simples troco na proporção (mais ou menos).

 

Por isso não posso, de todo, afirmar que o dia está a correr bem.

26
Mar09

OK TELA NO MURO

shark

alguém ama a marta leite

Foto: shark

 

Eu sei que se fosse o dono de alguma parede mesmo a pedi-las até podia ver a coisa de outra forma, sobretudo quando me acabasse o fiado na casa das tintas ou a força no pincel.

Porém não consigo olhar para uma coisa assim e ficar-lhe indiferente, até porque entendo estes gestos como actos de coragem e explico-vos porquê.

 

É que qualquer macho da espécie sabe (ensinam-lhe) que quem escreve (ou diz) coisas como “amo-te” é com toda a certeza maricas. E essa é uma carga tremenda para carregar nas costas, passe o exagero, intimidando a maioria ao ponto de acabarem a falar sozinhos enquanto as suas martas buscam refúgio no carinho de que são capazes os Homens sem medo de assumirem o descontrolo da sua paixão.

 

Claro que nem sabemos se a Marta Leite (ou o pai, ou o marido) achou piada a ver a coisa escarrapachada num ponto movimentado da sua zona, mas esse é apenas mais um aspecto que enfatiza a tal coragem de que vos falo quando me deparo com estes gritos que afinal são escritos por um qualquer zé com as emoções a turvarem-lhe a vista.

Um Homem capaz de arriscar ser apanhado pela polícia, pelo dono do muro ou edifício, pelos amigos que o rotulam imediatamente de panasca ou apenas pela própria Marta de braço dado com o seu novo namorado é digno do maior respeito e consideração por parte deste tubarão lamechas.

 

Em causa está um impulso daqueles que só o amor inspira em alguém, não o de um qualquer “morte aos skins” ou um “buraka dude” que até garantem que o artista faz boa figura perante o resto da malta.

 

Em causa está a assinatura romântica de um herói dos nossos dias, incapaz de calar o aperto no coração de cada vez que lhe ocorre à ideia o Leite de Marta.

Só um Homem apaixonado recorre a qualquer meio, sem medos nem preconceitos, para lutar pela donzela que tanto queira chamar sua no fim.

 

E só um mamífero muito encantado seria capaz de o pintar assim. 

26
Mar09

DIGO EU

shark

Quero que encontres aqui palavras de amor, sempre que me procuras neste lugar onde também estou sem que consigas tocar mais do que a alma que me faz. Ser assim, como gostas de mim. Positivo e negativo. Preto no branco mas nunca cinzento aos teus olhos que me devassam os segredos porque perdeste todos os medos que suscito nas pessoas sem vontade de me conhecerem para além do que se veja à vista desarmada. Da vontade de ir mais além, de perceberem que cada pessoa tem muito mais do que deixa transparecer numa simples imagem, essa enorme desvantagem para quem não consegue ler nas entrelinhas algo que nas palavras minhas nunca fica por dizer.

26
Mar09

PURE CHESS

shark

Aquele jogo nunca mais foi o mesmo desde que os dois cavalos das brancas foram presos, acusados da falsificação dos resultados nas corridas em conluio com alguns apostadores seus amigos.

24
Mar09

UM MEDO SALGADO

shark

 

Lembro-me da dimensão gigantesca daquela parede de metal, ancorada no cais onde a multidão imensa se entregava a uma emoção colectiva, intensa, mãos dadas, pessoas abraçadas, a esperança e o medo à mercê da maresia e dos salpicos salgados de lágrimas e de mar.
O Niassa, esmagador, carregado de jovens recrutas, fardado para cumprir a missão de os transportar para outro lado, para outra dimensão, onde a morte espreitava todos e cada um de quantos acenavam adeus perante os olhares angustiados de mulheres, de filhas ou de mães.
 
Lembro-me, bem miúdo, dos beijos intermináveis daqueles que não conseguiam resistir à pressão no momento de partir por um pedaço da Pátria reclamado por outros que não a sentiam como sua, casais separados com filhos de colo ou apenas com planos adiados para a sua concepção.
A bordo daquela embarcação, centenas de portugueses azarados porque nasceram nos dias errados que os arrastariam para uma guerra sem quartel, muito novos, com os nervos à flor da pele arrepiada agora pela estranha sensação que lhes acelerava o coração na medida exacta do seu sentir.
 
Alguns pareciam prestes a explodir, num pranto, enquanto viviam aquele momento com a dignidade possível perante a ameaça terrível, adeus e até ao meu regresso, a Deus confiados nas orações dos que permaneciam ancorados a uma fé que para alguns de pouco valeria quando das colónias chegavam as notícias piores.
 
Lembro-me bem das suas expressões ausentes quando já se imaginavam em terras distantes, à mercê da lotaria da vida, na roleta russa do acaso que a tantos estropiara e uns quantos até matara em emboscadas cuidadosamente preparadas para enfraquecer o colosso militar que era afinal um destroço das memórias de antigas e gastas glórias que o país tentava em vão, atordoado pela alucinação nacionalista, reviver num conflito imbecil porque impossível de vencer naquelas circunstâncias.
As vidas sacrificadas por um ideal ultrapassado, por um mote do passado que erradamente se incutiu e a alguns destruiu o futuro que poderiam vir a ter quando acabaram por morrer no solo africano que simbolizava o engano de quem o acreditava Portugal.
 
Lutavam (assim o julgavam) pelo Bem mas eram vistos como um mal desnecessário naquelas terras para onde os levavam tentando disfarçar o colapso iminente de uma forma de governar obsoleta. Temiam uma polícia secreta quando exprimiam as suas hesitações e depois abraçavam as deserções como única alternativa para escaparem ao inferno que os recrutou.
Partiam pouco convictos, a maioria, e depois era a sorte que decidia se voltavam pelo próprio pé.
 
Lembro-me de quanto o medo superava a fé nos olhares que desmentiam o discurso e se apoderava de todos por igual.
 
E também não esquecerei o olhar de uma namorada cujo sorriso escondia a alma de viúva antecipada e exibia a determinação para resistir à tentação de desistir daquele amor embarcado que só quando o barco desapareceu no horizonte finalmente chorou.

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