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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

02
Dez08

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: YOU TUBE RADICAL

shark

Eu gostava de ter encontrado algures na net uma descrição do que me esperava, pois quem lida com medos e/ou fobias não tem espaço de manobra para surpresas.

Sou, como muita gente, claustrofóbico. Isso torna-me, entre outras coisas, pouco dado a espaços apertados.
E hoje vi-me obrigado a enfrentar um exame complementar de diagnóstico chamado ressonância magnética cujo conceito, resumido, consiste em enfiarem a malta num tubo sem podermos mexer a cabeça enquanto o equipamento nos bombardeia com sons típicos das entranhas de uma automotora.
 
Mas isso é coisa que conseguimos saber, apanhando informação aqui em além. Porém, desiludam-se os que cultivam a imagem silenciosa e open space das maquinetas equivalentes que nos mostram nos MRI do Dr. House ou da Anatomia de Grey.
É mentira. São mais estreitas e fazem um granel do camandro. Mesmo com tampões nos ouvidos acabei por sair de dentro do tubo meio surdo.
E não estou a falar de um barulho regular ou constante. A coisa cala-se e depois berra e depois cala-se e de repente começa a berrar outra vez, ao ponto de às tantas ser impossível manter o pensamento nas beldades à beira-mar que nos desvie daquele pesadelo.
 
Este detalhe das beldades lembra-me que devo avisar os mais fogosos que essa é uma má aposta, pois a fatiota ridícula (uma bata feita em algo que parece mais papel do que tecido, mais um par de sapatilhas descartáveis e nada mais) não proporciona de todo à rapaziada a necessária discrição quando a gente pensa em certas imagens.
Mais vale fixar a vista da imaginação nos barquinhos no mar ao longe e ignorar de todo a visão periférica que, mesmo em pensamento, nos arrasta para o areal infestado de iguarias visuais e naqueles propósitos igualmente virtuais.
 
Feito o aparte mais específico para os leitores com uma pila que cumpre fazer passar despercebida nestas ocasiões, salto de imediato para o pormenor que me pareceu por si só justificar este alerta postado.
Para além do tubo apertado (durante cerca de meia hora e é se conseguirmos estar quietinhos) e da barulheira enervante, infernal, não vi referida em lado algum a cereja no topo deste bolo de sabor pouco agradável: a cabeça, para além de encaixada num suporte que lhe dá pouca ou nenhuma hipótese de se mexer, é coberta com uma espécie de máscara que transforma o dito suporte no mais próximo de uma gaiola que consigam inventar.
Basta olhá-la para a qualquer claustrofóbico faltar o ar…
 
O único dispositivo preparado para nos acalmar, enfim, consta de uma cena em borracha que podemos apertar com força para chamar alguém que nos impeça de flipar no interior da maquineta se a mente fraquejar.
Felizmente não sei se a coisa funciona e se de facto são rápidos a tirarem-nos daquela prisão, pois consegui aguentar aquilo até ao fim. Mas recomendo-vos que olhem bem nos olhos de quem vos apresentar o aparelho e se certifiquem de que não estará na hora do bacano ir tomar o café.
E um calmante antes do exame teria sido excelente ideia e recomendo-vos sem hesitar, sob pena de poderem acabar por nem conseguirem entrar no tal tubo.
 
Espero não ter dado seca aqueles a quem isto nada diz, mas esta posta é feita acima de tudo para ninguém ser apanhado desprevenido se chegar o dia em que tenham de efectuar o dito exame.
Sobretudo para a cena do “homem da máscara de ferro”, a tal gaiola apertada, é preciso tempo de preparação psicológica pois aquilo fica mesmo quase colado ao rosto de uma pessoa.
 
Só pode soar fácil a quem não desatine com multidões, com espaços apertados, com elevadores. E a quem, como eu, seja apanhado de surpresa e já não tenha volta a dar.
 
02
Dez08

A POSTA QUE ME ASSUMO UM NADINHA BIPOLAR

shark

Em circunstâncias normais a minha maneira de ser já pode caracterizar-se como algo inconveniente, pois não me têm por submisso a estatutos ou a convenções. Sou aquilo a que a sabedoria popular convencionou apelidar de desbocado, o que a par com uma estranha versão de irreverência que me leva a cometer alguns disparates só por impulso, porque sim, me torna numa companhia pouco (ou nada) apetecível para qualquer medíocre com alguma forma de poder ou para gente com propensão hipócrita.

Maluco também é um epíteto que me assenta bem, mas tendo a descartar esse refúgio fácil para todos/as quantos/as tentam com isso minimizar um nadinha o impacto das minhas palavras/acções/atitudes nas suas imagenzinhas de cristal.
 
Contudo, em circunstâncias menos normais a coisa piora. Fico, horror, ainda mais frontal e a coisa acompanha passo a passo o grau de anormalidade das ditas circunstâncias que possam enfatizar o lado mais negro da minha (des)integração social.
Isto, na prática, traduz-se por fenómenos simples e comuns. Coisas como o alívio estampado nos rostos dos que me sabem ausente de determinada ocasião especial, reuniões e outros ajuntamentos talhados à medida dos lambe-cus a quem costumo estragar a festa, ou de quem, na blogosfera, me vê sossegado com as baterias apontadas para o meu umbigo (como esta posta ilustra), para a situação política ou para seja onde for que não implique o apontar dos holofotes para as suas intocáveis imagens virtuais.
 
