Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

27
Dez08

O GOLIAS ZANGOU-SE...

shark

Como se previa, começou a retaliação israelita na Faixa de Gaza e com a desproporção de meios costumeira.

Às fisgas barulhentas do Hamas, a aviação do seu poderoso vizinho respondeu com mísseis que arrasaram diversos alvos alegadamente ligados ao que o Governo israelita apelida de terrorismo e terão provocado cerca de duas centenas de mortos.
 
Ninguém no seu juízo perfeito pode aplaudir um acto bélico seja de quem for, mas da mesma forma é impensável esperar que uma nação atingida com dezenas de rockets cruze os braços e busque na diplomacia uma qualquer solução.
É esse o drama daquela zona do mundo e é essa a garantia de perpetuação deste conflito que o tempo acaba sempre por reavivar na sua dimensão mais perturbadora: a das mortes inocentes por tabela, de crianças e de civis cuja culpa é apenas estarem no local errado na pior hora.
 
Ainda assim fica sempre no ar a hesitação entre pender para o lado dos que se limitam a ripostar a uma agressão despropositada ou para o lado daqueles que representam o tipo minorca refilão que recebe em troca da sua crista levantada uma carga de pancada contra a qual não se pode defender.
É simplista, ver as coisas assim, mas é aquilo que nos resta perante a espiral de loucura com que o ódio recíproco daqueles vizinhos desavindos acaba sempre por tingir de vermelho os telejornais.
 
Confesso-me incapaz de tomar partido em causas cuja eventual justeza há muito se perdeu por entre carnificinas sucessivas e actos indignos, cobardes até.
Resta-me apenas a sensação de impotência perante o facto de só o mal poder reclamar a vitória nestas guerras onde a qualquer razão se sobrepõe sempre a perda desnecessária de vidas e de humanidade que resultam de uma ignomínia onde é impossível descortinar qualquer lado que se possa conotar com algo de bom. Ou de racional.
26
Dez08

A POSTA NO CERCO DO ABSURDO

shark

A propósito de mais um vídeo gravado com um telemóvel e colocado na internet regressou o folclore da violência nas escolas.

Em causa está um número artístico de gosto duvidoso, acontecido numa sala de aula da escola do bairro do Cerco, envolvendo uma professora de Psicologia (com um método de ensino “revolucionário”) e alguns dos seus promissores alunos.
E digo promissores no que concerne a uma carreira no cinema. Mais propriamente na comédia, considerando que a reacção a quente de todas as partes envolvidas foi a de conotar toda a situação como um alegre convívio de brincalhões.
 
O palco não seria o mais apropriado e o timing para a coisa vir a público não podia ser mais desastrado, considerando as ondas de choque do célebre putedo da garota que disputou com a professora minorca a custódia do seu telemóvel e deixou em pânico a faixa da sociedade do costume.
Ainda assim, e apesar de ser óbvio que ninguém pode entender aquilo como outra coisa senão como um comportamento bizarro (agravado nesse particular pela reacção leviana do próprio Conselho Directivo da escola, cheio de paninhos quentes), fico estupefacto com a sede que um episódio inconsequente desperta no bigodes mais popular dos liceus, logo disposto a botar faladura acerca de algo que nem lhe diz respeito – a professora visada, ao que se sabe, não se queixou, logo secundado pelo Procurador Geral da República, o Implacável Justiceiro que deixa safarem-se os bandidos a sério e depois vem dar a pala entregando este assunto ao Tribunal de Menores.
 
Ou seja, o rato vai parir uma montanha e os noticiários televisivos já andam com os micro-ondas num badanau a repescarem as peças dos capítulos anteriores desta saga para renderem o peixe numa altura em que parece escassear nas redacções.
E eu percebo nestas reacções de virgens (aparentemente) ofendidas, ou escandalizadas, o oportunismo clássico de quem apanha a jeito uns bodes expiatórios porreiros para darem o exemplo à populaça temerosa que já vê marginais em tudo quanto é escola.
Excelente para poderem chutar para canto, para esquecimento por distracção, os sucessivos desaires da Justiça ou o arrefecimento do protagonismo do paladino mais visível da luta dos professores.
Péssimo, no entanto, para a imposição de algum bom senso que, no caso em apreço, parece passar mais pela repreensão das partes envolvidas e menos pela punição severa dos palermas que terão idade para terem juízo mas, no fundo, só fazem aquilo que os deixam e parece ter sido isso mesmo o que se passou (considerando, mais uma vez, as declarações já divulgadas).
 
Acabou o Natal e surge em cena um carnaval antecipado, mais um, para agitar as águas mornas próprias da Quadra e municiar os medos generalizados tão propícios ao endurecimento (de fachada) das posições.
 
