Sim, às vezes é difícil. Encontrar algo de relevante para dizer, escolher um caminho que sirva em simultâneo o meu interesse subjectivo e o vosso, o de quem por aqui passa em busca de algo que justifique tal opção.
É um desafio, até pela consciência das minhas limitações que impedem de enveredar por temas que poderiam ser do interesse de um grupo mais alargado de pessoas. Ou das que me condicionam, nem que seja pelos estados de espírito tão voláteis, no próprio tom das palavras ou mesmo das imagens que aqui vos dou.
É difícil e nem sempre é bom, pois uma análise mais realista permite-me detectar os períodos nos quais não me considero à altura do que vos quereria oferecer.
E isso pode doer, quando nos exigimos capazes e depois constatamos que nem sempre é essa a verdade dos factos que aqui, nesta montra ao acesso de qualquer um/a, se expõe tanto na sua versão maravilha, quando sai bem, como na ferida aberta como a sinto quando percebo que não vos dei o melhor de mim.
Não faltam os que jamais entenderão os “dilemas” acima, pois existem muitas formas de lidarmos com isto como com quaisquer outras manifestações públicas (ou privadas) da nossa existência e da nossa habilidade na interacção.
Essas são as escolhas que dependem de cada um/a de nós e não precisam de coincidir, basta apenas que consigamos entender a diferença e aceitá-la sem outras reservas que não as que derivam da opinião a que todos temos direito e que em última análise pode resumir-se a deixarmos de clicar num linque que, por algum motivo, deixou de nos servir.
Tal e qual acontece na vida “real”, em carne e osso, quando somos gente com coragem e determinação para decidirmos o melhor para nós sem nos vincularmos a pretensas “obrigações” sociais ou outras, as que se somam às imposições que o simples desempenhar de uma função profissional ou uma condição de vizinhança nos podem impor.
É tudo isto que coloco no prato da balança quando tento vestir a vossa pele e vejo este Charquinho “de fora” e tento conceber algo que valha a pena, qualquer criação que vos possa agradar e acima de tudo que vos consiga transmitir algum tipo de sensação ou de emoção (nem que seja pela partilha das minhas, a indiscrição que só um blogue intimista faculta).
Não subentendam que isto se trata de uma espécie de pedido de desculpa por nem sempre corresponder ao melhor de que sou capaz, tenham-no como um exercício de auto-crítica que partilho convosco porque pelo simples facto de estarem a ler estas palavras tornam-se parte directamente interessada.
E eu não gosto, não quero desiludir.
Por isso me exponho em tanta matéria que talvez fosse mais confortável manter silenciada, nomeadamente por me vestir arrogante quando presumo igualmente importante para quem aqui passa qualquer uma das minhas peculiaridades ou apenas as ideias e os raciocínios que consigo formular. Ou mesmo apenas os momentos de beleza, imagens ou textos, com que tenho a sorte de conseguir por vezes surpreender-vos aqui.
Por isso assisto impávido ao que sei, porque não gosto de me esconder, constituir o lento caminhar para a obsolescência da minha forma de blogar e que, de resto, vejo a repercutir-se nas muitas desistências que somo nos meus blogues do costume (e que na maioria fazem parte do tal lote de intimistas que tanto furor causaram uns anitos atrás).
Sem veleidades que a euforia de principiante nos induz, pragmático no que respeita ao futuro desta realidade que construo quase de forma diária, deixo o tempo correr e nem me ocorre mexer uma palha para ir ao encontro de tudo aquilo que recomendam os “gurus” como o melhor rumo para garantir a sobrevivência de um blogue tal como ela é medida: nos contadores e nas caixas de comentários.
O que tenho para vos dar sou eu e esse não é um gajo com paciência, capacidade ou mesmo ambição para justificar a necessária readaptação às novas tendências que existem aqui como noutros planos em que nos movimentamos ao longo de cada dia.
Tem mesmo que ser assim e só uma parceria com alguém mais dado precisamente ao outro lado desta “obra”, os seus bastidores, poderia alterar o rumo das coisas e eventualmente levar-me a reinvestir de novo na criatividade, na singularidade, em tudo o que fazia tanto sentido tempo atrás e agora me soa, vendo bem as coisas, tão relativo e inócuo como qualquer das explicações mais ou menos elaboradas com que vos maço e me dou para insistir, para não ficarmos por aqui.