Esta é uma dessas fases em que me sinto um loose cannon, sem grandes reservas ou pudores que me reprimam o percurso dos dedos sobre as teclas.
 
Só o partilho convosco para depois, se alguém tiver planos para se meter comigo nesta fase sem medicação, não estranharem a desproporção no troco.
 

Por favor: adiem. Ou pelo menos encubram.

01
Dez08

AMÁLIA E ZECA

shark

É verdade. Nestes dias especiais para a portugalidade de que não abdico ouço sempre estas duas vozes que mais personificam o meu sentir portuga.

E pela própria simbologia desta dupla de ícones redescubro em mim uma Pátria que não é de esquerda nem de direita mas sim de todos os que a constroem única, nossa.
 
Choro, sim. Choro quando ouço qualquer um destes dois portugueses de que me orgulho e cujo talento e emoção transcendem as peles mesquinhas que lhes colamos quando os distinguimos pela “cor” que, de resto, nenhum assumiu em emblemas ou afins.
Foram acima de tudo portugueses, daqueles que explicam o porquê de ter valido a pena o que aconteceu em 1640 e hoje celebramos. Sim, tenho orgulho no meu país. Imenso, porque uma Nação vale pelo conjunto da sua História e nunca pelos desgostos nascidos de uma fase infeliz. E sim, acredito que uma liderança em condições faria renascer na boa em cada um de nós a alma que nos levou a enfrentar o mar e os inefáveis castelhanos que nunca nos largaram a porta.
 
Já nada me move contra os espanhóis de cujo jugo formal nos libertámos no dia que esta efeméride comemora, desde que me garantam que desistiram em definitivo de beliscar sequer esta Nação independente como a exijo e não hesitaria defender pelas armas nessa condição.
Ser nacionalista não obriga de todo a hostilizar seja quem for que não ameace a existência de tudo quanto faz desta terra o Portugal que amo muito mais do que a Deus.
Obriga apenas a respeitar os que nos antecederam na luta pela preservação disto que somos e me repugna, a qualquer pretexto, ver renegar.
 
Choro, sim. Choro quando me sinto parte de tudo quanto a Amália e o Zeca imortalizaram com as suas vozes e as suas emoções, as suas almas portugas com as quais me identifico muito para lá das ideologias políticas ou de outros pormenores irrelevantes que em nada me desviam do essencial.
Tenho orgulho em ser português e obrigo-me a transmiti-lo à minha filha da mesma forma que o bebi, de lágrimas no olhos e o coração descompassado pelo arrebatamento da emoção com que vos escrevo esta posta.
 
E por isso não hesito em gritar o amor pela minha Pátria sem admitir qualquer tipo de conotação com as posturas ditas nacionalistas mas que estão para Portugal como as claques estão para os clubes com que se pintam.
 
O amor não se explica. Tal como não se presta a qualquer tipo de contestação.
01
Dez08

A POSTA NO CARNATAL

shark

contrasenso

 

 

Aproxima-se a passos largos o tira-teimas acerca da verdade desta crise tão apregoada mas de alguma forma desmentida por uma carrada de sinais contraditórios.
Eu não duvido (não posso mesmo duvidar) da existência de uma séria perturbação do esquema (montado com base em doutrinas do tempo da maria cachucha) que parece ter tomado o freio nos dentes quando a malta perdeu o tino e carregou em demasia no acelerador mesmo depois de a administração Bush ter escavacado os travões com as guerras perdidas e a balda na fiscalização.
Porém, vejo os bancos portugueses a insistirem no canto da sereia e a enviarem cheques-empréstimo às suas presas potenciais, em plena contradição com a alegada prudência no crédito à habitação que os senhorios deste país tanto ansiaram.
 
Também reparo que as melhores casas, os carros de luxo e as viagens para Cuba continuam de vento em popa, mas não me passou despercebido o pormenor de o meu amigo comerciante ter desabafado a sua tristeza por ter despedido uma das suas balconistas poucos minutos antes de me apresentar vaidoso as mil e uma mariquices do seu BMW acabado de adquirir.
 
A Quadra Natalícia que está aí, em cada montra das muitas com que nos bombardeiam, e com ela vêm todos os anos os recordes de utilização dos milagrosos cartões visa ou multibanco que desmentem a falta de pilim que o zé povo geme nas entrevistas televisivas.
Ou seja, é a prova de fogo para esta crise que se revela bizarra até na duração prolongada.
Eu ouço citar a Grande Depressão mas acotovelo-me com os outros nas escadas rolantes dos centros comerciais e nas filas de trânsito que não abrandaram mesmo com os combustíveis ao preço do litro de espumante nas casas de alterne e fico sempre maravilhado com esta realidade virtual: a malta caminha pelas ruas carregada de sacos de compras, impassível, enquanto os bancos se desmoronam e as empresas fecham à nossa volta e os gurus do sistema se desdobram em visões pessimistas que só mesmo os mais pobres parecem levar a sério, apesar de serem os únicos para quem a escassez de recursos não causa surpresa.
 
Dá ideia de que a rapaziada não pretende arregaçar as mangas para combater os efeitos de uma crise global mas apenas se motiva no esforço titânico para disfarçá-la.
E o Natal, nessa perspectiva, parece-se cada vez mais com o Carnaval.
 

A diferença está no facto de nesta altura usarmos (quase) todos a mesma máscara.  

 

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