Porém, custa-me a crer que a maioria leve a sério os cromos por detrás das máscaras de consternação ou de preocupação que se justificam, sem dúvida, quanto ao estado de saúde mental de todos os intervenientes nesta cena caricata.
 
Mas não servem de todo os interesses oportunistas dos abutres que aguardam com indisfarçável avidez o óbito da lucidez às mãos de uma espécie de psicose, de histeria colectiva induzida.
25
Dez08

A POSTA SÓ PRA CHATEAR

shark

 

Percebo na vida lá fora o esquema das coisas, aquele que é montado por nós pessoas, os outros, claro, que montam o esquema que raramente nos serve, aos outros, a quem fica de fora, cá dentro também, e se vê na contingência de fazer opções.
Percebo na blogosfera um esquema muito parecido, senão igual. Uma decalcomania virtual desse esquema das coisas copiado da organização social dos chimpanzés. O fim da macacada para os que resistem à tentação da banana colectiva ou apenas se excluem do processo e são deixados de fora dos mecanismos de protecção, de promoção, de apoio interesseiro porque motivado apenas pela proximidade que um grupo, como uma seita, proporciona.
Fulano de tal é amigo de sicrana e por isso justifica a distinção, aquele discreto empurrão como quem não quer a coisa mas fica a aguardar a retribuição pouco tempo depois.
 
A reciprocidade obrigatória no topo de uma cadeia alimentar forjada, empoleirada de forma grotesca nos méritos alegados que o presente desmente e o futuro sem brilho acaba por confirmar. Mas ninguém é deixado para trás desde que insista em cumprir o seu papel até ao fim de qualquer realidade, virtual ou analógica, e logo surgirão em cena os amigos, os conhecidos, os fiéis associados de um trampolim imaginário que se constitui de forma espontânea em redor de dois ou três mais talentosos na sua arte que arrastam consigo uma pequena legião de medíocres e de bajuladores, sedentos pela pertença a um núcleo ganhador.
As aparências que contam, e muito, no discurso, na postura, nos indicadores de um qualquer pedigree que sustente mesmo de forma precária a mais valia potencial que o resto acontece por si.
 
Sempre as mesmas e os mesmos a protagonizar “aquilo que interessa”, nunca se afundam nos fracassos por poderem contar com o permanente colete de salvação que se constituem os seus iguais cuja utilidade melhor se evidencia quando se revelam superiores.
 
Lá fora como cá dentro, o mundo a girar em torno dos umbigos da moda num ciclo que se renova à custa dessa força motriz que é a ambição. Tu ajudas-me e eu deito-te a mão sempre que te topem a falta de argumentos e te deixem cair. Eu ofereço-te um novo guião e tu ressuscitas para cumprires o teu papel, reciclado, no abrilhantar da minha carreira ao colo dos amigos de conveniência que afinal são pessoas exactamente como tu, quase iguais nos objectivos e nas fragilidades que compete a todos camuflar com os retoques que se dão, em troca de uma qualquer ligação estabelecida sem nada a ver com aquilo de que sejas capaz.
 
Paupérrimo, o resultado, lá fora como cá dentro, mas ninguém parece querer contestar pois o mundo insiste em girar em torno dessas estrelas de circunstância que se calhar nem fazem melhor porque se encostam, porque se sentem amparadas pelos calhaus que entretanto gravitam atraídos pela luz que apenas reflectem mas já lhes permite sonhar com um futuro lugar no firmamento, travestidos de sol.
Alienados pelo sucesso da receita, ébrios pela facilidade com que os cobrem de lantejoulas para os fazerem brilhar um bocadinho e assim conseguirem parecer na terra aquilo que jamais seriam num céu em condições, esgotam-se as ilusões a cada nova tentativa a partir da catapulta improvisada pela malta mais amiga quanto mais próxima dos que se comportam como os populares de um liceu.
 
Contudo, como a bonança após cada temporal, ressurgem das tumbas dos seus falhanços mal explicados e recuperam o fulgor necessário para poderem honrar o compromisso, imperativo moral, da reciprocidade que deriva do cariz obrigatório da gratidão.
 
E a pantomima perpetua-se para gáudio do contingente de papalvos que fazem número para sugerir a multidão que legitima a sensação de poder que se torna efectivo ao fim de algum tempo na berlinda artificial que se desmistifica por si.
 

Por isso, e como hoje até é Natal, eu posso ficar por aqui…

23
Dez08

ESTÃO DISTRAÍDOS OU QUÊ?

shark

Vocês não me lixem: quando eu der uma calinada como tinha na posta anterior e já corrigi não se inibam de me avisar, porra. Não só não levo a mal como até agradeço encarecidamente, pois é uma prova que os melhores comentadores do mundo (os do charco) são atentos e exigentes.

 

E a minha tola não anda a cem por cento, admito...

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2004
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Já lá estão?

Berço de Ouro

BERÇO DE OURO