SER BENFIQUISTA
Foto: Shark
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Foto: Shark
Há muito percebi que ninguém é perfeito. E embora tenha demorado mais um nadinha, acabei por conseguir perceber-me nessa condição.
Dois posts excelentes acerca de dois temas interessantes.
Casamento entre homossexuais e a delicada questão da adopção que está associada à do matrimónio.
Recomendo-os. Estão AQUI.
Fico sempre estupefacto quando alguém (ou eu próprio) privilegia a opção que garanta a prevalência das suas decisões por antecipação, por uma questão de orgulho ou necessidade de afirmação do controlo das mesmas, em detrimento da opção mais consentânea com aquilo que o coração, o impulso ou mesmo a evidência de que seria a mais feliz recomendam.
Somos naturalmente parvos quando nos permitimos correr ao sabor daquilo a que chamamos educação, ainda que sintamos que isso colide frontalmente com o que sabemos ser melhor para nós. Isso soa-me à arrogância típica de quem se presume eterno, imortal, e não aceita o facto de que a vida passa mesmo a correr e ninguém adorará um dia a nossa lápide por termos sido alguém "fiel a si próprio" - fiel a presupostos tomados em circunstâncias distintas, leia-se - em vez de termos sido apenas felizes enquanto a oportunidade existiu.
Claro que cada um saberá de si e não me compete julgar as posições alheias, restando-me desejar boa sorte no futuro de quem se sinta mais confortável se coerente com as traves mestras da sua formação.
Todavia, custa-me sempre ver preteridas as razões do coração por serem mais fácil de embicar por aquelas que a cabeça um dia ditou. Sinto isso como uma forma de cristalizar no tempo uma realidade que nunca é estática o bastante para não nos contrariar naquilo que acreditámos em tempos, nos tempos em que tal crença nos serviu.
Até pela minha firme convicção de que só mesmo os burros não mudam de opinião.
Foto: Shark
Deu entrada há minutos, a mais recente aquisição para a creche virtual.
Quem já tenha passado algum tempo numa pequena localidade belga, caracterizadas por uma pacatez impressionante, ainda fica mais surpreendido com o acontecimento que domina a atenção dos belgas nesta altura.
Dificilmente poderia ser mais hediondo, o crime cometido numa aldeia a cerca de trinta quilómetros da capital de mais um país do norte da Europa a ser manchado por um acto tresloucado de um facínora. A ideia de existir um homem com 20 anos capaz de entrar numa creche para esfaquear indiscriminadamente os bebés ali deixados em aparente segurança pelos pais afigura-se, de imediato, impossível.
Mas agora todos descobrimos que não é.
Multiplicam-se na estatística europeia (na americana é o que se vê) estas aberrações, estes exemplos flagrantes de que não existe um limite para aquilo que a crueldade e/ou a loucura humana podem produzir.
E nem sequer podemos atribuir de caras o eclodir destes fenómenos, destas insanidades bizarras, a um factor qualquer. São aleatórios na localização geográfica, na escolha das vítimas e mesmo no perfil dos monstros que de repente se revelam em chacinas inexplicáveis à luz de qualquer abordagem racional.
Este bandalho belga, o mais recente, tem 20 anos. O bandalho austríaco agora a ser julgado por ter transformado a família num harém, Prietzl ou coisa que o valha, é septuagenário...
Estes canalhas medonhos que podem germinar em silêncio na porta do lado reúnem a imprevisibilidade e a cobardia inerentes à ameaça terrorista com a desumanidade mais desconcertante que nos pode confrontar. Não existe forma de prevenir, não existe forma de impedir. A desconfortável sensação de insegurança que este tipo de crimes nos instila é demolidora para a confiança que precisamos de depositar nos outros para podermos manter uma vida em sociedade digna desse nome. Para resistirmos ao medo do desconhecido (e do conhecido também) que nos fecha na aparente segurança do casulo que cada vez mais sentimos necessidade de fortificar.
Mas como este exemplo tão triste que a Bélgica agora digere nos prova, não é possível acreditar em bastiões inexpugnáveis ou em "santuários" de protecção.
E pouco mais nos resta do que encontrar uma qualquer fé que nos permita acreditar como improvável a mera hipótese de se cruzar no nosso caminho ou no dos que amamos algum monstro tão desumano assim.
Foto: Shark
A questão (recorrente) do Freeport Alcochete parece constituir mais uma daquelas situações em que as suspeitas de cambalacho tresandam aos olhos da população que percebe, em sinais como a presença de familiares em negócios dependentes do aval de ministros, a panelinha nunca provada do costume que apenas parece servir os interesses de quem se movimenta melhor no seio de uma classe política enxovalhada (logo, enfraquecida).
Essa pessoa terá o meu voto e o meu apoio. Sem condições.
Por norma guardo estes segredos para mim. Contudo, depois dos autênticos insultos como os sinto de cada vez que vejo desperdiçar um animal com uma mistela deslavada entendo tomar esta medida radical.
Os restaurantes e cervejarias desta terra (honrosa excepção aos de Vila Franca de Xira) não sabem ou não querem respeitar esse magnífico animal que é a sapateira. O molho, ou recheio, de uma sapateira não pode ser encarado de forma leviana e feito às três pancadas com Calvé e derivados. Isso e atafulharem o interior do bicho com ovo cozido (uma aberração!)...
Só existe uma maionese à altura de uma sapateira fresca e saborosa: Vianeza (a antiga Helmann's). Tirando essa, só penando a fazer uma e todos sabemos o quanto é difícil obter a melhor consistência.
E a mostarda? Jamais Savora ou qualquer outra cujo sabor se imponha sobre o gosto a mar que deve prevalecer num molho em condições. A mostarda deve ser tão neutra quanto possível e nunca se deve ceder à tentação da cor (que deve ser tão fiel ao original quanto se puder).
Os pickles são um must. Discretos, mas suficientes. Bem picados para não se dar por eles no meio da confusão. E deitam-se só no fim, na proporção ideal para o sabor obtido na prova.
A cerveja, não mais do que o equivalente a duas colheres de sopa, deve ser Super Bock. As outras dão cabo do sabor.
E mais do que isto não estou preparado para dizer.
Mas podem crer que sei do que estou a falar e se tiverem tino podem fazer um sucesso com essa criatura magnífica que se alia ao pão torrado com manteiga para nos conferir um empurrão determinante para os mais altos planos de um colestrol a que não podemos virar a cara, sempre que a coisa é feita como deve ser.
Depois é compensar noutras refeições. E chorar por mais.
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